SEMPRE MÚSICA . . .

terça-feira, 29 de abril de 2008

[] Sathima Bea Benjamin [1936]

Outro grande achado numa prateleira de superpromoção tempos atrás, foi dois cd’s de uma cantora que eu nunca tinha ouvido falar: Sathima Bea Benjamin.

Quem seria ela? umas capas estranhas, uma estética de capa que não era americana...um dos discos era gravado na Alemanha, e o outro gravado nos Estados Unidos. Achei mais estranho ainda...

Como estavam baratíssimos, e eu conhecia algumas das músicas ali cantadas, achei que tinha quase que uma obrigação de compra-los, pois cada um custava a preço de hoje, R$ 6,00.

Quando cheguei em casa, preparei um café e fui escutar, tive uma surpresa muito agradável, pois descobri uma nova cantora, uma voz diferente, despojada, expressiva e a qualidade técnica dos dois discos excelente, com acompanhamentos com aquele trio básico e suficiente: piano, baixo e bateria.

Não precisa mais nada... aí, fui procurar saber quem era a tal dona deste nome estranho e fiquei sabendo que era uma cantora e compositora com excelente reputação no meio musical, principalmente europeu, mas que tinha nascido e vivido toda a vida em Cape Town, Cidade do Cabo, na África do Sul.

Apaixonada e orgulhosa de suas origens e sua cultura, afasta-se da sua Cape Town somente quando muito, mas muito necessário profissionalmente...

Nasceu Beatrice Benjamin, em Johannesburg em outubro de 1936: seus pais logo cedo se divorciaram, ela e sua irmã ficaram morando com o pai durante algum tempo, mas adolescentes ainda foram para Cape Town ficar aos cuidados da avó materna.

Cresceu ouvindo os velhos discos da avó e muito rádio, além da cantoria pela casa já que sua avó gostava de cantarolar e solfejar trechos de operetas.

Bea formou seu repertório assistindo filmes americanos e ingleses e tinha sempre a mão um caderno de notas para escrever as letras das músicas já que o dinheiro era pouco e ela não podia comprar discos ou revistas de música...assim, anotando num caderno, seria fácil de ela aprender e decorar as músicas que mais gostava.

Foi através do rádio que conheceu Nat King Cole, Billie Holiday, Doris Day, Ella Fitzgerald e tantos outros cantores, que influenciaram sua carreira no início.

Começou cantando em concursos de calouros, que acontecia no cinema local, entre um filme e outro. Continuou se desenvolvendo como cantora, no coral da escola e tendo algumas lições de canto, pois queria aprender ópera.

Após concluir seus estudos formais e se tornar professora em uma escola da cidade, começou a cantar em nightclubs, bailes da comunidade e eventos sociais... Mas, teve que optar entre continuar ensinando e se tornar uma cantora de jazz...

Assim, logo depois de ter completado 21 anos, vai para a estrada com uma conhecida banda de jazz que tinha um show permanente de variedades.

Volta para Cape Town em 1959, conhece e se apaixona pelo então maior pianista de jazz da África do Sul: Abdullah Ibrahim.

Casam-se, ela acrescenta Sathima ao início do seu nome, vira Sathima Bea Benjamin, e tem um casal de filhos. Sua carreira continua se solidificando, ela assumindo cada vez mais o controle e traçando os rumos da carreira, e em 1979, cria seu prórpio selo musical, com o intuito principal de gravar e distribuir suas músicas e gravações com uma maior liberdade e então, nasce a etiqueta EKAPA.

Sathima também é uma excelente compositora, sempre atenta a toda sorte de conflitos a seu redor, escreve sobre os dramas da natureza humana, suas paixões e misérias, e escreve sobre o amor em toda a sua amplitude.

Continua em plena atividade, seja como compositora, como intérprete, e sempre em sua cidade, Cape Town.

Diz que ali é sua casa e que sua vida está lá. Não abre mão disso...

Seu disco mais recente é “SongSpirit” uma compilação de luxo, que comemorou seus 70 anos em 2006.

