SEMPRE MÚSICA . . .

sexta-feira, 28 de março de 2008

[] Piaf !!! [1915=1963]

Escrever o que sobre Edith Piaf ? Que ela é a cara da França, que virou o símbolo de Paris tanto quanto a Torre Eiffel?

Mais de 50 livros já foram escritos sobre ela mundo a fora; biografias autorizadas e não autorizadas, autobiografias e inúmeros depoimentos de pessoas que conviveram com ela, tanto do chamado mundo artístico, como pessoas de atividades anônimas, amigos, conhecidos e vizinhos.

É natural que um nome como o dela seja motivo de histórias e mais histórias, que com o passar dos anos assumem um ar de lenda entremeada de verdades.

Ou verdades alinhavadas com lendas as mais diversas?



O fato é que Edith Giovanna Gassion , nasceu em dezembro de 1915, numa calçada, em frente ao número 72 da Rua Belleville, num bairro muito simples de imigrantes.

O parto teria sido realizado com o auxílio de um policial, que estava passando pelo local.

Este cenário do nascimento de Edith é um dos mais prováveis quando se trata de sua biografia. E como sua mãe era uma cantora de bar em bar, e cantava também pelas ruas do bairro, esta hipótese não é tão absurda assim.

Seu pai era um saltimbanco, trabalhava em circos e fazia um dinheiro extra sendo acrobata pelas calçadas, e teria um papel muito importante na vida de Edith, pois foi ele quem - da maneira que pôde - tomou conta dela quando sua mãe abandonou o lar e saiu em busca do sonho de ser cantora.
Mas o talento limitado e a bebida não a deixaram ir muito longe...

Quase tudo o que importa sobre o personagem Piaf já foi escrito, já foi contado, e já foi até inventado, numa exacerbada licença poética... mas isto acontece com os grandes nomes, da dor ou da alegria. Esta teia nebulosa sempre envolve os grandes mitos. That´s life...

Piaf, que virou o símbolo do amor, de todos os amores, dos fracassos e da desesperança. Da espera e do abandono.

Piaf, que cantou aqueles que vivem à margem da felicidade, à margem da vida...

Piaf, que quando pequena foi morar num bordel ao sul da França, na Normandia, onde sua avó paterna era gerente, e virou a mascote das prostitutas que ali moravam e trabalhavam. E por quem foi muito bem cuidada e alimentada, pois quando chegou, estava enfraquecida, doente, mal nutrida e com poucas noções de higiene pessoal.

A mesma Piaf que quando estava lá, perdeu a visão temporariamente por conta de uma queratite, e junto com uma das prostitutas foi até o túmulo de Santa Teresa do Menino Jesus, na cidade de Lisieux, para rezar e pedir pela sua recuperação.

O fato é que 8 dias após esta visita, Edith volta a enxergar e assim, torna-se devota fervorosa de Santa Teresa, de quem não se separava de uma medalha até o fim de seus dias.

Aos 18 anos tem uma filha de um pedreiro, Luis Dupont, a quem deu o nome de Marcelle, mas morre de meningite aos dois anos.

Edith era baixinha, magra, e estava muito longe de ser bonita; mas tinha no rosto o olhar suplicante daqueles que precisam de amparo, que precisam de uma oportunidade, pois têm algumas forças secretas para lutar contra as adversidades.

Uma tarde, quando cantava pelas calçadas do bairro, assim como sua mãe fizera alguns anos antes, Edith chamou a atenção de um homem que parou na esquina e ficou vendo sua apresentação.

Era Louis Leplée, um empresário dono um pequeno “cabaret” ali perto que convidou–a para uma audição. A figura dela era estranha, a voz era estranha e a maneira de interpretar, também, e assim, Edith estréia cantando em um local mais adequado em 1935. Sugeriu que ela se vestisse sempre de negro, pois esta cor funcionava melhor num palco, e era melhor para a iluminação.

Leplée fez uma grande divulgação de sua mais nova aquisição e convidou vários nomes do espetáculo e da boemia da época, para assistir a apresentação; e entre estas pessoas estava Maurice Chevalier.

Edith ganha um contrato com a POLYDOR, e assim, começa a escalada ao sucesso e em 1937, consegue um contrato com o Teatro ABC, local que era um verdadeiro pré-requisito para o sucesso e popularidade.

Esta Edith Piaf, que perto do fim não tinha medo da morte, mas sim um verdadeiro pavor da solidão, é a mesma que durante a segunda guerra era uma ferrenha lutadora contra a invasão alemã, e cantava nas bases militares e campos de concentração para prisioneiros.

Neste período de guerra, conhece e se apaixona pelo jovem cantor Yves Montand, e canta com ele no Moulin Rouge; mas tão logo o “chansonnier” se torna famoso, os dois se separam.

