SEMPRE MÚSICA . . .

sábado, 9 de agosto de 2008

[] Marlene, A Favorita da Aeronáutica... ! [1924]

O post anterior foi dedicado a Emilinha Borba. Mas como falar em Emilinha, sem falar em Marlene? Estes dois nomes andam juntos há mais de meio século, o que não é pouco...

Apesar de toda a rivalidade artística, incentivada pela imprensa e saboreada pelos fãs de ambas, eram amigas na vida real, fora dos palcos e dos estúdios.
Quando Emilinha morreu, em 2005, Marlene passou a noite inteira debruçada sobre o caixão da amiga, chorando e consternada com a morte repentina daquela estrela de décadas e décadas da época de ouro do nosso rádio.

Marlene é paulistana e nasceu aqui pertinho de casa, no bairro de Bela Vista, assim como o Bixiga, conhecido reduto de famílias ítalo-brasileiras.

Não chegou a conhecer seu pai, que morreu exatamente sete dias após seu nascimento, em 22/11/24. Recebeu o nome de Victória Bonaiutti de Martino e foi a caçula de três irmãs.

Sua mãe não casou novamente e como a família vivia com o orçamento apertado, foi procurar um bom colégio para Victória, para que a menina tivesse uma educação formal descente e se preparasse para um futuro que não parecia acenar com nada de tão promissor assim.

Como freqüentava assiduamente a Igreja Batista, conseguiu internar Victória no “Colégio Batista de São Paulo”, pagando apenas uma pequena taxa onde a menina ficou dos 4 aos 15 anos.

Sua mãe ganhava a vida como
costureira e ainda achava tempo para trabalhar como alfabetizadora voluntária no Instituto de Surdos Mudos de São Paulo.

Em troca do internato, Victória ajudava o Colégio nas tarefas do dia a dia, como arrumar as camas,
recolher a louça e levar para a cozinha e limpar o quadro negro com apagador depois das aulas.

Era uma aluna de rendimento satisfatório, mas onde se destacava mesmo era no esporte, em diversas modalidades. Tanto é, que era sempre ela a representar o Colégio Batista nos campeonatos entre os colégios.

Desde cedo, demonstrava um temperamento inquieto e se comportava de maneira exuberante.

Depois destes anos todos de internato, decidiu que iria ser contadora e para isso, matriculou-se na “Faculdade do Comércio” que ficava ali na Praça da Sé, bem no centro de São Paulo, e
durante o dia, trabalhava num escritório comercial também pertinho, na Rua Direita.

Meteu-se na Associações de Alunos, organizava debates culturais e artísticos e juntamente com mais alguns amigos e colegas conseguiram um espaço na Radio Bandeirantes, no programa “A Hora do Estudante”.

Foi lá que deixou de ser Victória e tornou-se Marlene, em confessa homenagem a Marlene Dietrich, diva alemã, que estava em pleno apogeu no imaginário de toda e qualquer garota que sonhava com vida artística.

Exercia suas atividades de cantora sempre às escondidas, pois sua mãe não permitiria nem em sonhos que alguma de suas filhas descambasse pelos caminhos da arte...

Começou a faltar às aulas, sua mãe descobriu, fez o maior escândalo, botou Marlene de castigo, mas claro que não adiantou, pois em 1940 ela estréia profissionalmente na Rádio Tupi, também de São Paulo.

Pouco depois, decidida a se tornar uma “artista”, muda-se para o Rio de Janeiro em 1943, sob os protesto familiares e fatalmente vai parar no Cassino da Urca, Rádio Globo, Rádio Mayrink Veiga e Cassino Icaraí, de Niterói.

Faz também uma longa temporada como crooner do Golden Room do Hotel Copacabana Palace. Marlene agradou tanto, que depois de pouco tempo acabou se tornando a estrela principal de lá. Sempre elogiada pela crítica e pelos freqüentadores.

Gravou seu primeiro disco em 1946, que era para a Odeon
acompanhada pelo conjunto “Brazilian Serenaders”, e neste mesmo ano começa a gravar músicas para o carnaval, com acompanhamentos dos “Vocalistas Tropicais”.

Ano seguinte faz uma bem sucedida temporada na boate “Casablanca”, tendo o grande pianista Bené Nunes como músico. Neste mesmo ano, seria a primeira cantora
a gravar para o recém criado selo “Star”, que seria a futura gravadora “Copacabana”...

