Se eu pudesse apertar a tecla “retroceder” do HD do meu cérebro e procurar o registro musical mais antigo, certamente iria parar na música MEU PRIMEIRO AMOR, com “Cascatinha & Inhana”.
Não consigo ir mais atrás, não há registro musical para mim antes disso; pelo menos, que eu lembre. Não me parece ter ouvido outra música antes desta.
Evidentemente, não sei precisar a idade que eu tinha, mas lembro desta música no ar, saída de algum rádio, ou cantada por alguém...não sei.
Esta lembrança sempre me acompanhou de maneira muito forte e muito clara, de alguma época da minha infância com muito sol, céu azul, muito verde em volta, e esta música no ar; e para mim isto é o bastante.
A nostalgia que sinto hoje quando ouço MEU PRIMEIRO AMOR, é a mesma que eu sentia na época, só que eu não sabia o que significava esta palavra, este sentimento difuso e pulverizado, como se fosse uma tristeza alinhavada com saudade de alguma coisa ou de alguém...
Por estes motivos, esta música está para mim naquela categoria acima do bem e do mal, do brega, do chic, do cult ou do rastaqüera, do feio ou do bonito. É MEU PRIMEIRO AMOR, é “Cascatinha & Inhana” e ponto. Isso basta.
Não consigo ir mais atrás, não há registro musical para mim antes disso; pelo menos, que eu lembre. Não me parece ter ouvido outra música antes desta.
Evidentemente, não sei precisar a idade que eu tinha, mas lembro desta música no ar, saída de algum rádio, ou cantada por alguém...não sei.
Esta lembrança sempre me acompanhou de maneira muito forte e muito clara, de alguma época da minha infância com muito sol, céu azul, muito verde em volta, e esta música no ar; e para mim isto é o bastante.
A nostalgia que sinto hoje quando ouço MEU PRIMEIRO AMOR, é a mesma que eu sentia na época, só que eu não sabia o que significava esta palavra, este sentimento difuso e pulverizado, como se fosse uma tristeza alinhavada com saudade de alguma coisa ou de alguém...
Por estes motivos, esta música está para mim naquela categoria acima do bem e do mal, do brega, do chic, do cult ou do rastaqüera, do feio ou do bonito. É MEU PRIMEIRO AMOR, é “Cascatinha & Inhana” e ponto. Isso basta.
Eles se conheceram romanticamente numa pracinha de interior. Mais precisamente na Praça Central de Araras, no interior do estado de São Paulo.
Ela, morava ali e cantava nesta praça com o serviço de alto-falante, junto com sua irmã, Maria das Dores. Ela ainda era conhecida por Ana Eufrosina da Silva Santos, era noiva fazia mais de ano, e ia casar dali a alguns meses.
Ele, Francisco dos Santos, estava de passagem pela cidade e estava na praça fazendo divulgação do circo em que trabalhava e que tinha recém chegado ali.
Foi amor à primeira vista, diriam mais tarde. Tanto é que depois desta tarde, desta pracinha e da troca de alguns olhares lânguidos e compridos, 5 meses depois estavam casados contra a vontade da família de Ana, é claro, pois como era costume se dizer na época, “artista tem um amor em cada cidade”...
Ele nasceu em 1919 e após a morte de seu pai, vai com a família para Marília [SP]. Como era um menino que gostava de música e era agitado, logo entra na banda local. Aos 18 anos além da Banda de Marília, começa a fazer parte de outro conjunto, como cantor e baterista.
Chega um circo na cidade, e ele consegue ser contratado pelo “Grande Circo Nova York”...
Faz logo uma amizade com o malabarista, de nome Natalício , passam horas a fio conversando durante o dia, e nos intervalos dos ensaios; nosso herói então, resolve aprender violão. Tocam e cantam juntos, então decidiram que poderiam formar uma dupla.
Natalício se chamaria CHOPE [de chopp] e Francisco se chamaria CASCATINHA, que era o nome de uma cerveja bem conhecida e popular na época, sendo a preferida de Noel Rosa, por exemplo...