No ano passado, 2007, Sathima deu início a um grande trabalho de recolocar em catálogo todos os seus discos que não estavam disponíveis, e já se sabe que está a caminho para este ano de 2008 um novo disco de composições suas.

Tomara...

sábado, 26 de abril de 2008

[] Irene Kral [1932=1978]

De vez em quando eu comento sobre artistas que não são conhecidos aqui no Brasil até mesmo por aqueles que gostam de música, e isto é um fato... parece que o mercado fonográfico [especialmente o brasileiro] está cada vez mais refratário a tudo aquilo que não seja imediatamente comercial.

Claro que isto é compreensível e justificável. Pelo menos em parte...

A imensa maioria das lojas de discos , inclusive as de grande porte, e até as metidas a “megastores” acabam vendendo somente o que toca no rádio.

E como se sabe, o rádio só toca aquilo que as gravadoras “insistem” que elas toquem usando para isso os mais antigos e discutíveis métodos de persuasão.

E nesta dinâmica, ficam de fora muitos artistas dos mais diversos gêneros musicais, estilos, segmentos ou coisa que o valha.

Irene Kral eu conheci por acaso, há alguns anos atrás, mexendo nas prateleiras de uma loja... Era uma edição nacional de uma coletânea dupla, a preço pra lá de popular, pois estava em promoção, e Irene cantava uma música: “Star Eyes”.

Gostei da música, da voz e de toda a atmosfera que ela propunha, imediatamente. Fiquei querendo conhecer mais e ouvi-la cantar mais coisas... então, encomendei numa loja este “KRAL SPACE”, que viria dos Estados Unidos, também a preço bastante razoável, um pouco mais caro, na época, que um simples lançamento nacional.

Irene Kral é uma extraordinária cantora de baladas, sem arroubos nem malabarismos vocais desnecessários nem exibicionismos do gênero.

Ela canta a música do seu jeito, muitas vezes como quem pensasse em voz alta.

Iniciou sua carreira na metade dos anos ’50 como cantora de “big bands” e ficou algum tempo assim até casar e se transferir para Los Angeles.

Lá se apresentou em alguns “night clubs” e resolveu dar uma parada em suas atividades só voltanto muito tempo mais tarde aos palcos e aos estúdios de gravações.

No período de 1974 a 1977, gravou três discos que a crítica especializada no assunto considera como clássicos do gênero e imprescindíveis para quem gosta.

Infelizmente a carreira de Irene durou pouco tempo, pois foi vencida pelo câncer em 1978 e infelizmente também, os discos do período que vai de 1959 a 1963 estão quase sempre fora de catálogo.

Irene é mais uma daquelas cantoras que não caíram na boca de todo mundo, nem lotavam estádios ou teatros, mas que tinha seu público fiel, pois sempre teve muito prestígio no meio musical...

“IRENE KRAL = KRAL SPACE”

01= wheelers and dealers
02= star eyes
03= it wasn’t so good it coudn’t get better
04= once upon another time
05= experiment
06= small day tomorrow
07= some time ago
08= it’s Nice weather for ducks
09= every time we say goodbyes
10= the song is you

@ Este disco foi gravado em 1977 e lançado um pouco antes de sua morte.

@ Selo “Collectables”.


quarta-feira, 23 de abril de 2008

[] Pure Ella ... Fitzgerald [1918=1996]

Hoje estava mexendo nos meus cd’s procurando alguma coisa para escrever, quando dei de cara com este disco aqui: “PURE ELLA” = THE ORIGINAL AMERICAN DECCA RECORDINGS, que na verdade é o clássico “Ella Sings Gershwin” e mais 12 grandes standards da música americana, com Ellis Larkins ao piano.

Já escrevi em postagem anterior sobre Ella Fitzgerald, e hoje vou apenas fazer alguns comentários sobre este disco específico PURE ELLA.

O LP original “Ella Sings Gerswhin” foi gravado em 1950 e as outras músicas acrescidas na edição em cd, fazem parte do LP “Songs In a Mellow Mood” que foi gravado em 1954.

