SEMPRE MÚSICA . . .

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

[] Tom Jones : Perdão Por 51 Anos de Traições

O cantor Tom Jones pela primeira vez escreve uma música dedicada a sua mulher, com quem está casado há mais de meio século.

No final dos anos ’60, ele era bastante popular também aqui no Brasil, e podia-se assistir “ This is Tom Jones” programa semanal transmitido pela televisão. Alguns dos grandes sucessos da época eram “It’s not unusual”, “The green, green grass of home”, que recebeu até uma versão para o português e era um número obrigatório nos programas de calouros, a música era muito bonita, estava nas paradas de sucesso, mas derrubava quase todos os candidatos pois tinha uma melodia com uma variação grande de graves e agudos. De qualquer maneira, era divertido ver as tentativas...

Sem pronunciar a palavra “perdão”, Tom Jones faz um “mea culpa” perante Linda, que teve de suportar sua fama de mulherengo durante todo o tempo de casados.

Pela primeira vez em mais de 40 anos de carreira, o veterano artista decidiu dedicar uma música a sua mulher, e o resultado é “The Road”, que faz parte do seu disco “24 Hours”, quentinho, lançado agora em 25 de novembro, e apesar de não dizer exatamente “perdão”, fala das dores e tristezas que causou a Linda.

Casou-se com ela quando tinha 16 anos, e continua admitindo que fez com que ela chorasse “lágrimas de chuva” e que muitas vezes a deixou “destruída” e diz que seu amor continua sendo só dela...

Tom Jones, de 68 anos, está pronto para sair em turnê pelo mundo para promover “24 Hours”, enquanto Linda espera por ele na casa que têm em Los Angeles.

“Minha mulher é uma pessoa muito tranqüila, não gosta de festas e eu nunca forcei a barra para que me acompanhasse; respeito muito sua privacidade”

“Espero que esta música endireite certas coisas... para mim, foi como ir até o confessionário. Ainda mantemos os mesmos sentimentos básicos que nos uniram e os mesmos valores”.

As penas vividas pela mulher de Sir Tom Jones durante estes anos todos, são incontáveis, porém uma das mais “famosas” foi a que aconteceu em 1987 quando o cantor teve de pagar 50.000 libras – mais ou menos 63.000 euros – a uma modelo que moveu uma ação de reconhecimento de paternidade.

It’s not unusual.

[fonte // jornal espanhol “El Pais”]


quinta-feira, 20 de novembro de 2008

[] Joan Baez, Marca Registrada

Depois de uma ausência em disco de mais de cinco anos, Joan Baez está de volta com “The Day After Tomorrow”, esperado disco da artista por todos seus admiradores, que são muito, tendo-se em conta que ela está na estrada há quase cinqüenta anos.

E não “está na estrada” de maneira passiva, morna ou cantando bobagens boca afora. Sempre atuante, de maneira incisiva em todos os momentos musicais , políticos e culturais, Joan sempre foi uma ferrenha defensora dos direitos civis, participa de todas as grandes causas humanitárias, cantou grandes poetas americanos e grandes talentos contemporâneos até então desconhecidos, sempre cercada de boa literatura, desenhos, pinturas e manifestações artísticas as mais diversas.

E nestes anos todos, deixou sua marca, seu jeito, sua visão de mundo através de interpretações personalíssimas, sem sucumbir a modismos tolos e mercadológicos, respeitando sempre o compositor e sua obra, colocando sua voz – sempre impecável – a serviço da boa interpretação e da leitura humana do mundo em que vivemos.

Neste disco, canta composições de gente conhecida
, como o controvertido poeta-ator-compositor e cantor Tom Waits, execrado por muitos, mas adorado e respeitado pelo público “cult & marginal chic”.

Elvis Costello, astro britânico que transita facilmente e com sucesso entre os diversos gêneros musicais, e atual marido da pianista de jazz e cantora Diana Krall, também tem uma composição sua cantada aqui por ela.

É um disco de baladas introspectivas, reflexivas e adultas, de uma estética country, simples, com instrumentação sem excessos, acústica e servindo de base para a voz sempre limpa e clara de Joan Baez.

Voz e interpretação competentes, diga-se, pois Joan teria a capacidade de dar dignidade a qualquer musiquinha tola e caipira, se fosse o caso; mas não é.