Existe uma outra versão, menos provável, para a origem do nome CASCATINHA: diz a lenda que quando ele era pequeno, gostava de cabular aula para se meter no meio do mato e tomar banho em uma pequena cascata que havia...
As fontes variam as informações; umas dão uma versão da origem do apelido, e outras, dão a outra.
Seja lá como for, aqui fica o registro...
Foi então que CHOPE & CASCATINHA passam por Araras para divulgar o “Grande Circo Nova York” onde trabalhavam
E nosso herói conhece Ana na tal pracinha que falei lá em cima...o ano era 1941.
Com CASCATINHA apaixonado e tendo se casado 5 meses depois deste encontro, a dupla inicial virou o TRIO ESMERALDA, já que agora tinha uma voz feminina.
Vão para o Rio de Janeiro, e se apresentam num programa de calouros famoso na época: PAPEL CARBONO, de Renato Murce, que ia ao ar pela Rádio Nacional.
No Rio, houve um desentendimento sério entre CHOPE & CASCATINHA, e Chope resolve abandonar o trio e voltar para São Paulo.
O problema é que eles tinham um show marcado para aquela noite em Volta Redonda, e não poderiam se apresentar mais como trio.
Então Cascatinha tem a idéia de batizar Ana de “INHANA”, para intencionalmente ter um som mais de interior, mais caipira. Assim, surgiu a dupla CASCATINHA & INHANA.
No Rio, em 1947, são contratados pelo circo “Estrela D’Alva”, que excursiona por São Paulo, onde nossa dupla é contratada pela Rádio Bauru, sob um contrato de 1 ano.
Na capital de São Paulo, cantam por um bom tempo na Rádio América e em 1950 fazem parte do “cast” da Rádio Record, a emissora mais poderosa da época, onde assinam um contrato de 12 anos !
Em 1951, gravam seu primeiro disco, LA PALOMA, mas foi no ano seguinte, 1952, o grande estouro da dupla, quando seu segundo disco, um 78 rpm, traz de um lado MEU PRIMEIRO AMOR e do outro ÍNDIA, todas duas eram versões de músicas paraguaias.
O sucesso de vendagem deste disco, foi uma coisa sem precedentes, que pegou todo mundo de surpresa, até mesmo despreparado, para a repercussão que isto causou, principalmente pela época, que nem todas as casas tinham um aparelho de tocar discos. O rádio ainda era o grande astro como eletrodoméstico musical...
Foi neste período da Rádio Record que CASCATINHA & INHANA ganharam o apelido que carregaram para sempre: OS SABIÁS DO SERTÃO.
Fizeram muito sucesso, foram muito premiados, e chegaram a ganhar 3 ROQUETE PINTO, em 1951, 1953 e 1954.
Ganharam 6 DISCOS DE OURO, o que significava muito para época , e principalmente tendo-se em mente também o gênero musical. Não era comum cantores de música sertaneja [sertão do Brasil, e não sertão de Nashville, nos Estados Unidos] venderem tanto, receberem tantos prêmios e ganharem tantas capas de revista como nossa dupla ganhou.
Gravaram 34 discos de 78rpm, o que dá um total de 68 músicas, e mais 30 LP’s.
Os especialistas em música vocal e críticos da época, sempre elogiaram muito o timbre e a afinação de Inhana, e o casamento perfeito das vozes dos dois.
O belo timbre de soprano dela, aliado à uma sofisticada “segunda voz” dele, produziram um resultado sonoro da mais alta qualidade técnica.
Nos anos 70 as vendas de seus discos começam a cair vertiginosamente, e Cascatinha resolver ser dono de um circo, plano que não deu muito certo, pois em pouco tempo perdeu tudo. Faz então shows mambembes pelo interior, para arrecadar dinheiro e refazer o caixa do casal.
Na cidade de São Paulo, em 1978 montam o espetáculo “ÍNDIA”, no teatro Alfredo Mesquita, onde intercalavam números musicais com suas histórias de vida.
