SEMPRE MÚSICA . . .

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

[] Imperio Argentina [1910=2003]

No dia 24 de agosto de 2003 o jornal argentino “El Pais” publicou a seguinte notícia:

"Imperio Argentina, a atriz que que deu dignidade às artes populares e criou um estilo só seu, será enterrada às 13 horas de hoje no Cemitério de Benalmádena, em Málaga, lugar onde viveu neste últimos 25 anos. Centenas de familiares, amigos e admiradores se despediram desta grande atriz e cantora ontem, com visíveis sinais de tristeza e dor.
O caixão com o corpo de Império foi colocado no palco da “Casa de Cultura de Arroyo e la Miel”, rodeado de coroas de flores, um quadro com uma fotografia mostrando Imperio quando jovem e tendo nas mãos um par de castanholas e por sobre o caixão,
a bandeira da Argentina.
A atriz morreu em sua casa, cercada de familiares, e segundo sua neta Teresa, sua avó se foi “enquanto cantava e tocava castanholas. Tentamos reanima-la, mas foi inútil. Morreu feliz, como se estivesse no teatro, que era o que ela mais queria."


Imperio Argentina nasceu Magdalena Nilé Del Rio em 26 de dezembro de 1910 em Buenos Aires. Atriz, cantora e dançarina que desde pequena se dedicou à arte.

É descoberta por Pastora Imperio, que lhe deu o nome de Petite Imperio, mas Jacinto Benavente, homem ligado às artes, vendo Petite recitar, achou que ela era muito boa e que sua arte estava à altura de Pastora, mas também à altura da “argentinidade” toda, e por isso, mudou o nome
para “Imperio Argentina”.

Quando estava em turnê pela Espanha, é descoberta por um importante diretor local, que providencia um contrato de Imperio com a
Paramount Pictures, que lhe manda para Paris, filmar com os melhores artistas e diretores internacionais.

Anos depois, é requisitada por Adolf Hitler, para rodar um filme sobre a vida de Lola Montes, mas o projeto foi adiado e Imperio estava lá quando acontece a “Noite dos Cristais Queb
rados”. [kristallnacht].
Este acontecimento ocorre na noite do dia 9 para o dia 10 de novembro de 1938 e foi uma séria manifestação na Alemanha e Áustria contra os cidadãos judeus.

A “SS” prendeu milhares de judeus na Alemanha e destruíram suas casas comerciais. Mais de 50 judeus foram assassinados nesta noite.

Para muitos observadores e cientistas políticos, a “Noite dos Cristais Quebrados” foi o passo inicial para o Holocausto. Em 1963 foi la
nçado um selo, que ilustra este post, onde se lê:
“Noite dos Cristais Quebrados Nunca Mais...”.

No dia seguinte a este triste episódio, Imperio deixa a Alemanha e volta para a Argentina e filma algumas películas, ao mesmo tempo que apresenta seus espetáculos musicais nos teatros.

Junto com Carlos Gardel, filma pela Paramount “La Casa es Seria” [1931] e o clássico “Melodia de Arrabal” [1932].

Depois de vários anos de pouca atividade, é redescoberta em um festival de cinema, e quase que para surpresa de todos, começa um verdadeiro culto à Imperio Argentina, uma nova fase cheia de trabalho e compromissos culturais e muitas homenagens.

Em 1996, foi eleita a “pregonera”(*) na Festa do Pilar em Zaragozza, durantes os festejos comemorativos da cidade, e do centenário do cinema.

Morre em sua ca
sa de Torremolinos, na provícia de Málaga, com 92 anos, cercada pelo carinho e amor de todos aqueles que tiveram o prazer da sua companhia, curiosamente numa rua batizada de “Calle Imperio Argentina”.

(*) pessoa ilustre que lê o pregão oficial do balcão principal, e assim, dá início oficialmente às festividades em 12 de outubro, dia da Virgem del Pilar, padroeira de Zaragozza.
@[
odilon e otávio: obrigado pelo presente]

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

[] Tita Merello [1904-2002]

Entre os presentes que meus amigos Odilon e Otávio trouxeram para mim de Buenos Aires da viagem anterior, foi um disco de uma cantora argentina, até então desconhecida por mim.

Seu nome, Tita Merello. E no mesmo dia, já tratamos de saber alguma coisa dela. Quem era ou quem foi, uma coisa assim como e porquê. Pois bem...