A reunião destes dois LP’s em formato de cd, resultou num disco absolutamente tranqüilo [sem ser monótono], agradável de ouvir do início ao fim e até apertar a teclinha “repeat”...

Ficou uma atmosfera bem intimista, só voz e piano, como se Ella estivesse andando pela casa, cantando , enquanto arruma algumas flores num vaso para colocar na sala de visitas. Isto mesmo, o disco tem jeito de casa, e não de palco, nem de teatro, nem cassino nem nada.... se você soltar a imaginação, será capaz de sentir até o cheiro de um bolo = de chocolate = sendo feito lá na cozinha...

Eu gosto muito da voz de Ella nesta década de ’50, principalmente quando ela canta coisas tranqüilas, e com um só instrumento, como é o caso do piano de Ellis Larkins, longe de querer desmerecer outros músicos e big bands. Apenas este é um dos meus formatos preferidos, ou seja, voz + algum outro instrumento...

Vou até relacionar as músicas de PURE ELLA:

01= Someone to watch over me
02= My one and only
03= But not for me
04= Looking for a boy
05= I’ve got a crush on you
06= How long has this been going on?
07= Maybe
08= Soon
09= I’n glad theres is you
10= What is there to stay
11= People will say we’re in love
12= Please, be kind
13= Until the real thing comes along
14= Makin’ whoopee
15= Imagination
16= Stardust
17= My heart belongs to daddy
18= You leave me breathless
19= Baby, what else can I do ?
20= Nice work if you can get it

# selo MCA, edição nacional [!!]

[@] ouça Ella cantando “Stormy Weather” ao vivo, numa apresentação em Hannover, na Alemanha em 1975, acompanhada somente pela guitarra de Joe Pass... clique aqui !! []


domingo, 20 de abril de 2008

[] Doris Monteiro [1934]

Quase 60 anos de carreira, esta carioca filha de um casal de portugueses começou a cantar nas emissoras de rádio do Rio de Janeiro em 1949, quando venceu um concurso de calouros, “Papel Carbono”, de Renato Murce; popular, famoso e muito procurado por todos aqueles que desejavam virar artistas...

Como o nome do programa sugere, vence aquele que melhor “copiar” seu ídolo... mas como Adelina Doris Monteiro não tinha nenhuma cantora brasileira que ela se inspirasse para “copiar”, resolveu cantar um sucesso de uma francesa, Lucienne Lillis, que naquela época fazia muito sucesso com a música “Bolero”.

Pois foi esta interpretação de Doris que a tornou vencedora do concurso; além do mais as cantoras brasileiras da época tinham vozes fortes, expansivas e exuberantes e sendo assim, sua voz caia melhor numa canção francesa, mais intimista, mais de acordo com sua figura, magra, muito bonita e com uma imensa trança por cima de um dos ombros...

Fora isto, seu “repertório” de caloura era na maioria composto de fados e canções portuguesas, já que era o que se ouvia na sua casa.

Doris nasceu em 1934, e no final dos anos ’40, morava em Copacabana, na rua Clemente de Mendonça, onde seu pai era porteiro de um prédio, e sua mãe, fazia faxina em alguns apartamentos.

Estudava no Colégio D.Pedro II e de vez em quando, ajudava sua mãe nas faxinas... e numa tarde ela enquanto trabalhava, cantou “Caminhemos”, de Herivelto Martins, e a vizinha da porta ao lado ficou encantada com aquela voz tão suave cantando uma música dramática daquele jeito.

Chamou dona Ana, mãe de Doris e disse que aquela menina era pra estar cantando no rádio... Doris se animou toda e como tinha um vizinho que era um cantor bastante popular na época, Alcides Gerardi, Doris não sossegou enquanto não conseguiu um teste na emissora de rádio onde ele cantava... E foi assim que tudo começou.

Grava seu primeiro disco, um 78 rpm pela “Todamérica” com a música “Se Você Se Importasse”, que foi um sucesso praticamente imediato, pois o público adorou aquela voz frágil, suave e melódica, que era o oposto do padrão de nossas cantoras.

