SEMPRE MÚSICA . . .

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

[] Núbia Lafayette

É curioso como alguns artistas passam praticamente desconhecidos ou, no mínimo, à margem do grande público.

Núbia Lafayette é um bom exemplo disto.Com praticamente 50 anos de carreira, garanto que muita gente, mas muita gente mesmo, não saberia dizer quem terá sido esta senhora.

Se uma jornalista capixaba, vedete do Carlos Machado, ou seria uma mulher da alta sociedade brasileira, casada com o herdeiro da cadeia de Hotéis Lafayette?

Nada disto. A resposta é simples e quase prosaica: Núbia Lafayette foi uma cantora brasileira, que morreu este ano, 2007.

De vendedora das Casas Pernambucanas, participou de inúmeros programas de calouros nos bons tempos do rádio, tornou-se “crooner” da boate “Cave”, no Rio de Janeiro, gravou seu primeiro disco em 1960 na RCA Victor, apresentada por Nelson Gonçalves, na época um dos maiores nomes da música nacional e uma estrela da RCA.

Seu primeiro disco foi o clássico de Adelino Moreira, “Devolvi”, e depois, ela viria a gravar inúmeros discos totalmente com músicas de Adelino, pois tornou-se a melhor intérprete feminina deste compositor.
Como era de se esperar, era fã de Dalva de Oliveira, assim como quase todas as cantoras da época, pelo tipo de música, pela passionalidade e pelo romantismo.

Afinal, estávamos em tempos de bolero e de samba-canção. Juntamente com o chamado samba-exaltação, estes dois gêneros eram o que se cantava no Brasil.

Núbia, por sua vez, influenciou várias cantoras populares e mais contemporâneas. Alcione, por exemplo sempre diz em entrevistas que fala de sua carreira, que tudo o que ela queria ser, era ser Núbia Lafayette!
Fafá de Belém também, sempre se refere a ela com carinho e admiração...e tantas outras, que não dizem claramente, mas deixam uma fresta por onde se pode ver com clareza de onde vem as influências.

Independente do fato de gostarmos ou não do gênero musical, uma coisa temos que admitir:
Poucos artistas são valorizados à sua época. Nem artista nem movimento musical. E todo e qualquer segmento da cultura é assim. O jazz, que hoje é considerado elegante e chique sei-lá-porquê, quando começou, era uma coisa de marginal, coisa de submundo...

A bossa nova também viu muito nariz torcido, O rock, o tango....e a Jovem Guarda então? Hoje tudo isso é “cult”. É só o tempo passar, e Altemar Dutra será “cult”, assim como Roberto Carlos, Odair José, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Agnaldo Timóteo e claro, Núbia Lafayette, que morreu ao 70 anos por complicações decorrentes de um acidente vascular cerebral, em Niterói, no Rio de Janeiro onde vivia.

Um comentário:

HUGO LAFAYETTE disse...

Bravíssimo! Núbia foi e é um grande sucesso da música nacional mais nunca teve a projeção que mereceu por causa de meia dúzia de elitistas que insistem em querer classificar o que é chique e o que e brega. A grande verdade é que Núbia sempre foi um dos cantos mais sofisticados de todos os tempos.