SEMPRE MÚSICA . . .

domingo, 9 de dezembro de 2007

[] Ângela Maria / Sapoti Forever

Imaginemos uma moça carioca, nos anos 40, trabalhando como inspetora de qualidade na fábrica de lâmpadas da G.E. = General Eletric.
Esta funcionária era sempre repreendida pois vivia cantando durante o trabalho, os colegas paravam para ouvi-la cantar, e o serviço não rendia...

Esta mocinha, magra e sonhadora vinha de uma família bem religiosa e tinha recebido uma educação severa. Seu pai era pastor em uma igreja Batista em Macaé, lugar onde ela nasceu.

Cantava no coro da igreja, mas era fã incondicional de Dalva de Oliveira, e sonhava um dia ser como seu ídolo, cantar, ser famosa, e receber muitos aplausos.

Escondida da família, esta moça até então chamada Abelim Maria da Cunha freqüentava todos os programas de calouros que podia e para não ser reconhecida no rádio, dava o nome de Ângela; Ângela
Maria...

Nasceu em 13 de maio de 1928, e antes dos anos 50, já se apresentava em programas de nome "Pescando Estrelas".
“A Ho
ra do Pato” e o famoso e disputado programa de Ary Barroso.

Vence todos os programas que participa, mas ninguém queria contratá-la pois simplesmente ela era uma cópia de
Dalva de Oliveira. Tanto na maneira de cantar como no repertório.
Era um elogio e ao mesmo tempo um problema...

Decidida a levar a sério a carreira de cantora, deixa a igreja, briga com a família, abandona o emprego na fábrica de lâmpadas e vai morar com uma irmã em Bonsucesso, para poder aceitar um convite que recebeu para ser “crooner” do “Dancing Avenida”. Seu salário passaria de 300 cruzeiros velhos para 3 mil cruzeiros velhos! diferença considerável...

Lá faz sucesso mas é orientada pelo dono a parar de imitar Dalva, e tratar de providenciar um repertório seu, diferente das coisas que ela cantava...

Nestes anos 50, o rádio estava em todo seu esplendor, com auditórios lotados, programas disputados e Ângela vai cantar na Radio Nacional, levada por alguém que a viu cantando no “Dancing Avenida”, se apresenta no “Programa de César de Alencar” e canta na Rádio Mayrink Veiga.

Um sucesso atrás do outro. Tanto é, que em 1954 é eleita a “Rainha do Rádio”, título que simbolizava sucesso, fama, empatia com o público e discos vendidos.

Ângela torna-se a cantora mais popular do Brasil nesta época, e firma-se definitivamente no cenário artístico
brasileiro.
Excursiona pela Europa, vai até África, canta pelas Américas. Vira modelo para diversas colegas e motivo de inspiração para futuras gerações...

Elis Regina sempre assumiu que a grande influência dela foi Ângela Maria, a quem imitava “descaradamente”...

Chico Buarque disse que Ângela é “todas numa só...”

Getúlio Vargas, em uma festa nos jardins de uma mansão no Rio de Janeiro foi quem apelidou-a de “Sapoti”, pela sua cor e pela “doçura” da voz...

Junto com
Nora Ney, Dolores Duran e Maysa, Ângela eternizava o samba-canção, gênero muito de nosso agrado, já que vínhamos abandonando o bolero aos poucos, por uma coisa mais nossa, numa época imediatamente pré-bossa nova.

Ângela gravou muito mais de 100 discos, e fez uma lista grande de sucessos, como:

“Cinderela” / “Fósforo Queimado” / “Vida de Bailarina” / “Orgulho” / “Lábios de Mel” / “Gente Humide” / “Falhaste Coração” / “Tango para Tereza” e tantas outras músicas...

Nos anos 70 Ângela é um pouco esquecida, deixada de lado pelas gravadoras, e por grande parte de um público infiel e volúvel.

Os motivos são inexplicáveis. Se desilude com o Rio e vem morar e cantar em São Paulo, quase anônima em pequenos bares, alguns “nightclubs”, para um público menor, restrito e saudoso de ouvir e ver a “Sapoti” em um palco e com um microfone na mão.

Grava com colegas ilustres como Cauby Peixoto, Agnaldo Timóteo e divide uma música com João Bosco, “Miss Suéter”.

Em 2003 fez uma temporada de mais de 6 meses no “Bar Brahma” em São Paulo, cantando todas as terças-feiras para um público bastante jovem, que a conhecia de fama e como um sinônimo de música romântica brasileira. Um grande clássico.
De todos os tempos.

Mas Ângela será a eterna "Sapoti", um patrimônio nacional, que está passando de geração para geração. Ainda Bem! Vamos aguardar o próximo cd...


7 comentários:

Adriana disse...

Tive o prazer de assistir um show dela e CAWBY PEIXOTO no Rio.Muito bom!!

Otávio disse...

Você sabe como eu gosto desta mulher. Obrigado pela "aulinha" sobre sua vida. É uma pena que, como tantas outras, ela tenha sido esquecida. Poderia ser o nosso grande monstro sagrado

Odilon disse...

Será que se você colocar uns duzentos post sobre a Angela Maria as pessoas notam o quanto estão perdendo em não escutá-la mais?
Realmente é uma pena amigo Otavio, mas a vida é assim. Muitas outras estão esquecidas. Enquanto isso na Bahia...

Anônimo disse...

O TRISTE MESMO É SABER QUE A REVISTA ROLLING STONE, VERSÃO BRASIL, ESCOLHEU AGORA AS CEM MAIORES PERSONALIDADES DA NOSSA MÚSICA E NÃO INCLUIU ANGELA MARIA. SINCERAMENTE, O QUE ESTES JORNALISTAS, BRASILEIROS, SABEM DE MÚSICA???

Anônimo disse...

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FÁBIO RAMOS. disse...

ANGELA MARIA , ABSOLUTA RAINHA DA MPB ESTE PAIS QUE TRISTIMENTE DA ESPAÇOS A MÚSICAS SEM CULTURA NENHUMA COM UM APELATIVO ERÓTICO TERRIVEL ,NOSSA QUE TIPOS DE JORNALISTAS O BRASIL PRODUZIL ?UMA PENA QUE ESTES NÃO CONHECEN O TRABALHO ETERNO ABSOLUTO E GRANDIOSO DA DÍVA 'ANGELA MARIA' SALVE Á SAPOTI UMA RAINHA ENTRE NOIS .ABRAÇOS A TODOS QUE TEM BOM GOSTO.

Anônimo disse...

Essa mulher canta tudo, nossa gosto demais, vcs já ouviram alguém cantar Terra Seca como ela o faz mui bem. parabens Angela