Corria o ano de 1904, quando um jovem de apenas 30 anos, chamado Santiago Merello, registrou como sua filha uma criança nascida em 11 de outubro, à rua Defensa 715, em Magdalena, Província de Buenos Aires, e lhe deu o nome de Laura Ana.

O curioso, é que neste dia, não constou o nome da mãe da
criança. Somente 4 anos mais tarde, uma jovem uruguaia de 23 anos chamada Ana Ganelli, completou este documento se declarando mãe de Laura Ana.

Criada num orfanato, desde muito pequena, ela conheceu a fome e o medo. Anos mais tarde, já famosa e conhecida em todo o país, Tita Merello contou:

“Eu sei o que é a vergonha e o medo. Quando estava no orfanato uma noite acordei com dor de barriga e vi com horror que havia sujado as calcinhas...ainda tenho bem viva a sensação do chão frio e eu indo para o banheiro me lavar na água fria e voltar para o quarto sem que ninguém me visse ou ouvisse...além disso aquela era a única calcinha que eu tinha”.

A extrema pobreza em que vivia desde sempre, não permitiu que Tita fosse para a escola primária. Até os 12 anos o que Tita sabia, era a diferença entre a letra “o” e a letra “a” .
Aos 15
anos encontra sua “fada madrinha” na pessoa de Eduardo Borrás, conhecido homem das letras e da cultura portenha, além de redator do jornal “La Nación”.

Desamparada, solitária e aflita por não saber ler nem escrever, foi Barrás quem deu a Tita uma vida digna e lhe abriu as portas para o conhecimento e a informação.

Inicia no disco em 1927, gravando para a “Odeon” dois tangos, e em 1929, assina contrato com a RCA Victor e grava para o selo 20 músicas.

Sua carreira de atriz começa com ela trabalhando como corista em um teatro pequeno, perto do porto, daqueles mesmo, freqüentado por marinheiros e gente barra-pesada, quase pornográfico, onde participava
de revistas musicas e engraçadas para um público barulhento e beberrão. Este teatrinho tinha o nome de “Bataclán”, e logo as coristas e dançarinas seriam conhecidas como “bataclanas”, que viraria para sempre um sinônimo de “mulher alegre”...

Tita saiu-se muito bem e chegou a ser “vedette”, o que é sempre é um “progresso” na hierarquia de palco dos teatros de revista.

Inicia no cinema praticamente com o início do cinema argentino, participando do
primeiro filme falado, em 1933, de nome “Tango”.

Tita continua sua carreira de cantora e principalmente de atriz de cinema e teatro, tendo um conhecido e exigente crítico escrito sobre ela:

“É uma
das atrizes mais temperamentais, mais fogosas e de personalidade mais forte do cenário nacional, além de ser muito irônica, engraçada e de respostas rápidas. Inteligente, interpreta os tangos como uma atriz. Cada tango cantado por ela é uma peça de teatro”


Tita Merello disse uma vez:

Meu melhor personagem é o meu mesmo. Uma atriz dramática quando representa um personagem, está chorando por si própria”.

A partir de 1954 Tita se consagra definitivamente como cantora, quando volta aos estúdios e grava uma série de tangos e milongas com a orquestra de Francisco Canaro.

Dança
rina de tango, cantora e atriz, fez mais de 45 filmes, e inúmeros discos.
Tem sua Praça, sua Esquina e uma placa na calçada em frente ao prédio onde viveu, numa homenagem da prefeitura de Buenos Aires.

Tita Merello retira-se de cena em 1985 e morre em 2002 aos 98 anos.

Ganhou
inúmeros prêmios, porém o mais importante, é o reconhecimento do público que se mantém fiel de geração para geração até hoje.
Este mesmo público que a consagrou como “La Morocha Argentina”, o símbolo da “mulher do tango” e a eterna cara de Buenos Aires.

O disco que eu falei lá em cima, se chama “Genio Y Figura”, é uma compilação de 2000 e foi lançado pela EMI / Odeon, onde ela gravou seu primeiro disco em 1927.