Em junho de 1981, quando fariam um show no Maracanã, para comemorar tantos anos de casamento e carreira musical, Inhana tem um ataque cardíaco aos 57 anos, caminhando pelas ruas de São Paulo.
Assim, desta maneira trágica, a dupla OS SABIÁS DO SERTÃO chegaria ao fim...
Cascatinha, ainda continuou se apresentando sozinho em shows pelo interior, e em algum programa de tv dedicado a este segmento musical, mas morre em 1996, em conseqüência de uma cirrose hepática.
Mas suas músicas ainda estão por aí, ainda podemos encontrar seus discos, que tenho certeza, continuarão a trazer belas lembranças a ouvintes comuns, assim como eu, em algum lugar neste imenso Brasil.
Ela, morava ali e cantava nesta praça com o serviço de alto-falante, junto com sua irmã, Maria das Dores. Ela ainda era conhecida por Ana Eufrosina da Silva Santos, era noiva fazia mais de ano, e ia casar dali a alguns meses.
Ele, Francisco dos Santos, estava de passagem pela cidade e estava na praça fazendo divulgação do circo em que trabalhava e que tinha recém chegado ali.
Foi amor à primeira vista, diriam mais tarde. Tanto é que depois desta tarde, desta pracinha e da troca de alguns olhares lânguidos e compridos, 5 meses depois estavam casados contra a vontade da família de Ana, é claro, pois como era costume se dizer na época, “artista tem um amor em cada cidade”...
Ele nasceu em 1919 e após a morte de seu pai, vai com a família para Marília [SP]. Como era um menino que gostava de música e era agitado, logo entra na banda local. Aos 18 anos além da Banda de Marília, começa a fazer parte de outro conjunto, como cantor e baterista.
Chega um circo na cidade, e ele consegue ser contratado pelo “Grande Circo Nova York”...
Faz logo uma amizade com o malabarista, de nome Natalício , passam horas a fio conversando durante o dia, e nos intervalos dos ensaios; nosso herói então, resolve aprender violão. Tocam e cantam juntos, então decidiram que poderiam formar uma dupla.
Natalício se chamaria CHOPE [de chopp] e Francisco se chamaria CASCATINHA, que era o nome de uma cerveja bem conhecida e popular na época, sendo a preferida de Noel Rosa, por exemplo...
Existe uma outra versão, menos provável, para a origem do nome CASCATINHA: diz a lenda que quando ele era pequeno, gostava de cabular aula para se meter no meio do mato e tomar banho em uma pequena cascata que havia...
As fontes variam as informações; umas dão uma versão da origem do apelido, e outras, dão a outra.
Seja lá como for, aqui fica o registro...
Foi então que CHOPE & CASCATINHA passam por Araras para divulgar o “Grande Circo Nova York” onde trabalhavam
E nosso herói conhece Ana na tal pracinha que falei lá em cima...o ano era 1941.
Com CASCATINHA apaixonado e tendo se casado 5 meses depois deste encontro, a dupla inicial virou o TRIO ESMERALDA, já que agora tinha uma voz feminina.
Vão para o Rio de Janeiro, e se apresentam num programa de calouros famoso na época: PAPEL CARBONO, de Renato Murce, que ia ao ar pela Rádio Nacional.
No Rio, houve um desentendimento sério entre CHOPE & CASCATINHA, e Chope resolve abandonar o trio e voltar para São Paulo.
O problema é que eles tinham um show marcado para aquela noite em Volta Redonda, e não poderiam se apresentar mais como trio.
Então Cascatinha tem a idéia de batizar Ana de “INHANA”, para intencionalmente ter um som mais de interior, mais caipira. Assim, surgiu a dupla CASCATINHA & INHANA.
No Rio, em 1947, são contratados pelo circo “Estrela D’Alva”, que excursiona por São Paulo, onde nossa dupla é contratada pela Rádio Bauru, sob um contrato de 1 ano.
Na capital de São Paulo, cantam por um bom tempo na Rádio América e em 1950 fazem parte do “cast” da Rádio Record, a emissora mais poderosa da época, onde assinam um contrato de 12 anos !