E, como é do seu feitio, dia 29 de novembro de 2008, estará fazendo um concerto beneficente em favor das vítimas do furacão de Cuba e do Haiti, que será no “Santa Mônica Civic Auditorium”.[Califórnia, Estados Unidos]

Relação das músicas de “The Day After Tomorrow”:

# God is God
# Rose of Sharon
# Scarlet Tide
# Day After Tomorrow
# Henry Russel’s Last Words
# I am a Wanderer
# Mary
# Requien
# The Lower Road
# Jericho Road

[@] Leia mais sobre Joan Baez clicando aqui ![]


sexta-feira, 14 de novembro de 2008

[] O Magnetismo de Amy

Não lembro de presenciar tamanha atração exercida por um ídolo pop sobre os fãs. Todas as vezes que entro numa megastore aqui na Av.Paulista, está rolando o dvd do show de Amy Winehouse, numa tela enorme. E todas as vezes, tem gente assistindo. É impossível ficar indiferente à performance dela... É uma sedução especial; não tem nada de histeria, de gente rasgando roupa, gritando ou coisas do gênero...

É outra coisa, é um fascínio diferente que não é gratuito, é mais calmo, mais envolvente e mais hipnótico. E parados ali, na frente da tela, estão jovens e nem tão jovens senhores, de terno e gravata, com jeito de alguém que trabalha no mercado de ações. Tem garotada com pinta de skatista, tem uma japonesa com cara de irmã mais moça de Tomie Otaki, imóvel, olhando fixamente para as imagens.

Aproveito para ver o efeito que esta inglesa de apenas 25 anos, tão premiada e tão manchete no mundo inteiro causa nessa platéia eventual e discrepante.

Fico me perguntando quem seriam estas pessoas, longe do seu ambiente profissional. Ficam marcando o ritmo discretamente com o pé. Seriam roqueiros travestidos de executivos?, ou simplesmente gostariam de ter o talento e a desfaçatez de Amy, de subir num palco do jeito que ela se produz e lá, acompanhada por uma banda competente, rasgar o coração e cantar do jeito que ela canta, sem um pingo de pudor?

Prefiro achar que são apenas pessoas sensíveis, que gostam de música e reservaram um tempo durante o intervalo do almoço, para ver um artista vivendo o seu ofício, sem críticas ou recriminações aos abusos de Amy.

Ela só tem dois discos gravados. O primeiro, “Frank”, e o segundo, “Back to Black” levou-a para fama mundial, para uma premiação atrás da outra e para todos os excessos.

O que Amy compõe e canta é a sua vida, sentimentos básicos e comuns a todo ser humano, é a dor do adeus, do abandono, é a solidão, é o medo do que virá e o irremediável do que já foi. Não tem nenhuma mensagem escondida nas entrelinhas. É tudo muito claro, exposto, entregue, como se ela estivesse dizendo : “cuidado, é meu coração”...

Talvez isso, aliado à fragilidade que ela deixa passar com aqueles movimentos
ondulantes, seja o maior responsável por essa comunicação hipnótica que sabe muito bem estabelecer com sua platéia.

Basta uma música, somente uma , para você ficar parado, ouvindo, com os olhos grudados naquela figura absurda, com aquele cabelo indescritível, vendo o olhar perdido e emocionado quando ela canta “Love is a Losing Game”, belíssima e melancólica balada, que é a minha preferida... só esta música já vale o disco ou o dvd.

Somente um artista com muita sensibilidade
poderia cantar da maneira como ela canta, vivendo e sangrando cada nota de cada música apresentada. E como se não bastasse, Amy é dona de uma voz rica em nuances, com as cores que você quiser. E mais, ela passa total credibilidade naquilo que diz... e nos diz com a voz, com os olhos equilibrando uma lágrima que vai cair a qualquer momento e com o coração escancarado.


Quando o dvd terminou, subi as escadas rolantes e fui até a parte onde ficam os livros importados e vi uma edição inglesa mostrando Amy em vários momentos da sua vida. Pequena, no colo dos pais, brincando com seu irmão, tomando sorvete no jardim de uma casa típica de subúrbio inglês. Uma infância que não parecia antever nada do que viria depois. Nem de bom, nem de ruim.