@ Los amores com la crisis
@ Che Bartolo
@ Apologia del tango
@ Milongón porteño
@ Yo soy del 30
@ Me enamoré una vez
@ Soledad la de Barracas
@ Muchacho rana
@ Viejo rincón
@ Sencillo y compadre
@ Vieja ola
@ Sobre el pucho
@ La muchachada del centro
@ Yo soy Graciela oscura

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

[] Judy Garland [1922-1969]

Dotada de grande presença cênica e uma voz profunda e intensa, esta dançarina, atriz e cantora foi um grande personagem da indústria do entretenimento americano.

Dede pequena, Frances Ethel Gumm se exibia com suas duas irmãs mais velhas nos teatrinhos da cidade e se sobressaia pelo seu já grande talento vocal e domínio cênico.

Numa desta apresentações, em 1934, é notada por um caça-talentos da MGM.

Graças a seu aspecto físico agradável e a um rosto simpático e expressivo, Frances se transformou em Judy Garland e começa a interpretar músicais de médio porte, até que em 1939 interpreta Dorothy em “O Mágico de Oz”, de onde saiu a famosa música até hoje, “Over the Rainbow”.

O sucesso é
imediato, e para suportar o rítmo de trabalho e tantas atividades profissionais, o próprio estúdio da MGM se encarrega de “ministrar” a Judy, vários tipos de pílulas.

Para acordar, para dormir, para ficar “dinâmica”, para não ganhar peso....
Começa então sua dependência de substâncias químicas, que a acompanhariam pelo resto da vida.

Continua trabalhando muito, e fazendo muito sucesso em comédias musicais, geralmente ao lado de seu amigo Mickey Rooney. Em 1944, quando estava filmando, Judy se envolve com o diretor do filme, o já famoso Vincent Minnelli.

Desta união, que durou 6 anos, nasce em 1946 a futura grande estrela Liza Minnelli.

Até o final da década de 40, Judy obtém um sucesso atrás do outro, atuando ao lado de Gene Kelly, em comédias-dançantes, repletas de números musicais, onde ambos podiam mostrar seus dotes de exímios dançarinos e sapateadores.

A década seguinte começa bem desatrosa para Judy, que se divorcia de Vincent Minnelli, tem um novo casamento com Sid Luft, bastante tumultuado, que termina com dois filhos, Lorna Luft nascida em 1952 e Joey Luft em 1955, e em mais um divórcio.

E, para completar, devido a seus excessos de álcool e pílulas-para-tudo, Judy é demitida pelo estúdio da MGM.

Mas em 195
4, retorna às telas interpretando um papel dramático em “A Star is Born”, ao lado de James Mason.
No filme, Judy é uma aspirante à cantora, que é conduzida ao sucesso por um homem mais velho, mais experiente e alcoólatra, um astro de cinema, vivido por Mason.

Entre os dois nasce uma grande e dramática história de amor. O filme faz sucesso e a interpretação pungente de Judy é bastante elogiada, além da música, que virou um clássico e continua sendo gravada por todo grande artista, “The Man That Got Away”, de Harold Arlen.

Em seguida, mais casamentos, mais separações e – claro – mais depressões. As poucas satisfações que Judy tinha agora, vinham de seus shows para as televisões.

Em 1963 aparece no cinema pela última vez, no filme “A Child is Waiting”. Abandona as telas para se dedicar ao teatro.

Com a vida pessoal e familiar desorganizada, e cheia de dívidas, morre prematuramente, aos 47 anos.

Provavelmente, por uma super dose das pílulas-para-tudo, em Londres. Foi encontrada morta no banheiro por seu último marido Mickey Dean. O dia era 22 de junho de 1969.

Entre seus amigos que compareceram ao velório, lá estavam Mickey Rooney, Lauren Bacall, Cary Gra
nt, Sammy Davis Jr., Dean Martin, Katherine Hepburn e Lana Turner.

As despesas do funeral foram pagas por Frank Sinatra, seu colega e grande amigo de longa data, que não se cansava de afirmar que ela, Judy, era
mais estrela que todos eles juntos.

Judy Garland é considerada até hoje como uma amostra do que a fama precoce e o excesso de trabalho podem fazer a uma pessoa.

Em 1960 Judy foi a Londres para uma série de apresentações em clubes noturnos, televisões e uma turnê pela Europa. Aproveitou também a estada em Londres e foi até o estúdio da “Capitol” e gravou 20 músicas que ficaram inéditas e guardadas até 1962...

