Mas na vida real, o que seria isto, que as pessoas até diziam de maneira meio empolada, e com um brilho estranho nos olhos, de quem sabiam onde estava o Santo Graal?
Músicos esquisitos apareceram aos montes, tocando instrumentos mais esquisitos ainda, muitos deles fabricados para executar esta nova mania musical, que advinhava a salvação do mundo e prometia que nós, através desta nova música, descobriríamos o ponto “G” da nossa alma e do nosso espírito...
Transformou-se pirâmides em estúdios, para que assim a forma piramidal pudesse captar todas as nuances e matizes do novo som.
Alguns músicos e técnicos subiram aos mais altos montes do planeta, e improvisaram estúdios para captar o som dos ventos...afinal estavam tão perto do céu...
Gravou-se ruídos diferentes de quase todos os tipos de baleias nas profundezas dos mares, e depois mixavam em estúdio com aquele som indecifrável de instrumentos musicais.
Cheguei a ter uma fita com uma destas gravações, e que era narrada pelo ator que fazia na televisão a personagem do Dr. Spock...afinal, estávamos nos anos 80 ainda.
É verdade que dentro deste movimento ou modismo, apareceu muita coisa boa, fiquei conhecendo vários artistas realmente muito interessantes e competentes, que levavam a coisa a sério. Tanto vocal, como intrumental.
Nos Estados Unidos = principalmente lá = foram
criadas várias gravadoras e selos, para publicar
exclusivamente este tipo de música. Faziam produções caprichadas, com belas capas, qualidade técnica impecável, farta informação sobre o trabalho, ficha técnica completa de músicos, locais de gravação, equipe de engenheiros, consultores e todo mundo envolvido no projeto.
Coisa realmente profissional, tratada com o máximo de respeito para conosco, ouvintes e simples consumidores.
Mas = sempre tem um “mas” = apareceu muita porcaria também, muita coisa vagabunda e ordinária.
O oportunismo da maioria das gravadoras nacionais e a falta de escrúpulo de seus respectivos executivos fez desta tal de new age uma verdadeira praga.
Pegava-se um músico desconhecido, um teclado ordinário que parecia estes de churrascaria e faziam o “artista” ficar tocando uma melodia monótona, repetitiva, pobre de tudo e na capa vinha umas fotos de qualidade duvidosa e NEW AGE escrito em letras garrafais.
Tudo era NEW AGE...quase todas as gravadoras nacionais incluíram em seus catálogos, suplementos da tal música da nova Era.
Na minha opinião, o Brasil assimilou mal este tipo de música e digeriu pior ainda.
Hoje ainda podemos ouvir coisas desta safra em programas de tv que tratam de saúde alternativa, vida alternativa, spa’s que prometem a juventude eterna, clínicas de estética que deixam algumas mulheres com cara de tamborim...
Enfim, tudo o que for alternativo e semi-marginal, mesmo que chique, está associado à tal música, prometendo muito irresponsavelmente, a “elevação” do espírito e a drenagem das toxinas da alma...
(Eu tenho um pouco de medo quando estes tipos de sereias começam a cantar)
Um comentário:
Que medo! Ainda bem que a moda passa.
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