Nesta época Doris cantava no rádio e em boates, sempre acompanhada de sua mãe, como uma sombra, de olhos atentos e munida de um alvará do juizado de menores...

Começou ao mesmo tempo a fazer cinema e estrelou “Agulha no Palheiro”. Acabou fazendo mais 8 filmes... Em 1952 é eleita “Rainha dos Cadetes” e consagração suprema, “Rainha do Rádio” em 1956, ano em que grava de Billy Blanco um dos seus maiores sucessos, que atravessou décadas: “Mocinho Bonito”.

Quando a Bossa Nova chegou, no final dos anos ’50, Doris já tinha uma voz e um estilo de cantar que caiam como uma luva para a novidade, e além disso, foi quem primeiro gravou uma composição de Dolores Duran.

Cantou samba-canção, sambas, sambinhas, bossa nova, imprimindo em tudo o que cantasse, uma marca registrada, o “estilo Doris Monteiro”.

Turnês pelos Cassinos de Punta Del Este no Uruguai, Lisboa e Coimbra em Portugal, e várias cidade do Japão.

Fica bastante aborrecida com a falta de preservação da nossa cultura musical e conta que com freqüência encontra alguém pela rua ou algum restaurante que diz: “Puxa, Doris, que bom te encontrar, que saudade de te ouvir cantando...procuro seus discos e não acho nas lojas...”

E realmente é assim... fora do Brasil eles são reeditados, como aconteceu recentemente na Austrália, Holanda, Portugal e claro, Japão.

E Doris continua: “É por isso que eu implico com o Brasil...tem gente que diz: Ah, Doris, você não é patriota...Realmente não sou, não tenho motivos! Aqui nada funciona...”

Hoje em dia, continua cantando, com uma agenda mais folgada do que gostaria, mas é bem humorada, tranqüila, e adora jogar cartas com as amigas todas as terças-feiras, com a partida valendo R$ 0,50... só para estimular, diz.

Também adora futebol, é vascaína doente e sabe tudo da política interna dos cartolas do seu clube. Continua uma mulher muito bonita, classuda, que envelheceu muitíssimo bem, passando muito longe da vulgaride e dos modismos em busca da tal juventude, que é tão volátil...

Somente agora em 2004, quando comemorou 70 anos de idade, Doris ganhou de presente de sua gravadora EMI e Universal, a reedição em cd de 12 de seus melhores LP’s.


Pelo menos, isso...

[@] Veja Doris cantando... basta clicar aqui ! []

quinta-feira, 17 de abril de 2008

[] Mireille Mathieu [1946]

Era uma vez um casal muito simples, na cidade de Avignon, na França. Ele se chamava Roger e ela, Marcelle. Tiveram 14 filhos, e a mais velha se chamava Mireille...

Roger trabalhava muito e pesadamente na pequena empresa familiar que seu pai tinha, uma marmoraria, e o trabalho que Roger executava era o de quebrar pedras.
Literalmente este, quebrar pedras...

Roger tinha uma voz bonita, de tenor e seu sonho era o de ser cantor lírico, pois era admirador de árias de óperas. Mas, com uma família grande assim, ele sublimou este sonho e ficou muito feliz quando sua primogênita, Mireille, desde muito cedo, deu mostras mais do que convincentes que tinha talento musical e que queria ser uma cantora.

Um pouco precoce
, Mireille cantava na igreja já aos 4 anos e com esta idade cantou na Missa do Galo da Igreja Matriz de sua cidade.

E já nesta época, ela gostava de reunir a família e os amiguinhos de colégio para que servissem de platéia para ela, que fazia verdadeiros
recitais com o repertório de seu grande ídolo, Edith Piaf.

A família de Mireille vivia com um orçamento bastante apertado, pois num total, eram 16 pessoas para morar, comer, estudar, se vestir, e a função de Marcelle, a mãe, era fazer milagres e fazer render no mercado os francos semanais que Roger ganhava.