“The London Sessions”

@ Lucky day
@ Just at the palace / some of these days
@ Stormy Weather
@ You go
to my head
@ Come rain or come shine
@ San Francisco
@ The man that got away
@ Swanee
@ Rock-a-bye your baby
@ Happiness is a thing called Joe
@ It’s a great day for the Irish
@ You’ll never walk alone
@ I happen to like New York
@ You made me love you / For me and my gal
@ Why was I born ?
@ Do it again
@ Chicago
@ I can’t give you anything, but love
@ After you’ve gone
@ Over the rainbow

(@) selo “Capitol” / Importado / 1992



segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

[] Dalida

Nome de arte de Iolanda Cristina Gigliotti, nascida no Cairo, Egito, em 17 de janeiro de 1933.
Uma das maiores intérpretes da música internacional, com sua voz de contralto e meio soprano, Dalida tinha uma extensão de duas oitavas, com uma grande profundidade e de intensa dramaticidade.

Segundo as estatísticas, de 1955 a 2004, Dalida vendeu 125 milhões de discos, com mais de 70 discos de ouro, vários de platina e um disco de diamante, criado pela indústria fonográfica, especialmente para ela.

Juntamente com Edith Piaf, Dalida é sem sombras de dúvidas a cantora francesa que mais representou a música deste país além de suas fronteiras no século 20.

Este é o resultado de uma pesquisa feita em 2001 pelo IFO
P = Instituto Francês de Opinião Pública, a propósito das personagens que moram no coração e na preferência dos franceses, e das personalidades mais significativas do século:
Ator = Jean Gabin
Cantor = Johnny Halliday
Cantora = Dalida + Edith Piaf

[quando chega a Paris, Dalida troca o “I” de Iolanda por “Y”]
Cabe a Dalida o título de quem mais lotou o OLYMPIA = templo da música francesa = nos anos de 1961, 1964, 1967, 1971, 1974, 1977 e 1981...
Estava sendo preparada uma grande apresentação para uma volta sua em 1987, ano de sua morte no dia 03 de maio.
Em 1975 o jornal “Québec” deu a Dalida o título de “personagem mais popular” depois de Elvis Presley e o de “a mulher do ano”, junto com Jackie Kennedy.


Filha de pais calabreses, seu pai era o primeiro violinista da “Ópera do Cairo” e durante a infância ela foi obrigada a usar óculos para corrigir um leve estrabismo, que carregou durante toda a vida.

Aos 17 anos vence o concurso de Miss Ondine e depois o de Miss Egito, o que lhe abriu as portas para a fama. Decidida pela vida artística, chega em Paris no Natal de 1954 e = casualmente, é claro = vai morar na mesma calçada de um jovem chamado Alain Delon, na Rue Ponthieu...

Quando participava de uma audição no OLYMPIA, que pré-selecionava candidatos para uma sér
ie de apresentações de jovens talentos, conheceu o dono do teatro, Bruno Cocquatrix, Eddie Barclay, dono da gravadora BARCLAY e Lucien Morisse, diretor da RADIO EUROPA 1, por quem viria a se apaixonar logo depois.

Grava seu primeiro 45 rpm com a música “Madona”, que na verdade era a versão francesa de “Barco Negro”, sucesso português de Amália Rodrigues.

Em 1957 canta pela primeira vez no OLYMPIA, abrindo o show de Charles Aznavour.
Em seguida, grava “Bambino”, música que faz um sucesso inesperado e fica na parada em primeiríssimo lugar por 39 semanas consecutivas, segundo dados da “Infodisc”, órgão que mede e acompanha as paradas de sucesso.

Esta mesma
música vende 500 mil cópias rapidinho e dá a Dalida seu primeiro disco de ouro...nada mal para um começo tão promissor em Paris.
Em 1959 ganha da Radio Montecarlo o título de Cantora Preferida dos Ouvintes.

Em 1961 Dalida e Aznavour ganham o prêmio maior da música, desbancando Gloria Lasso e Edith Piaf. Em 1964 ela seria a primeira mulher a ganhar o disco de platina e no ano seguinte, 1965, o IFOP fez uma grande enquete, que apontou-a como sendo a cantora preferida dos franceses.

