Uma bela manhã eu acordo com uma voz de mulher cantando acompanhada por uma orquestra cheia de violinos.
Passo pela sala e vejo um LP no sofá, que era verde e na capa do disco, esta foto que ilustra o post.
Minha mãe tinha o hábito de fazer as coisas de casa ouvindo música. Rádio ou disco, tanto fazia, o importante era que tivesse alguém cantando pela casa.
Nunca tinha ouvido aquela voz nem o nome “Maysa”...
Me chamou a atenção a foto, o jeito da capa e perguntei para minha mãe quem era.
A resposta foi assim, displicente:
Passo pela sala e vejo um LP no sofá, que era verde e na capa do disco, esta foto que ilustra o post.
Minha mãe tinha o hábito de fazer as coisas de casa ouvindo música. Rádio ou disco, tanto fazia, o importante era que tivesse alguém cantando pela casa.
Nunca tinha ouvido aquela voz nem o nome “Maysa”...
Me chamou a atenção a foto, o jeito da capa e perguntei para minha mãe quem era.
A resposta foi assim, displicente:
“- é uma mulher rica de São Paulo, que se separou do marido e virou cantora...”
Tomei meu café bem devagar, a manhã estava bonita, clara, um sol iluminando o jardim e pela janela da sala entrava o perfume de flor de laranjeira plantada na lateral da casa, bem na altura da janela onde ficava o toca-discos.
Claro que eu não entendia praticamente nada do que ela realmente estava dizendo, das metáforas e das dores, muito menos as desventuras de um adeus.
Eu era um adolescente e demorei um certo tempo para descobrir que o “mundo” a que ela se referia em “Meu mundo caiu”, não era um globo terrestre escolar que havia caído de algum armário. Quanta ingenuidade...
Mesmo assim, gostava do que ouvia, gostava da orquestra, dos instrumentos e das estórias que ela contava em cada música.
Posso até dizer sem medo de errar, que foi a primeira vez que ouvi uma composição de Tom Jobim, “Por causa de você”. Possivelmente também, a primeira vez que ouvia algo de Vinícius de Moraes: “Bom dia Tristeza”, esta em parceria com Adoniran Barbosa.
O disco tinha Meu mundo caiu = No meio da noite = Bronzes e cristais = Por causa de você = Bom dia tristeza = Felicidade infeliz = Diplomacia = Meu sonho infeliz = Caminhos cruzados = E a chuva parou = Mundo novo = Bouquet de Izabel....
O título do LP era uma maravilha, bem coisa da época: “Convite Para Ouvir Maysa n.2”... Este disco foi muito ouvido lá em casa por anos seguidos. Logo logo vieram outros LP’s dela pois a série de “convites” ia até o n.4.
Depois ouvi Maysa cantando bolero, cantando em inglês, e até em turco! (“ne me quitte pas” viria algum tempo depois). A orquestra era a do maestro italiano radicado no Brasil, Enrico Simonetti e a gravadora era a RGE.
Para mim este disco – especialmente este – é um marco pois faz parte da minha história. Maysa já não existe, nem o maestro Simonetti, nem a gravadora RGE, nem a minha mãe e nem aquela laranjeira em flor.
Tomei meu café bem devagar, a manhã estava bonita, clara, um sol iluminando o jardim e pela janela da sala entrava o perfume de flor de laranjeira plantada na lateral da casa, bem na altura da janela onde ficava o toca-discos.
Claro que eu não entendia praticamente nada do que ela realmente estava dizendo, das metáforas e das dores, muito menos as desventuras de um adeus.
Eu era um adolescente e demorei um certo tempo para descobrir que o “mundo” a que ela se referia em “Meu mundo caiu”, não era um globo terrestre escolar que havia caído de algum armário. Quanta ingenuidade...
Mesmo assim, gostava do que ouvia, gostava da orquestra, dos instrumentos e das estórias que ela contava em cada música.
Posso até dizer sem medo de errar, que foi a primeira vez que ouvi uma composição de Tom Jobim, “Por causa de você”. Possivelmente também, a primeira vez que ouvia algo de Vinícius de Moraes: “Bom dia Tristeza”, esta em parceria com Adoniran Barbosa.
O disco tinha Meu mundo caiu = No meio da noite = Bronzes e cristais = Por causa de você = Bom dia tristeza = Felicidade infeliz = Diplomacia = Meu sonho infeliz = Caminhos cruzados = E a chuva parou = Mundo novo = Bouquet de Izabel....
O título do LP era uma maravilha, bem coisa da época: “Convite Para Ouvir Maysa n.2”... Este disco foi muito ouvido lá em casa por anos seguidos. Logo logo vieram outros LP’s dela pois a série de “convites” ia até o n.4.
Depois ouvi Maysa cantando bolero, cantando em inglês, e até em turco! (“ne me quitte pas” viria algum tempo depois). A orquestra era a do maestro italiano radicado no Brasil, Enrico Simonetti e a gravadora era a RGE.
Para mim este disco – especialmente este – é um marco pois faz parte da minha história. Maysa já não existe, nem o maestro Simonetti, nem a gravadora RGE, nem a minha mãe e nem aquela laranjeira em flor.
Um comentário:
Grande Maysa!
Este “que” de marginalidade é que sempre me agradou nesta mulher. Sua mãe foi muito gentil ao dizer que ela se separou, ela se desquitou, e com toda a conotação pejorativa que tinha a palavra no final dos anos 50, quase um sinônimo de prostituição.
Então imagine o cenário. Uma mulher desquitada, que bebia, fumava e cantava na noite. Agravado, ainda, com o tipo de música que ela cantava, normalmente boleros com muito sofrimento, não poderia deixar de ser um símbolo do mal para as "boas" famílias da época.
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