Adolescente ainda, Mireille vai trabalhar numa fábrica de envelopes para ajudar nas despesas domésticas e poupar algum dinheiro para pagar as lições de canto que pretendia ter, pois estava mais do que decidida a se tornar uma cantora, uma grande cantora, uma verdadeira estrela.

Participou de alguns programas de calouros, mas um, especialmente, onde não foi a vencedora, pois o público preferiu outra candidata, mudaria sua vida para sempre...

Um dos maiores empresários e agente de cantores, Johnny Stark, assistiu este pro
grama e com o olho clínico que sua função exigia, procurou por Mireille. Johnny Stark já tinha também como cliente, o maior ídolo musical da França, pelo menos naquela época, o cantor de rock Johnny Halliday, marido de outra cantora e queridinha dos franceses: Silvie Vartan.

Johnny Stark teve várias e longas conversas com Mireille, jogando limpo, e explicando todas as dificuldades da profissão,
mas que se ela estivesse disposta a trabalhar muito, ensaiar muito, estudar muito e fizesse o que ele mandasse, ele a transformaria numa grande estrela, que seria conhecida e admirada em toda França.

Mireille então foi entregue ao maestro Paul Mauriat e ao compositor André Pascal, que começaram a aparar as arestas, a ensinar Mireille a não gritar, a usar melhor sua potência vocal, colocar a voz mais adequadamente e respirar de maneira correta.

Ao mesmo tempo, Mireille tomava aulas de francês e de inglês, além de boas manieras, comportamento social, como caminhar num palco, num estúdio de televisão, como dominar a distância certa de cantar ao microfone e todas estas inúmeras pequenas-grandes coisas, que fazem a diferença...

Talvez seu agente, certo de que tinha descoberto um tesouro, já estivesse de olho numa carreira internacional para Mireille, e provavelmente quisesse apresentá-la ao mundo, da melhor forma possível.

André Pascal compôs para ela “Mon Crédo”, “Viens dan ma rue” e “C’est ton nom” que foram gravadas num 45 rpm e logo se transformaram em sucesso.

Depois de se apresentar na tv em 1965, e de sua estréia no “Olympia” em 1966, Mireille já era uma celebridade de domínio público. Foi saudada pela imprensa com grande espalhafato e anunciada como a “próxima Edith Piaf”, pela evidente semelhança de seu timbre de voz com o de Edith, morta três anos antes.

Em 1967 o IFOP- Instituto Francês de Opinião Pública, fez uma enquete, que apontou Mireille Mathieu como a cantora preferida dos franceses naquele ano...e
em 1968 Mireille esteve aqui no Brasil, se apresentando na TV Record.

As gravações que Mireille fez das músicas de André Pascal, além de conquistarem toda a França e quase toda a Europa, especialmente o Reino Unido e a Alemanha, abriram as portas da América do Norte e México para Mireille...

Sua ve
rsão “La dernière valse”, que era um sucesso em inglês do cantor britânico Engelbert Humperdinck – “The Last Waltz”- foi uma ponte segura para tornar Mireille muito popular no Reino Unido.

E assim, um hit após o outro, Mireille foi parar no Canadá e nos Estados Unidos, onde se apresentou no famoso e indispensável “The Ed Sullivan Show”
e no outro dia, 50 milhões de pessoas já conheciam Mireille Mathieu.

Cantou também em Las Vegas, ao lado de Dean Martin e Frank Sinatra e foi um sucesso quase surpreendente. De público e crítica.

Atualmente ainda muito requisitada, continua se apresentando pelo mundo, fazendo turnês regularmente pelo Carnegie Hall de Nova York, no “Sport Palais” do Canadá ou no “The Ice Palace” de San Petersburg.

Nos seus mais de 40 anos de carreira, Mireille já vendeu mais de 150 milhões de cópias de seus discos, gravou mais de 1200 músicas, em 9 línguas e foi a primeira artista do ocidente a fazer um concerto de música popular na China.