Em 1967, a primeira grande tragédia de sua vida. De romance com Luigi Tenco, jovem cantor e compositor italiano, vai para San Remo defender com ele a música “Ciao, Amore, Ciao”.
A música não obtém por parte do júri a receptividade que Tenco esperava,
então sem assistir ao encerramento da noite, Tenco vai para o hotel e dá um tiro na cabeça. É Dalida, quem chega logo depois e o encontra caído no chão do quarto.

Um mês depois é ela quem tenta o suicídio de uma maneira bem planejada. Finge que vai para o aeroporto viajar para a Itália, se hospeda no Hotel Príncipe de Gales com seu verdadeiro nome Yolanda Gigliotti, escreve algumas cartas; uma para a mãe e outra para os fãs...

É salva pela camareira que estranha o fato da luz estar sempre acesa e o quarto ter passado 48 horas sem ter sido arrumado...
É levada às pressa
s para o hospital, e sai do coma 5 dias depois.
Em 1968 dá uma mudada no visual, de morena e castanha vira uma super loira e fica mais sofisticada, mais “show”...

No final dos anos 60 vai para o Nepal em busca de paz interior e fica tendo lições e cursos de psicanálise freudiana aliada à espiritualidade oriental. Refeita e mais apaziguada, volta às suas atividades, gravando mais, fazendo mais shows e vai para os Estados Unidos onde faz uma série de apresentações muito bem sucedidas, com casa lotada e um público deslumbrado com sua figura no palco.
Junto a estas vitórias, vários
romances tristes e trágicos, mais mortes, mais abandonos, mais despedidas e por ironia de tudo isto, mais sucesso na vida artística.

Mas este contraste acentuado das “duas vidas” de Dalida, acabaram por desgastá-la de tal maneira, que no dia 03 de maio de 1987 seu corpo é encontrado em sua casa, tendo ao lado apenas um bilhete simples e objetivo:

“ A vida para mim é insuportável...me perdoem ”

Um dos primeiros a encontrar Dalida morta foi seu irmão Orlando, também seu empresário , que acabou sendo seu herdeiro universal e detentor dos direitos de imagem de sua irmã famosa.

Está no Cemitério de Montmartre, e no bairro do mesmo nome foi inaugurada uma escultura da cantora e a “Praça Dalida”.
Em 2007, vinte anos após sua morte, o prefeito de Paris que também era grande amigo dela, organiza uma mostra comemorativa da figura de Dalida e de sua contribuição para a música da França.

Dalida tinha como característica fundamental de sua arte, a ironia e a dramaticidade. Era uma figura “kitch” e alegórica, e foi grande a sua capacidade de representar, usando a música como instrumento, a unidade indissolúvel da arte e da vida.


domingo, 27 de janeiro de 2008

[] Andy Russell

Filho de imigrantes mexicanos, nasce em 1919 e ainda adolescente começa a cantar com a banda de Don Ramón Cruz, conhecido músico local da época. Ainda se chamava Andrés Rabago Pérez.

No início dos anos 40 muda o nome para alguma coisa mais americanizada e começa a ficar popular, cantar com várias bandas e se apresentar no rádio, até então a grande mídia, e de certa forma praticamente a única.

Estas apresentações no rádio lhe dão uma grande popularidade, tanto é assim que no ano seguinte ele tem seu próprio programa, “Old Gold Show.

Em conseqüência desta popularidade, assina um contrato com a grande “Capitol” e seu primeiro hit, “Besame Mucho”, entra na parada de sucessos por um bom tempo. O ano era 1944.
No mesmo ano Andy grava outra música, que viria a ser um hit, e não somente isto, se transformaria em um de seus maiores sucessos e seria sua “assinatura” musical: “Amor”...

É desta mesma época outro enorme sucesso de Andy, “What a Difference a Day Made” (Quando vuelva a tu lado).

E assim, um sucesso após o outro e uma popularidade cada vez maior, fizeram com que o pessoal da emissora de rádio pedissem para que Andy ficasse no lugar de Frank Sinatra, que acabou voltando para o programa somente um ano depois, em 1947.

No início dos anos 50, Andy vai para a televisão, que é a nova mídia que invade as casas dos americanos e se apresenta no “Your Show of Shows” da NBC, mas continua com suas gravações de discos em estúdio.