Menina bonita, com uns olhos que a gente fica sem saber se são castanhos, verdes ou cor de mel, aos 15 anos, tocando guitarra com uma amiga, com quem formou a primeira “banda”. Depois, mulher cheia de peitos e curvas, sedutora, loira, loiríssima como se fosse uma musa do neo-realismo italiano.

Talvez por estas coisas todas, as pessoas fiquem encantadas com a música de Amy,
com esta mistura de jazz, de funk, de blues e de sei-lá-mais-o quê... e fiquem atentas a todo e qualquer movimento dela ali na tela, nos closes que dão no seu rosto, nos closes dados em pequenos detalhes, como o brinco, a ponta do sapato ou a vontade de chorar, que ela minimiza apertando a ponta do nariz com o dedo flexionado.

Torço de verdade para que ela consiga manter as rédeas de sua vida, e continue sua carreira até agora tão promissora e competente, e assim, chegar por aqui, um terceiro disco, com belas músicas, belos arranjos e uma Amy Winehouse mais feliz.



sexta-feira, 7 de novembro de 2008

[] Adriana: Ritmo, Melodia & Poesia

As letras de seu mais recente disco, “Maré”, são de poetas brasileiros como Antônio Cícero, irmão e parceiro de Marina Lima, Arnaldo Antunes, ex-Titãs, Waly Salomão, Augusto de Campos e Ferreira Gullar, que diz haver poesia porque a vida não basta.

“Completamente de acordo. Também disse Eliot,[1] que o poeta escreve para livrar-se das emoções. Aí, o problema passa a ser do outro”, comenta a cantora, rindo.

Adriana Cancanhotto gosta de Joan Brossa.[2]
“Existem muitos poemas sem poesia, e ele por sua vez, tem muita poesia em coisas que se chamam poemas visuais, só porque precisam ser chamados por um nome. Sua obra é violenta, ao mesmo tempo delicada e cheia de humor”.

Terça-Feira inaugurou em Madri o Festival Únicas; ontem cantou no Tenerife, hoje se apresenta em Girona e amanhã, cantará no “Palau de La Musica” em Barcelona.

“Maré”, co-produzido por Arto Lindsay,
obviamente está ligado ao mar. “Me fascina o mar, esse mar da literatura e das canções, o mar como metáfora da condição humana”, explica.

Quando gravou há dez anos atrás “Marítimo”, não pensava em termos de trilogia. “Apenas gravei e ponto. Mas quando me dei conta de que as músicas que eu ia gostando pelo caminho continuavam sendo “marítimas”, decidi assumir a idéia da trilogia. Porém, não haverá um terceiro, necessariamente”.

Adriana busca a simplicidade. “Minha meta é chegar ao essencial, eliminando os excessos, refinando até ficar somente com o que é essencial. Leva tempo e dá muito trabalho, porém é divertido porque é um processos, e os processos sempre me interessam”.

Na música brasileira está havendo um trânsito livre entre estilos, e já não tem mais movimentos tão definidos como Bossa Nova ou Tropicalismo. “Gosto que seja assim com as etapas de produção e poder fazer o disco com o computador doméstico e as pessoas trabalhando mais isoladas”, disse.

“Alguns anos atrás, recebia material de cantores e compositores, em que se via nitidamente as influências alheias... agora, já nem tanto, pois hoje os músicos jovens querem ser eles mesmos, ter uma identidade própria. Creio que essa mudança tão rápida tenha a ver com a Internet. As pessoas agora escutam o que querem”.

Acaba de publicar no Brasil “Saga Lusa”, um livro onde conta as desventuras de uma “bad-trip” medicamentosa. “Estava excursionando em Portugal e no segundo concerto estava me sentindo muito mal e com muita febre”.

“Um médico disse uma coisa, outro médico disse outra, tomei o que me receitaram e o resultado foi que passei cinco noites sem dormir, com alucinações e delírios”.

“Fiquei escrevendo no notebook para sobreviver, e foi o que me salvou... estava com o violão do lado, mas nem cheguei perto dele”.

“Compreendo alguém que nesta situação se desespere e se jogue pela janela, porque não podemos controlar a mente”.

Com o heterônimo de Adriana Partimpim, gravou em 2004 um disco bem interessante para crianças. Quando pequena, ainda em Porto Alegre, escutava com seus pais Chet Baker, Miles Davis e Piazzolla e ficava horrorizada com as canções infantis.

