SEMPRE MÚSICA . . .

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

[] O Magnetismo de Amy

Não lembro de presenciar tamanha atração exercida por um ídolo pop sobre os fãs. Todas as vezes que entro numa megastore aqui na Av.Paulista, está rolando o dvd do show de Amy Winehouse, numa tela enorme. E todas as vezes, tem gente assistindo. É impossível ficar indiferente à performance dela... É uma sedução especial; não tem nada de histeria, de gente rasgando roupa, gritando ou coisas do gênero...

É outra coisa, é um fascínio diferente que não é gratuito, é mais calmo, mais envolvente e mais hipnótico. E parados ali, na frente da tela, estão jovens e nem tão jovens senhores, de terno e gravata, com jeito de alguém que trabalha no mercado de ações. Tem garotada com pinta de skatista, tem uma japonesa com cara de irmã mais moça de Tomie Otaki, imóvel, olhando fixamente para as imagens.

Aproveito para ver o efeito que esta inglesa de apenas 25 anos, tão premiada e tão manchete no mundo inteiro causa nessa platéia eventual e discrepante.

Fico me perguntando quem seriam estas pessoas, longe do seu ambiente profissional. Ficam marcando o ritmo discretamente com o pé. Seriam roqueiros travestidos de executivos?, ou simplesmente gostariam de ter o talento e a desfaçatez de Amy, de subir num palco do jeito que ela se produz e lá, acompanhada por uma banda competente, rasgar o coração e cantar do jeito que ela canta, sem um pingo de pudor?

Prefiro achar que são apenas pessoas sensíveis, que gostam de música e reservaram um tempo durante o intervalo do almoço, para ver um artista vivendo o seu ofício, sem críticas ou recriminações aos abusos de Amy.

Ela só tem dois discos gravados. O primeiro, “Frank”, e o segundo, “Back to Black” levou-a para fama mundial, para uma premiação atrás da outra e para todos os excessos.

O que Amy compõe e canta é a sua vida, sentimentos básicos e comuns a todo ser humano, é a dor do adeus, do abandono, é a solidão, é o medo do que virá e o irremediável do que já foi. Não tem nenhuma mensagem escondida nas entrelinhas. É tudo muito claro, exposto, entregue, como se ela estivesse dizendo : “cuidado, é meu coração”...

Talvez isso, aliado à fragilidade que ela deixa passar com aqueles movimentos
ondulantes, seja o maior responsável por essa comunicação hipnótica que sabe muito bem estabelecer com sua platéia.

Basta uma música, somente uma , para você ficar parado, ouvindo, com os olhos grudados naquela figura absurda, com aquele cabelo indescritível, vendo o olhar perdido e emocionado quando ela canta “Love is a Losing Game”, belíssima e melancólica balada, que é a minha preferida... só esta música já vale o disco ou o dvd.

Somente um artista com muita sensibilidade
poderia cantar da maneira como ela canta, vivendo e sangrando cada nota de cada música apresentada. E como se não bastasse, Amy é dona de uma voz rica em nuances, com as cores que você quiser. E mais, ela passa total credibilidade naquilo que diz... e nos diz com a voz, com os olhos equilibrando uma lágrima que vai cair a qualquer momento e com o coração escancarado.


Quando o dvd terminou, subi as escadas rolantes e fui até a parte onde ficam os livros importados e vi uma edição inglesa mostrando Amy em vários momentos da sua vida. Pequena, no colo dos pais, brincando com seu irmão, tomando sorvete no jardim de uma casa típica de subúrbio inglês. Uma infância que não parecia antever nada do que viria depois. Nem de bom, nem de ruim.

Menina bonita, com uns olhos que a gente fica sem saber se são castanhos, verdes ou cor de mel, aos 15 anos, tocando guitarra com uma amiga, com quem formou a primeira “banda”. Depois, mulher cheia de peitos e curvas, sedutora, loira, loiríssima como se fosse uma musa do neo-realismo italiano.

Talvez por estas coisas todas, as pessoas fiquem encantadas com a música de Amy,
com esta mistura de jazz, de funk, de blues e de sei-lá-mais-o quê... e fiquem atentas a todo e qualquer movimento dela ali na tela, nos closes que dão no seu rosto, nos closes dados em pequenos detalhes, como o brinco, a ponta do sapato ou a vontade de chorar, que ela minimiza apertando a ponta do nariz com o dedo flexionado.

Torço de verdade para que ela consiga manter as rédeas de sua vida, e continue sua carreira até agora tão promissora e competente, e assim, chegar por aqui, um terceiro disco, com belas músicas, belos arranjos e uma Amy Winehouse mais feliz.



2 comentários:

Adriana disse...

acho que eu não a conheço muito..

Anônimo disse...

Uns amigos foram ver o concerto da Amy aqui no Parque da Bela Vista e só foi pena que ela não esteve nada bem, não se aguentava de pé e o som estava péssimo... é uma pena e Deus queira que ela encontre o seu caminho rápido pois os ingleses não lhe dão muitos anos de vida!
Xi-coração,
Ana