Mas em 1952 suas músicas não fazem aquele mesmo sucesso de antes, já não coloca tantas canções nas paradas de sucesso e a “Capitol” perde um pouco o interesse nele como um “fabricante” de hits e sucessos como vinha sendo até então.

Ale disso, o rock ‘n roll estava tomando conta do gosto popular e roubando uma enorme fatia da preferência e das vendas de discos, além de se tornar uma ameça para a maioria dos “pop singer”...

Mas Andy descobriu com alegria, então, que seus fãs mexicanos e de língua espanhola ainda lhe eram fiéis, e sendo assim, começou a dedicar seu tempo artístico a seus fãs de origem latina.

Na metade dos anos 50 ainda grava eventualmente para a RCA Victor, e no final da década vai morar na Cidade do México e depois na Argentina, onde tem uma receptividade bastante grande e comandou um show de variedades na televisão por mais de 7 anos.

Na metade dos anos 60 volta para os Estados Unidos e para a Capitol, onde grava vários LP’s e alguns discos especiais para o mercado argentino, que recebeu muito bem esta nova produção de Andy.


Apesar de continuar em franca atividade, tanto de shows como de gravações e tv, no final da década de 80 Andy estava praticamente esquecido do grande público.

Retira-se de cena e em 1992 morre em conseqüência de um infarto.


De sua época áurea da Capitol, tenho aqui da série Great Gentlemen of Song = Spotlight on... Andy Russell , com músicas gravadas entre 1943 e 1947:


@ Too marvelous for words
@ Pretending
@ The very thought of you
@ I cried for you
@ Besame mucho
@ Imagination
@ They say it’s wonderful
@ Don’t blame me
@ Easter parade
@ Amor
@ Let’s fall in love
@ Laughing on the outside
@ I’ll see you in my dreams
@ What a difference a day made
@ Yours
@ Anniversary song
@ Always
@ Goodnight my love

(@) selo Capitol, 1995, Importado





sábado, 26 de janeiro de 2008

[] Capitol Sings Rodgers & Hart

Outra parceria que entrou para a história dos palcos de teatros e das telas de cinemas do mundo inteiro.

Trabalharam juntos desde 1919 até a morte de Lorenz Hart em 1943. Ficaram conhecidos em 1925 com o sucesso dos palcos “The Garrick Gaieties”, de onde saiu a música “Manhattan”, hit mundial até hoje, tanto em interpretações vocais como instrumentais.

As composições desta dupla eram as favoritas dos cantores de cabaret e dos artistas de jazz.

As letras de Lorenz Hart (1898/1943) eram fáceis, leves e simples. Ora divertidas, ora melancólicas, bem ao estilo da Broadway .

Richard Rodgers (1902/1979) era o criador das melodias e rivalizava sempre com seus colegas Jerome Kern e Irving Berlin.

Os espetáculos da dupla Rodgers & Hart são de uma época onde os musicais eram um tipo de “teatro de revista” leve, descompromissada, e muitas vezes servia apenas para justificar números musicais bonitos como trilha sonora para situações engraçadas do cotidiano.

Passatempo simples e sem grandes questionamentos filosóficos. Puro lazer.

Mesmo assim = e talvez até por isso = é deste período que até hoje os maiores artistas continuam gravando sucessos como:

= My funny valentine
= Blue moon
= Little girl blue
= My romance
= The lady is a tramp
= Bewitched
= Lover
= This can’t be love
= With a song in my heart...

Quando Lorenz Hart morreu em 1943, seu parceiro Richard Rodgers formou nova dupla com Oscar Hammerstein II.

As comparações entre as duas formações eram inevitáveis, pois cada uma deles tinha suas características individuais e como dupla. Tanto para compor, como para expor suas criações.

As letras de Hammerstein II mostravam um maior otimismo , mais calor e euforia.

Já as letras de Lorenz Hart nos passam uma ironia um pouco mais sofisticada, de personagens mais espertos e de maior habilidade verbal, com mais articulação ao falar, bem ao estilo de Nova York e Broadway, com mais espírito de palco...