Ao longo de todos estes anos, ela cantou e gravou com nomes como Paul Anka, Charles Aznavour, Barry Manilow, Tom Jones, Julio Iglesias e o alemão Peter Alexander.

Em 1993 gravou “Mireille Mathieu chante Edith Piaf”, onde canta 13 músicas das mais famosas e populares do seu ídolo eterno.

E
m 2005 comemorou seus 40 anos de carreira, com uma grande apresentação no “Olympia”, onde foi gravado seu primeiro DVD, “Mireille a l’Olympia”, além de um CD, que acabou lhe dando o prêmio de “Disque d’Or”...

No ano passado, 2007 participa de um super show de televisão na Alemanha, um dos países de público mais fiel, para receber o prêmio de “Melhor Cantora Internacional do País”.

Nada mal. Além disso, a filha de Roger e Marcelle realizou seu sonho de menina de Avignon e virou uma estrela internacional.

Seu público não é mais aquele de mentirinha, de irmãos e amiguinhos da escola.

A “demoiselle d’Avignon” chante pour le monde entier...



[@] Veja Mireile Mathieu
clicando aqui !! []

[ cantando "La dernière valse"]
[ a última ilustração é de Richard Poux - Nice ]

terça-feira, 15 de abril de 2008

[] Cyndi Lauper [1953]

Ela é a cara
da geração dos anos ’80, é a cara da MTV, onde foi uma das primeiras estrelas, graças a seus clipes veiculados pela emissora, a partir de seu primeiro sucesso mundial, que foi o disco “She’s So Unusual”, lançado em 1983.

Deste disco, pelo menos três músicas entraram nas paradas de sucesso do mundo inteiro, deram vários prêmios a Cyndi e solidificaram uma nova estética musical e comportamental.

Quem não lembra de “Girls Just Want to Have Fun”? que tocou em todas as danceterias, todas as rádios, FM’s e até nas AM’s... do mesmo disco, também saíram “Time After Time” e “All Through The Night”.

A imagem de Cyndi nesta época, virou moda de um estilo todo próprio, da garota rebelde, cabelo multicolorido, roupas não combinando em nada umas com as outras e um comportamento anticonformista em tudo. Seria mais ou menos como uma liberdade no visual, levada ao extremo...

É desta época também a rivalidade “oficial” dela com Madonna, rivalidade esta criada pela mídia e alimentada por algumas semelhanças de “look”, de comportamento, vozes semelhantes, um certo gosto por chocar, umas atitudes desafiadoras, luvas, polainas, laços absurdos, babados e aquela coreografia meio “grunge”, mesmo que de butique...

O lançamento de “She’s So Unusual”, deu a Cyndi Lauper o Grammy de “Cantora Revelação” no ano de 1984.

Cynthia Ann Stephanie Lauper nasceu no Brooklin, em Nova York, em 22 de junho de 1953, filha de Fred Lauper e Catrine Dominique.

Após o divórcio dos pais, mudou-se com a mãe e os irmãos Elen e Fred para o Queens e cedo começou a trabalhar para ajudar nas despesas domésticas.

Foi balconista, garçonete e como desde os 12 tocava guitarra, abandonou o colégio para participar de bandas locais, e cantar em algumas casas noturnas.

Antes de seu estouro mundial em 1983, gravou um disco com a banda “Blue Angel”, mas nada aconteceu e a banda se desfez um ano depois.

O tempo passou, ela ficou adulta, e sabiamente mudou um pouco o estilo de suas apresentações, tanto no visual como nas escolhas musicais [ claro, né, pois ninguém tem 20 anos a vida inteira... ] casou-se, foi mãe e recentemente apresentou um disco muito interessante: “At Last".

Neste disco, Cyndi canta músicas já consagradíssimas por seus colegas que vieram antes dela, e vale a pena até relacionar o que ela canta:

“AT LAST”

01= At last
02= Walk on by
03= Stay
04= La vie en rose
05= Unchained melody
06= If you go away
07= Until you come back to me
08= My baby just cares for me
09= Makin’ whoopee c/ Tony Bennett
10= Don’t let me be misunderstood
11= You’ve really got a hold on me
12= Hymn to love
13= On the sunny side of the street

Como deu para notar, são músicas que foram eternizadas por Etta James, Dionne Warwick, Edith Piaf, Nina Simone e até uma versão belíssima da composição de Jacques Brel [“Ne me quitte pas”], que em inglês tem o nome de “If you go away”...