“Não entendo porque tratam as crianças como se elas fossem idiotas e burras. As crianças são transparentes, dizem o que pensam. Não têm as coisas tão rígidas e estabelecidas”.

“Tudo pode ser. E isso não é pouco”.


[1] Thomas Sterns Eliot [1888=1965] poeta modernista, dramaturgo e crítico literário americano; ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1948.

[2] Joan Brossa [1919=1998] poeta, dramaturgo, artista plástico e artista gráfico catalão, nascido em Barcelona.

@ fonte: “El País”, caderno de cultura, Carlos Galilea, 06/11/2008.

@ foto de Adriana : Bernardo Perez


@ artwork : roberto bezz

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

[] Nem Tão Bossa e Nem Tão Nova . . .

De saída devo deixar claro o meu azedume com esta “entidade” meio abstrata chamada “Indústria Fonográfica” simplesmente pela falta de respeito comigo, com você e com todas as pessoas que consomem o produto musical, seja lá em que suporte ou mídia ele chegue ao mercado.

Não tenho nada contra o lucro, em qualquer moeda, nada contra o comércio, e se você pensa que vou aqui fazer um manifesto hippie contra o “capitalismo selvagem” ou contra o “imperialismo das multi nacionais”, sinto muito, mas está enganado. Se for este o caso, pode clicar e sair...

Sou contra, isto sim, quando essa indústria pensa que todos os consumidores são burros, ignorantes, sem opinião própria e totalmente desinformados. E pior, quando tratam a todos nós como tal.

Os exemplos desse descuidado e dessa falta de consideração são muitos. Poucas são as gravadoras que informam no verso da embalagem do cd, quando se trata de uma compilação, qual música foi gravada ao vivo e qual o repertório de estúdio.

E como os discos são lacrados com plástico ou celofane, e não temos onde ouvi-los pois nem todas as lojas dispõem de fones com leitura ótica, só vamos constatar que fizemos uma compra que não queríamos, quando chegamos em casa. Mas aí, Inês é morta...

O nível do volume das gravações varia muito de uma faixa para outra, e a qualidade técnica dessas coisas tipo “o Melhor de Fulano” deixa muito a desejar, quase nunca informando o comprador, das épocas em que as diversas faixas foram gravadas. Geralmente nem sabemos se é uma regravação do próprio artista. Coisa bastante comum um artista regravar um sucesso seu em épocas diferentes e com arranjos também diferentes.

Deveria ser obrigatório , por lei, ter todas estas informações na parte posterior dos discos. E sempre me pergunto ainda, este “O Melhor de Fulano” é o “melhor” na opinião de quem? Do rapaz da gravadora? Da loira peituda da mecanografia? Qual será o critério usado na determinação do padrão qualitativo? E, pior, quando colocam duas ou três músicas mais tocadas, apenas para chamar a atenção e terminam a tal compilação com faixas inexpressivas, quase deconhecidas e de qualidade artística e técnica discutíveis.

Mas o meu desagrado de hoje, é contra este oportunismo burro, cada vez mais explícito e descarado. Quando o artista morre então, nem se fala... a maioria das gravadoras desenterra verdadeiros lixos e sobras de estúdio registradas e rejeitadas pelo defunto quando vivo, cria uma capa chamativa e um texto pra lá de piegas e dão o nome de “ A definitiva obra de Fulano de Tal”, ou “Beltrano para Sempre”, “ O Disco de Ouro de Sicrano” e assim por diante, banalizando de maneira absurda, muitas vezes, décadas de uma carreira.

Com as comemorações dos 50 anos da Bossa Nova encontra-se no mercado e nas tais “boas lojas do ramo”, megas e nem tão megas assim, exemplos muito claros do que estou falando.

Saiu do limbo uma quantidade infinita de cantores, orquestras e discos com a justificativa oficial do cinqüentenário do movimento-exaltação do “barquinho e da flor”. Tudo bem se houvesse mais critério nestes relançamentos. Maravilha..., mas não é.