“Capitol Sings Rodgers & Hart”:

@ Manhattan # Susan Barrett
@ You took advantage of me # June Chrysty
@ I could write a book # Vic Damone
@ Where or When # The Dinning Sisters
@ Little Girl Blue # Nancy Wilson
@ Blue Moon # Mel Torme
@ Lover # Margarete Whiting
@ Have is met miss Jones? # Sarah Vaughan
@ My funny valentine # Gordon McRae
@ My heart stood still # Peggy Lee
@ This can’t be love # Nat King Cole
@ Bewitched # June Christy
@ Thou Swell # Margarete Whiting
@ It´s easy to remember # Dean Martin
@ It never entered my mind # Nancy Wilson
@ Isn’t romantic # Dolores Gray
@ The most beautiful girl # Vic Damone
@ Glad to be unhappy # Sarah Vaughan
@ The lady is a tramp # Peggy Lee
@ Spring is here # The Four Freshman
@ Falling in love # Dinah Shore
@ With a song in my heart # Jane Froman
@ Slaughter on 20 avenue # Les Brown

(@) selo Capitol, Importado, 1992



sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

[] Capitol Sings Jerome Kern

Nascido em uma família abastada de Nova York em 27 de janeiro de 1885, Jerome Kern estuda em um renomado conservatório da cidade. Nos primeiros anos de 1900, ele fica perambulando pela Europa, até que decide viver em Londres por alguns anos.

Em 1910, volta para Nova York e começa a compor músicas para espetáculos musicais da Broadway.
Em 1915, fica razoavelmente conhecido com o musical “Sally”
.

Mas o grande sucesso porém, acontece em 1927, quando juntamente com seu amigo e letrista para o resto da vida Oscar Hammerstein II, fizeram um grande e legítimo drama musical: “Showboat”, tocante espetáculo que trata dos conflitos raciais, baseado no romance de Edna Ferber.

É deste musical duas de suas mais conhecidas composições: “Ol’ Man River” e “Can’t Help Lovin’ Dat Man”.

Dotado de grande talento musical e de um
estilo elegantemente sinfônico que se adaptava facilmente ao jazz, a partir de 1930 Jerome Kern trabalhou com sucesso em Hollywood, compondo para dois filmes de Fred Astaire e Ginger Rogers.

O filme “Robert”, de 1935, tem a até hoje popular e famosa “Smoke Gets In Your Eyes. E o outros, “Swing Time” de 1936, tinha uma música que acabou ganhando um “Oscar” e é até hoje cantada e gravada por qualquer artista de bom gosto : “The Way You Look Tonight”.

Continuou trabalhando e se dividindo entre teatro e cinema, sem nunca ter parado de nos dar preciosas músicas, como é o caso de “All The Things You Are”.


Com mais de 60 trilhas para peças da Broadway e inúmeras músicas para o cinema, Jerome Kern compôs perto de 700 músicas e morre de um infarto em 11 de novembro de 1945, com a idade de 60 anos.

"Capitol Sings Jerome Kern = The Song is You"

@ The song is you # Keely Smith
@ All the things you are # Helen Forrest

@ Pick yourself up # Nat King Cole

@ In love in vain # Lena Horne
@ The way you look tonight # The Dinning Sisters
@ Why Was I born ? # Dinah Washington
@ Lovely to look at # Gordon McRae
@ I won't dance # Peggy Lee
@ Look for the silver lining # Margarete Whiting
@ The didn't believe me # Johnny Mercer
@ Can't help lovin' that man # Trudy Richards
@ Long Ago an Faraway # Jo Stafford
@ Who ? # The Pied Pipers
@ I'm old fashioned # Judy Garland
@ The folks who live on the hill # Dakota Staton
@ The last time I saw Paris # The four freshman
@ Sure Things # Carole Simpson
@ Make Believe # Peggy Lee
@ Smoke gets in your eyes # The four preps
@ Bill # Dinah Washington
@ You were never lovelier # Paul Whiteman
@ A fine romance # Martha Tilton & Johnny Mercer
@ Dearly Beloved # Nancy Wilson
@ Yesterdays # Jo Stafford
@ Old man river # Gordon McRae

(@) selo "Capitol", 1992, Importado

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

[] Bobby Darin

Há quem diga que se ele não tivesse morrido tão jovem, aos 37 anos, seria um rival bem próximo de Frank Sinatra, pois tinha um raro carisma no palco e uma integração perfeita, com iluminação, músicos e câmeras.

É sabido que nem todos os bons cantores dominam um palco com competência, e este não era o caso de Bobby Darin.