Quando foi contratada pela Rádio Nacional, sua carreira deslanchou
, pois além de estar na emissora que era sonho dourado de qualquer artista, coube a ela estreiar no “Programa César de Alencar”, quando então
recebe dele o slogan que ficou famoso: “Ela, que canta e samba diferente...!!”

1949 foi um ano importante para Marlene, pois além de gravar um dueto com Emilinha Borba, acompanhadas pela “Orquestra Tabajara”, de quebra ainda é eleita a Rainha do Rádio, concurso que era promovido pela Associação Brasileira de Rádio.

Com o prestígio do título, ganha um programa só seu
na Rádio Nacional, de nome “Duas Majestades”.

Neste ano, gravou um baião de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, que ficou famoso: “Qui Nem Jiló”, assim mesmo com q,u,i. Esta gravação teve o acompanhamento do maestro Severino Araújo e da
“Orquestra Tabajara”.

A disputa entre ela e Emilinha está acirrada.
..Marlene torna-se cantora exclusiva do programa de Manuel Barcelos, enquanto Emilinha era exclusividade do programa de César de Alencar.

Nesta época, Marlene além de cantora, começa a atuar também como atriz, alternando-se entre revistas musicais e peças teatrais de maior complexidade dramática.

Em 1952 grava “Lata D’Água”, música até hoje associada a seu nome.

Estréia no Teatro de Comédia, ao lado de
Wanda Lacerda e Maurício Shermann.

É neste ano que recebe o título de “A Favorita da Aeronáutica”, dado pela FAB e entregue pessoalmente pelo Brigadeiro Eduardo Gomes.

Em 1959, no LP “Explosiva”, grava Brigas Nunca Mais, de Tom Jobim e Vinícius de Morais... como dá para ver, Marlene era uma artista que lançava moda, e estava atenta ao que se passava em sua volta.

Neste ano, recebe um convite de Edith Piaf, que após assistir algumas apresentações de Marlene, quer levá-la para o Olympia de Paris. E assim, Marlene se torna a primeira cantora brasileira a se apresentar no Olympia...

Recebe ainda neste ano, o título de “Cidadã Carioca” que lhe foi dado pela Câmara Municipal do
Distrito Federal.

Em 1965
recebe o troféu “IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro” e quatro anos depois, o “Troféu Camem Miranda”, que premia os melhores intérpretes de músicas para o Carnaval...

Em 1970, na peça “Alice no País Divino Maravilhoso”, Marlene trabalha ao lado de Ary Fontoura, Milton Gonçalves e Hildegard Angel.

Já em ’79 e ’80, dedica-se a viajar pelo Brasil com a “Ópera do Malandro”, espetáculo musical de
Chico Buarque de Hollanda.

Desde o final dos anos ’90, que Marlene participa todos os anos dos shows de fim de ano nas areias de Copacabana, além do famoso Carnaval na Cinelândia.

Em 2005 fez uma angioplastia e colocou 3 “stents”, mecanismos que dilatam as artérias obstruídas por placas de colesterol, no Hospital São Lucas, no Rio de Janeiro, onde foi parar após severa crise hipertensiva.

Por uma estranha coincidência, o show mais recente de Marlene, foi no Carnaval de 2005, quando dividiu o palco com sua “eterna” rival e amiga até a morte, Emilinha Borba.








5 comentários:

Anônimo disse...

Que Maravilha !!!!

olga rocha disse...

Maravilha mesmo,esta é a Marlene
que conheci. Perfeito!

Anônimo disse...

Nada se compara a tudo que foi Marlene e pra sempre lembrada com suas atuações nos palcos da arte...filmes, peças musicais, teatro, shows e o radio...sua voz ecoou por todo o Brasil...seus gestos largos fizeram escola e hoje podemos dizer sem medo algum...Marlene é e sempre será a Maior!

Zello Visconti disse...

registo meu entusiasmo diante da historia dessa cantora popular...Marlene é o respeito pela arte...disciplinada e profissional, sempre atuante e politicamente correta...Saudo Marlene e aplaudo entusiasticamente, sou seu fã desde 1950...
Zéllo

Anônimo disse...

Puxa, MARLENE tem tão poucas fotos. Alguém sabe onde encontrar mais ?