SEMPRE MÚSICA . . .

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

[] Juliette Gréco, Bon Anniversaire ! [1927]

“Elle a des millions dans la gorge, des poèmes qui ne son pas encore écrits”

“A sua voz tem milhões de poemas que ainda não foram escritos”

[ Jean-Paul-Sarte sobre Juliette Gréco ]

Com 81 anos comemorados agora no dia 07 de fevereiro, Marie-Juliette Gréco, há muito que se tornou uma lenda francesa.

É uma das muitas caras de Paris, uma mulher que acompanhou muito de perto os diversos movimentos sociais, políticos e culturais da cidade, sempre de uma maneira bastante ativa e participante.

Nascida em Montpellier
, além de ser uma cantora-símbolo, é também uma atriz que começou a representar profissionalmente em 1947, e seu mais recente filme, é de 2001...

Em 1958, participou do famoso e agora “cult” BONJOUR TRISTESSE, filme de Otto Preminger, baseado no romance de Françoise Sagan, que tinha no elenco uma jovem Jean Seberg, interpretando a filha do recém viúvo David Niven.

Outro filme que entrou para a história do cinema que trata de assuntos de guerra, foi o filme de Anatole Litvak, A NOITE DOS GENERAIS, que Juliette participou em 1966. No teatro suas participações eram bem mais esporádicas.

E é uma grande atriz. Quem já teve oportunidade de vê-la cantando, sabe bem do que estou falando...

Sua figura no palco = e não é preciso mais nada = suas mãos, seus braços, olhares e pausas, são de uma eloqüência e dramaticidade difíceis de descrever.

Simplesmente porque ela canta o amor, e o amor não se explica.
Apenas vive-se dele e por ele, este estranho sentimento que é objeto das maiores criações artísticas da humanidade.

Seja lá em que departamento for; literatura, teatro, música, uma tela, não importa, o amor estará lá representado e referido para sempre. Grandes e pequenas obras de arte continuam sendo feitas por causa do amor...

Marie-Juliette foi uma menina muito tímida e introvertida
. Ela e sua irmã mais velha, Charlotte, foram criadas por um bom período pelos avós maternos no interior da França.

Com 6 anos, ela, sua irmã e sua mãe vão para Paris
onde as meninas vão para um colégio de freiras bem tradicional e severo, e apenas passam as férias em Dordogne, numa casa de campo que a família possuía.

Foi lá que sua mãe foi presa pelos nazistas devido às suas atividades bem inflamadas junto a Resistência Francesa. Pouco depois, aos 16 anos, é a própria Juliette e Charlotte que são presas pela Gestapo.

Depois de ficarem 1 mês detidas,
Juliette vai se abrigar na casa de uma antiga professora, que morava em Paris, bem pertinho de Sain-Germain-des-Prés, bairro que sempre foi ligado à intelectualidade de Paris, e neste bairro logo se integra com o grupo de artistas, pensadores, pintores e poetas que freqüentam os cabarés, restaurantes e cafés.

Aos 19 anos, em 1946, estréia no teatro e no rádio, e sendo uma freqüentadora assídua do LE TABOU, inaugurado em 1947, logo virou um cabaré da moda e lá conhece Jean-Paul Sartre, Albert Camus, Boris Vian e Jean Cocteau, além de vários músicos de passagem por Paris, como aconteceu com Miles Davis.

Foi neste local que Sarte presenteou Juliette com um de seus poemas, que era uma canção de uma peça teatral. Assim começa um repertório raro, famoso e respeitado, pois Juliette, até sem ter muita noção, foi chamada por todos de A MUSA DO EXISTENCIALISMO, movimento filosófico e literário e um “estado de espírito”, vivido e divulgado por todos estes intelectuais, no período pós-guerra, que apregoava a liberdade individual do ser humano, sua responsabilidade, e a subjetividade da existência...

Sendo assim, músicos e poetas tinham o maior prazer em dar sua produção artística para ser “divulgada” por Juliette, pois logo ela lança moda, e sua figura de cabelos longos e negros, vestida sempre de preto e fumando sem parar, fizeram escola não só na França.

Seu primeiro disco é de 1951, “Je suis comme je suis” e até hoje é um clássico do repertório de suas apresentações.
Em 1952, faz uma turnê pelo Brasil e Estados Unidos, e na volta, excursiona por toda a França, onde cai definitivamente no gosto dos franceses e vira uma figura nacional.

Em sua estada pelos Estados Unidos, é muito bem recebida e vai parar em Hollywood, onde convive com gente como John Huston, Orson Welles e o produtos Darryll Z
anuck.

Dotada de um grande carisma, vira fada-madrinha de vários artistas e lança compositores como Serge Geinsbourg e Léo Ferré.

De 1967 a 1977, foi casada com o consagrado ator Michel Piccoli, marido de Catherine Deneuve em “Belle de Jour”.

Continua a viajar intensamente pelo mundo, especialmente Japão e Alemanha, onde seus concertos viram um acontecimento...

Em 1989 casa-se com seu pianista e maestro Gerard Jouannest, que a acompanha até hoje. De seu primeiro casamento, teve apenas uma filha Laurence-Marie, que nasceu em 1956.

Recebe do governo francês em 1999 as INSÍGNIAS DA ORDEM NACIONAL DO MÉRITO. Em Janeiro de 2001 vai para Portugal se apresentar e em maio do mesmo ano, durante um concerto em Montpellier, cidade onde nasceu, teve sérios problemas cardíacos.

Em 2004, lota o OLYMPIA, com seu público fiel, de décadas e mais uma nova geração curiosa em conhecer mais de perto, este símbolo de Paris.

E, como sempre acontece, tive o prazer de ganhar de presente de meus amigos Odilon e Otávio, “globe-trotters” incansáveis, o cd e o dvd deste recital.

É pura magia. São décadas de palco, de aplausos, de sucessos, de amores & desamores...
Décadas de poesias e canções.

Esta é Juliette Gréco,
Ça c’est Paris !

[mes félicitation et bon anniversaire, Juliette] !!


3 comentários:

Odilon disse...

Se tu estas usando a tática de citar a fonte dos cds esperando outros, no futuro, estás completamente certo. Como eu já disse vale a pena trazer lembranças das globe-trotagens para ti.

Tanto o cd como o dvd, da musa existencialista,são primorosos.

Adriana disse...

Pare de trazer lembranças de molecagem para Odilon ele vai achar que ainda é um garoyão para repeti-las!!

Otávio disse...

Ela estava repetindo o show em Paris quando nós compramos o cd e o dvd. Tinha cartazes pela cidade toda, não dava para não trazer.