Em 1951, gravam seu primeiro disco, LA PALOMA, mas foi no ano seguinte, 1952, o grande estouro da dupla, quando seu segundo disco, um 78 rpm, traz de um lado MEU PRIMEIRO AMOR e do outro ÍNDIA, todas duas eram versões de músicas paraguaias.
O sucesso de vendagem deste disco, foi uma coisa sem precedentes, que pegou todo mundo de surpresa, até mesmo despreparado, para a repercussão que isto causou, principalmente pela época, que nem todas as casas tinham um aparelho de tocar discos. O rádio ainda era o grande astro como eletrodoméstico musical...
Foi neste período da Rádio Record que CASCATINHA & INHANA ganharam o apelido que carregaram para sempre: OS SABIÁS DO SERTÃO.
Fizeram muito sucesso, foram muito premiados, e chegaram a ganhar 3 ROQUETE PINTO, em 1951, 1953 e 1954.
Ganharam 6 DISCOS DE OURO, o que significava muito para época , e principalmente tendo-se em mente também o gênero musical. Não era comum cantores de música sertaneja [sertão do Brasil, e não sertão de Nashville, nos Estados Unidos] venderem tanto, receberem tantos prêmios e ganharem tantas capas de revista como nossa dupla ganhou.
Gravaram 34 discos de 78rpm, o que dá um total de 68 músicas, e mais 30 LP’s.
Os especialistas em música vocal e críticos da época, sempre elogiaram muito o timbre e a afinação de Inhana, e o casamento perfeito das vozes dos dois.
O belo timbre de soprano dela, aliado à uma sofisticada “segunda voz” dele, produziram um resultado sonoro da mais alta qualidade técnica.
Nos anos 70 as vendas de seus discos começam a cair vertiginosamente, e Cascatinha resolver ser dono de um circo, plano que não deu muito certo, pois em pouco tempo perdeu tudo. Faz então shows mambembes pelo interior, para arrecadar dinheiro e refazer o caixa do casal.
Na cidade de São Paulo, em 1978 montam o espetáculo “ÍNDIA”, no teatro Alfredo Mesquita, onde intercalavam números musicais com suas histórias de vida.
Em junho de 1981, quando fariam um show no Maracanã, para comemorar tantos anos de casamento e carreira musical, Inhana tem um ataque cardíaco aos 57 anos, caminhando pelas ruas de São Paulo.
Assim, desta maneira trágica, a dupla OS SABIÁS DO SERTÃO chegaria ao fim...
Cascatinha, ainda continuou se apresentando sozinho em shows pelo interior, e em algum programa de tv dedicado a este segmento musical, mas morre em 1996, em conseqüência de uma cirrose hepática.
Mas suas músicas ainda estão por aí, ainda podemos encontrar seus discos, que tenho certeza, continuarão a trazer belas lembranças a ouvintes comuns, assim como eu, em algum lugar neste imenso Brasil.
(@) Este “post” é dedicado ao meu amigo Otávio, que sei bem, também tem ótimas lembranças desta dupla, quando suas irmãs mais velhas enchiam a casa com estas músicas, num cenário de montes, vales e pontilhões.
4 comentários:
Esta homenagem é muito bonita.Amigos são amigos não é?Um bom domingo a você.
Você realmente sabe das coisas. Obrigado pela dedicação. As músicas desta dupla realmente tocam fundo em minhas lembranças. Gostava da dupla e adorava a música, mas não sabia metade desta história que você contou.
Parabéns.Eu tenho 20 anos de idade e dentre meu gosto por musicas eletrônicas e mais modernas está meu encanto por esta dupla.Quando ouço a música deles relaxo muito.Inhana tem uma voz muito gostosa de se ouvir e junto com cascatinha torna-se uma perfeita harmonia.AINDA acho que a mídia também deveria prestar estes tipos de homenagens.Sem mais, meus agradecimentos.
Grande e merecida homenagem aos grandes sabias do sertão....
Postar um comentário