Sempre atenta a causas sociais e beneficentes, principalmente no que se refere a liberdades individuais, participou de um episódio do seriado gay muito popular na Europa e nos Estados Unidos, “Queer As Folk”, representando a si própria fazendo um show para arrecadar
Fundos em benefício de causas homossexuais.

E para este ano de 2008, teremos “Back From The Brink”, um “disco superprodução” totalmente dançante.

Vamos aguardar então...


[@] Veja Cyndi Lauper clicando aqui !!! []




sábado, 12 de abril de 2008

[] Michael Feinstein [1956]

Pianista e cantor, nasceu em Columbus [Ohio] em 1956, e foi juntamente com a família morar em Chicago em 1976. Lá conhece a viúva de Oscar Levant, [1906=1972] talentoso e excêntrico compositor e pianista de concertos, que por sua vez, apresentou Michael a um dos irmãos Gerswhin, o letrista Ira.

Foi contratado por Ira para organizar os arquivos das obras da dupla Gerswhin = George e Ira, e continuou até a morte do compositor, em 1983.

Em 1984 Feinstein inicia uma carreira de pianista e cantor, dedicada à música dos anos ’30 e ’40, tocando e cantando em festas privadas do "grand monde" endinheirado de Los Angeles, uma espécie de “chansonier”, de “entertainer”, bem de acordo com o repertório.

Seu disco de estréia foi gravado ao vivo, “Live at The Algonquin”, onde mesclava músicas de Irving Berlin, Oscar Levant e Stephen Sondheim.

No final dos anos 80, assina contrato com a “Elektra Records”, gravando vários discos dedicados aos grandes compositores americanos, os chamados “discos autorais”.

Entre tantos, eu gostaria de ressaltar especialmente “Hopeless Romantics”.

É quase uma pena, e quase uma vergonha que o nome de um compositor como Harry Warren não seja tão conhecido como alguns contemporâneos seus, como Cole Porter e Irving Berlin.

Seja lá qual a razão, alguém que compôs um hit mundialmente conhecido como “Chattanooga Choo-Choo”, recebe três Oscar da Academia e assim mesmo ainda não foi o suficiente para ter seu nome num lugar de destaque , merecido.

Esperando mudar este quadro, Michael Feinstein faz uma homenagem a este geralmente muito esquecido compositor. Em “Hopeless Romantics”, uma coletânea de composições de Warren, interpretadas por Michael e pelo pianista George Shearing
estes dois artistas, bastante familiarizados com a obra de Warren, escolheram privilegiar as composições mais românticas.

É um disco muito elegante, agradável de ouvir do início ao fim. Voz e piano interpretando músicas que a maioria de nós talvez conheça cantadas ou tocadas por este ou aquele artista, sem nem saber que é o compostor...

A química entre Michael e George é notada logo na primeira música. Disco tranqüilo, para se ouvir do começo ao fim, e tem dois grandes temas bastantes populares como "At Last", que atualmente é utilizado num comercial
de tv para uma marca de automóveis, na versão cantada por Etta James, e ainda, o clássico "You'll Never Know"... you'll never know just how much I miss you...you'll never know just how much I care...


“HOPELESS ROMANTICS”

@ I had the craziest dream
@ You’ve getting to be rabitt with me
@ This heart of mine
@ At last
@ I’ll string along with you
@ You’re my everything
@ Serenade in blue
@ I know why
@ September in the rain
@ Shadow waltz
@ There’ll never be another you
@ I only have eyes for you
@ You’ll never know
@ You’re my everything [2]

[@] 2005 “concord jazz” // importado

[@] veja Michael Feinstein clique aqui !! []




quarta-feira, 9 de abril de 2008

[] Melissa Manchester [1951]

Aos 15 anos, ela gravava “jingles” comerciais, entre outras atividades artísticas.