Em 1946 Edith escreve os versos daquela que talvez tenha sido sua canção mais popular e mais famosa: “LA VIE EN ROSE.
Neste mesmo ano faz uma turnê pelos Estados Unidos, volta no ano seguinte a Nova York e estão lá para aplaudi-la Marlene Dietrich, Charles Boyer e Orson Welles.

Em 1951 sofre um acidente de carro, e começa a usar morfina, que acabou virando um vício até sua morte. A morfina e o álcool, contribuíram em muito para debilita-la ao extremo e deixar com que ela parecesse sempre 20 anos mais velha.

Nesta época conhece o grande amor de sua vida. Um pugilista casado, Marcel Cerdan, e também o primeiro homem fora do meio artístico por quem ela se apaixona perdidamente.

Mas um desastre aéreo põe um ponto final nesta história de amor e deixa Edith completamente destruída, e sem vontade de viver. Período negro para ela, que se atira de cabeça em todas as bebidas e em todas as drogas disponíveis. Conhecidas ou não.

Mas, no meio desta imensa dor e depressão, ela tem a inspiração de compor juntamente com sua amiga e pianista Marguerite Monnot o clássico HYMNE A L’AMOUR, homenagem explícita a seu amor que acabara de morrer e que torna Edith Piaf conhecida mundialmente.

Ninguém sabe com certeza o quanto de dinheiro ela ganhou com sua voz e sua arte, mas nunca foi vista esbanjando riqueza ou ostentando bens materiais.

Continuava sempre uma mulher simples, pequena, frágil, sempre vestida de negro, sem jóias, a não ser sua medalha de estimação de Santa Teresa do Menino Jesus.

Era a Edith diminuta, que cantava o amor, e que tinha necessidade deste amor, assim como do ar que se respira...

Era a Edith que no palco ficava enorme, dramática, expressiva e trágica, com seu olhar suplicante, sua boca crispada e vez ou outra um lampejo de auto-piedade.

Sua casa e sua intimidade foram freqüentadas por homens a quem ela ajudou a lançar e/ou impulsionar suas carreiras, como Gilbert Bécaud, Charles Aznavour, Leo Ferré e Eddie Constantine.

Na época, todos eles jovens, bonitões e sedutores. Na maioria das vezes eram relações produtivas, pois seus amores e amigos sempre escreveram canções para ela, que na sua voz viravam sucesso garantido.

Em 1956 e 1957 volta aos Estados Unidos, para se apresentar no CARNEGIE HALL, onde o público lhe agradece, encantado com sua performance, com um aplauso de 7 minutos de “standing ovation.

De volta a Paris, faz uma temporada de 4 meses no OLYMPIA, superlotado, com público e crítica delirando com o fenômeno Piaf.

Após uma broncopneumonia, Edith foi com seu marido da época, Theo Sarapo, seu cabeleireiro, que ela estava transformando em cantor, para o sul da França, para convalescer; mas lá teve uma recaída e volta a Paris quase um fiapo, numa cadeira de rodas.

Era 1963, e ela aparentava muitíssimos anos mais que seus 48 anos, corpo menor ainda, curvado pela idade e pelos maus tratos físicos e emocionais, mãos crispadas e já com algumas deformações devido a artrite.

Assim morreu Edit Piaf. Era outubro de 1963.

As despedidas fúnebres foram escritas por seu amigo de quase toda a vida, o poeta, escritor, e dramaturgo Jean Cocteau, que morreu de infarto poucas horas após saber da morte dela e de escrever a homenagem...

Em 2007 chegou até nossos cinemas EDITH PIAF – UM HINO AO AMOR, belo e emocionante filme que deu o OSCAR, na minha modesta opinião, merecido, a MARION COTILLARD, que nos presenteia com uma Piaf estupendamente patética. Se você ainda não assistiu, assista. Já está disponível em dvd.

Em Paris já existia uma praça com seu nome e agora, mais recentemente uma estátua de Edith Piaf foi colocada no “20’ arrondissement”, distrito onde nesceu. Foi sepultada no " Père-Lachaise", cemitério célebre de Paris, no mesmo "arrondissement" e onde estão enterrados Oscar Wilde, Marcel Proust, Amedeo Modigliani, Gilbert Bécaud, Maria Callas e Fréderic Chopin...

Edith Giovanna Gassion, Edith Piaf.

A que viveu, cantou e morreu por amor.

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2 comentários:

Adriana disse...

Novamente primoroso.Tem presentinho nos TRES MARIAS para voce

nd disse...

Oi,
Adoro a Edith, não fui de sua época, mas conheço todo seu trabalho como cantora. Linda voz.
Bye