Dono de uma excelente voz, Bobby não foi só o cantor de sucessos da juventude americana dos anos 60. Longe disso...

Walden Robert Cassotto nasceu num bairro pobre de Nova York, o Bronx, filho de uma família de poucos recursos e seu pai desapareceu alguns meses antes de ele nascer em 14 de maio de 1936.


Sua mãe com muita dedicação e bastante sacrifício para levar a família adiante, nunca desanimou e sempre incentivou Bobby a seguir seus pendores artísticos, pois dede muito cedo o garoto mostrara um grande talento para a dança, o canto, e facilidade para tocar piano.

Aos 8 anos tem febre reumática, o que lhe traria problemas para o resto de sua vida, até sua morte em 20 de dezembro de 1973.
Teve uma infância e uma adolescência difíceis pelo fato de sua saúde ser sempre motivo de preocupações.


Fica conhecido por “Splish, Splash”, música composta por ele, às pressas, para participar de um programa de televisão que buscava novos talentos.

Esta música estoura no mundo inteiro, sendo gravada por um sem-número de artistas, como Mina, Connie Francis, Rita Pavone e até nosso Roberto Carlos. Lembram?

Seu repertório passa pelo Jazz, Country, Swing e pela música Pop, com a mesma desenvoltura e uma precoce competência.

Sua vida foi mostrada no filme “Beyond The Sea”, dirigido e interpretado por Kevin Spacey que mais uma vez esbanjou talento, ele mesmo cantando, e não dublando Bobby.

“Beyond The Sea” é o nome de um grande sucesso de Bobby e nada mais é do que “La Mer”, clássico da música francesa, de autoria de Charles Trenet.

Esta mús
ica juntamente com “Mack The Knife” tornam Bobby conhecido internacionalmente. “Mack The Knife” é de uma peça teatral de 1929 “A Ópera dos Três Vinténs”, com música de Kurt Weil e letra de Bertolt Brecht, e acabou virando a assinatura musical de Bobby.

Sinatra viria a regravar esta música em 1984 bem como dezenas de outros artistas, tanto instrumentais como vocalistas. Esta mesma música deu a Bobby um “Grammy” em 1960.

Também ator, Bobby estrelou em 1961 um filme que virou um clássico da década de 60. “Quando Setembro Vier”, ao lado de Gina Lollobrigida, Rock Hudson e Sandra Dee, sua mulher, com quem esteve casado de 1960 a 1967.

Em 1968, como velho e bom amigo da família apóia a campanha eleitora de Robert Kennedy.

Logo após tem uma grande e profunda crise mística, que tem resultados nada positivos na sua
carreira e na sua vida.
Fica recluso, perde a inspiração e e vontade de cantar e de gravar.

Entre 1971 e 1972, tem novamente sérios problemas cardíacos, mas mesmo assim, resolve dar a volta por cima, volta ao trabalho com afinco, aos shows em cassinos e nas televisões, casa novamente e volta aos estúdios de gravação para recuperar o tempo de crise.

Em 1973, su
a saúde se agrava, e depois de algumas cirurgias para a troca de uma válvula cardíaca, ele sofre uma outra intervenção para um ajuste desta troca e morre num Hospital de Los Angeles em 20 de dezembro de 1973 aos 37 anos.

Quase 50 discos gravados e 15 filmes registraram bem o talento deste rebelde-frágil, que sabia tirar proveito desta sua imagem e transforma-la a seu favor num excelente marketing pessoal.
Era uma espécie de James Dean da música. Rebelde, carente, frágil e agressivo...

A “Capitol” tem um disco de Bobby, que é uma compilação de algumas músicas que ele gravou para o selo no período de1962 a 1965:

@ Alabama bound
@ Blue skies
@ You’ll never know
@ Standing on the corner
@ I’m beginning to see the light
@ The good life
@ Oh! Look at me now
@ Just in time
@ You made me love you
@ All of you
@ There’s a rainbow
@ Fly me to the moon
@ I got rhythm
@ All by myself
@ I wanna be around
@ A nightingale sang in Berkeley Square
@ Call me irresponsible
@ My Buddy
@ Always
@ I’m sitting in the top of the world

Como deu para ver, o repertório é um clássico do songbook americano, gravado só por grandes artistas.

(@) “Capitol” / Importado / 1995

Pena que Bobby Darin tenha vivido tão pouco...