Desde muito pequena, Melissa esteve ligada à música, pois vinha de uma família cuja atividade principal era a música, já que seu pai, um judeu liberal e incentivador de todas as artes, fazia parte da “The New York Metropolitan Opera”, como músico, tocando fagote.

Ela cedo começou seus estudos de piano e harpa, na “Manhattan School of Music and Arts”, mas sempre interessada em saber tudo de música, como teoria, solfejo e composição.

Nascida no Bronx, em Nova York, em 15 de fevereiro de 1951, Melissa se preparou bem para entrar no mundo do “showbizz”, pois também fez cursos de arte dramática, a sério, montou espetáculos e viajou pelo país afora.

Com 20 anos apenas, em 1971, foi descoberta por ninguém menos que Bette Midler e Barry Manilow, que fizeram com que ela fosse “backing vocals” deles, tanto nos espetáculos e turnês, como nas gravações de estúdio. Se alguém pegar alguns discos de Bette ou Barry desta época, vai encontrar lá na ficha técnica o nome de Melissa Manchester nos vocais...Muita gente boa, começou assim. Tanto lá fora, como aqui no Brasil.

Naturalmente, foi uma “estréia” bem promissora, pois nesta época, tanto Bette Midler como Barry Manilow já eram donos de uma popularidade pra lá de considerável. Melhor vitrine, impossível.

Em 1973 Melissa grava seu primeiro disco = vinil ainda = solo. E tinha como parceira nas composições Carole Bayer Sager, que viria a se casar mais tarde com Burt Bacharach e seria gravada por muitos intérpretes famosos entre eles, Dionne Warwick. A parceria de Melissa e Carole redeu belíssimas baladas para o "songbook" americano, como por exemplo, a famosa "That's what friends are for", que percorreu o mundo numa causa nobre, nas vozes de Gladys Knight, Elton John, Stevie Wonder & Dionne Warwick...

Melissa continuou compondo, tanto letra como música, fazendo apresentações em shows e turnês, mas sem deixar de lado os palcos de teatro.

Em 1980, foi a primeira cantora a ter duas indicações ao Grammy, por duas composições diferentes, para dois filmes.

Em 1982 recebe este prêmio na categoria “Melhor Vocalista Feminina”, e ao mesmo tempo vai angariando mais popularidade e prestígio tanto como cantora, como compositora.

Passou 10 anos sem gravar discos, período este em que deu mais atenção à família e seus projetos musicais no teatro e passou viajando com técnicos e artistas pelo pais, compondo, arranjando e cantando, voltando às atividades de estúdio e gravações de discos somente em 2004.

Bem recentemente, agora em fevereiro de 2008, Melissa comemorou seus 57 anos com um show, “Boadway to Vehas”, no “Hersbeth Theater” de San Francisco.

É um espetáculo onde ela fala de sua vida e sua carreira, e conta animada, que passou seu aniversário desembrulhando coisas e abrindo mil caixas na sua nova casa na Califórnia.

É uma casa de frente para o oceano, o que sempre foi um sonho dela e de seu marido, o músico Kevin DeRemer, com quem está casada há quase 26 anos, e que também é seu agente, Melissa conta que está atravessando a famosa síndrome do ninho vazio, já que os dois filhos do casal, Nathan e Hannah foram para a Universidade.

Diz que não sabe exatamente como foi até agora como mãe, mas tem a certeza de que junto com seu marido, procurou sempre fazer com que o lar fosse realmente um refúgio seguro e tranqüilo, com muito diálogo, muita franqueza e muita risada, que fosse o lugar onde qualquer pessoa pudesse se sentir feliz.

Atualmente Melissa está se dedicando de corpo e alma a este show, mas já com projetos bem encorpados para novas produções teatrais, seu antigo e primeiro amor...


[@] Melissa em “La Vie en Rose”. Clique aqui []!