Muitos artistas - alguns já mortos – que cantavam no final dos anos ’50 acompanhados de violão e pandeiro alguma e qualquer composição obscura de Tom Jobim ou Vinicius de Moraes receberam uma vestimenta “cult” de “As origens do Movimento”. É bom ter em mente que nem Tom nem Vinícius começaram sua produção artística com “Sabiá” nem com “Eu Sei que vou Te Amar”. Fica evidente a tentativa da indústria fonográfica em querer que acreditemos que aquele disco alí, reembalado e com uma etiqueta adesiva chamando a atenção, seja um disco de bossa nova, só porque foi gravado na mesma época em que o movimento nascia e se desenvolvia.

Ontem vi numa grande loja, em local de destaque um relançamento daquele disco duplo de Gal Costa, gravado ao vivo em ’98, cantando composições de Tom Jobim.

O disco na minha opinião é muito bom, comprei na época pois ali estão reunidos alguns dos clássicos eternos de Jobim, interpretados por uma Gal Gosta em excelente forma vocal, mas num momento delicado do ponto de vista mercadológico.

Acontece que sabidamente este disco vendeu muito menos do que se esperava, tanto é que a maioria das lojas rapidinho o colou em liquidação a R$ 12,00... isto mesmo, doze reais ! e você encontrava quantos quisesse e em qualquer loja. O comércio levou um bom tempo até se desfazer do encalhe musical-chique.

Mas o que me chamou a atenção foi o preço deste relançamento: R$ 45,00, com uma capa nova, em papelão, mais robusta, mais sarada. Aí fiquei me perguntando o porquê desta ressurreição tão enfática, tão veemente, como se este disco tivesse sido algum best seller. Não, não foi, nem na época da primeira prensagem, pelo contrário, foi decepcionante no quesito comercial. Fica parecendo que qualquer disco que "lembre" bossa nova ou que tenha a participação de algum músico contemporâneo do movimento, tem de ser caro, e ser tratado com um status diferente...

Aí, fiquei pensando em outros exemplos paralelos e semelhantes nas intenções. O que tem de disco relançado de Maysa, é impressionante. Alaíde Costa está presente em todos os escaninhos de letra “A” nas sessões de MPB de qualquer loja. O mesmo acontece com Johnny Alf, e Leny Andrade. Até Maria Creuza, as gravadoras foram bucar sabe-se lá onde, para comparecer nas prateleiras às homenagens aos 50 anos da Bossa Nova...

Quando estas comemorações começaram, as grandes lojas foram inundadas com relançamentos de discos raros e alguns gravados no exterior de Tom Jobim, quase a preços de disco importado e o que se vê agora, são vários deles com preços a menos da metade, quietinhos, paradinhos na prateleira sem ninguém levar... Além disso, acho que a maioria das lojas são de um otimismo exagerado quando projetam suas compras; até parece que as pessoas vão fazer filas e trocar tapas disputando um cd...foi-se o tempo...

Numa época em que o “download” está acessível a qualquer adolescente e você adquire legalmente uma música na internet por menos de R$ 2,00, em casa, tranqüilamente tendo ouvido antes para ver se gosta, e fazer a sua seleção musical, as lojas tradicionais deveriam treinar melhor seus atendentes, pois o desconhecimento da maioria é constrangedor. Com raras e louváveis exceções.

Assim, forma-se um círculo vicioso: as lojas compram uma quantidade enorme do que acham que vai ser vendido, e compram de menos o que realmente precisava. O gosto e o comportamento do consumidor está mudando rapidamente e muitas vezes de maneira drástica. O mais recente cd de Maria Rita, ”Samba Meu” que foi lançado em setembro’2007 com estardalhaço e a mais de R$ 35,00, pode ser encontrado hoje por menos de R$ 15,00...

Justamente por isso, acho que as lojas deveriam conhecer melhor o que vendem, para assim poder seduzir mais facilmente o cliente, ter uma visão mais atual e moderna da cena musical, e um termômetro virtual, para vislumbrar mais a fundo o túnel para onde vai a música, medir a temperatura com maior freqüência e principalmente, saber como anda o gosto de quem a consome. Sei que a tarefa não é fácil, mas é necessária.


Quem me conhece, sabe muito bem que gosto de música, sou admirador da Bossa Nova tanto do ponto de vista musical, quanto comportamental. Gosto de quase todo mundo que iniciou este movimento, e nem vou citar nomes pois sabidamente a lista é grande.Só não gosto do que a indústria do disco faz com eles, e conosco.

Nós não somos o Jeca Tatú.