SEMPRE MÚSICA . . .

terça-feira, 12 de agosto de 2008

[] Pat Boone, Padrão Americano [1934]

No final dos anos ’50 e durante toda a década de ’60, existiam dois grandes ídolos jovens americanos : De um lado, Elvis Presley, com todo o ar de renovação e rebeldia que era proposto na maneira de cantar, de vestir e na simples atitude do dia a dia.

De outro, um modelo de bom moço que os americanos adoram até hoje. Cara de bom rapaz, bom filho, bom irmão, bom aluno, bom vizinho e bom tudo. Em outras palavras, quase um chato. O equivalente da época aos politicamente corretos em excesso dos dias de hoje, o “bonzinho – vaselina”.

Sempre em cima do muro, querendo agradar todo mundo, e fingindo virtudes que na maioria das vezes, nem têm e mal conhecem o significado dos adjetivos pelos livros...

Se Elvis revolucionou a maneira de se dar ao público, e veio ao encontro de novas necessidades juvenis, precisadas de um sangue novo, e de uma rebeldia mais atualizada, Pat Boone perpetuou o clichê americano, solidificando cada vez mais a imagem do moço de cara limpa, vestido com apuro, barba sempre bem feita, cabelos penteados e um boletim escolar impecável.

Cada um com sua contribuição musical e comportamental. Graças à Deus sempre houve público para tudo.

Nasceu Charles Eugene Patrick Boone em 01/06/34 em Jacksonville, Florida, e garante ser um descendente direto do famoso pioneiro americano Daniel Boone, personagem bastante popular de uma série de TV durante os anos ’60.

Graduado “Magna Cum Lauda” em 1958 pela Universidade de Columbia.

Quando Pat Boone gravou seu primeiro disco, em 1954, ele já era casado, mas a imprensa e os meios de comunicação da época não faziam muito alarde deste detalhe pessoal, pois comercialmente, era muito mais interessante que ele continuasse sendo um personagem bom partido e que povoasse os sonhos e desejos das mocinhas virgens, casadoiras virtuosas que sonhavam com uma casinha ajardinada e cercas brancas, num subúrbio tranqüilo, perdido em qualquer lugar do território americano. De preferência que fossem exímias fazedoras de geléia de amoras.

Alguma coisa parecida aconteceu também com Brenda Lee, que mal completou 18 anos e se casou com seu namoradinho de adolescência....e muita gente não sabe que ela já é avó de dois netos e mãe de duas filhas de mais de 40 anos e que os tempos de garotinha cantando “Jambalaya” já vão longe...


No final dos anos ’50, Pat vivia com a família numa modesta casa em New Jersey, apesar de faturar anualmente [em valores da época], 750 mil dólares.

Tinha como marca registrada, um par de tênis sempre branco que usava para compor seu visual bem educado, com suéteres de decote “V”, camisas listradas e um ar de quem só se alimentava de iogurte com sucrilhos.

Seu primeiro filme, em 1957, foi “April Love”, ao lado deShirley Jones e deu ao mundo inteiro uma canção de mesmo nome, que ficou em primeiro lugar nas paradas de sucesso por quase 2 meses.

Até hoje as boas emissoras de FM, ainda executam “Love Letters in the Sand”, “Friendly Persuation”, “Moody River” e Bernardine. Romântico, sem “babação” e uma bela voz associada a um carisma natural, foi o ídolo do americano conservador padrão.

Pat foi criado na igreja “Chuch of Christ”, que é o nome original da “Primeira Igreja dos Santos dos Últimos Dias”, ou “Igreja Mórmon”, à escolha do freguês, denominação fundada em 1830 por Joseph Smith. Mas nos final dos anos ’60, Pat e família mudam de igreja e tornam-se pentencostais.

Por conta de seus princípios religiosos, recusava músicas e filmes que não estivessem de acordo com as normas da igreja, ou que pudessem arranhar a imagem de rapaz puro e de boa família.

Este comportamento causava um certo mal estar nos estúdios musicais e cinematográficos, pois volta e meia criava atritos com produtores e colegas.

Uma vez, Pat se recusou a aceitar um papel para atuar ao lado do então sonho escondido da maioria dos americanos: a louríssima Marilyn Monroe...

Quando filmou “April Love”, não quis beijar a atriz Shirley Jones como o roteiro pedia, pois tanto ele como ela, eram casados na vida real com seus respectivos cônjuges, e na cabeça dele, isto não ficava bem.

Este comportamento “sabonete” foi contestado pela “Hustler Magazine”, na sua edição de janeiro de 1984, quando afirma ser absolutamente verdadeira uma foto em nu frontal de Pat mais jovem , posando para um “sex-card”... Não se tem notícia de nenhuma ação do artista contra a revista.

Pat teve programas na televisão e no final dos ’60 começa a escrever livros de auto ajuda dirigidos aos adolescentes. Quando ele casou, em 1953, tinha apenas 19 anos.

A mulher era Shirley Lee Foley, filha de uma lenda da música country, Red Foley.
Desde o final dos anos ’50 e durante a década seguinte, Pat foi “garoto propaganda” da Chevrolet, substituindo a atriz e cantora Dinah Shore, patrimônio americano.

Dizia slogans como “Veja os Estados Unidos de dentro de seu Chevrolet” ou “Dirija seu Chevrolet através dos Estados Unidos e descubra a maior nação de todas as Américas”.

Tiveram 4 filhas, entre elas, Debby Boone, que também é cantora e nora da grande Rosemary Clooney...

Em ’97, Pat Boone dá uma derrapada na sua carreira e arranhou sua imagem de uma forma ridícula, totalmente desnecessária e quase bizarra. Lançou um infeliz cd com o título “In a Metal Mood- No More Mr. Nice Guy” que em português seria qualquer coisa como “Num Clima Metaleiro-Não Mais Sr .Bom Moço”, numa alusão evidente a uma virada que pretendia dar.

O disco era todo de música de "metaleiro", e para divulgar este infeliz lançamento, comparecia aos lugares, vestido com um colete de couro sem camisa por baixo, óculos escuros e uma atitude “metálica”, querendo mostrar uma juventude que evidentemente não existia há muito...

Só que nesta época, ele já estava com quase 65 anos e quando compareceu com esse visual ao “American Music Awards”, decepcionou fãs e admiradores mais conservadores.

Foi excluído do “Gospel América”, programa de música religiosa transmitido pela “Trinity Broadcasting Network”. Um ano depois deste lamentável episódio, os ânimos de patrocinadores e dirigentes televisivos já estavam mais aquietados e Pat foi readmitido.

Volta às suas raízes religiosas e em 2003 a “Gospel Music Association” de Nashville reconhece seu trabalho discográfico gospel e o introduz no almejado “Gospel Music Hall of Fame”.

Novas polêmicas em 2006, quando escreve um artigo para o “World Net Daily” dizendo que tanto os Democratas quanto todos aqueles que fossem contra a Guerra do Iraque, não poderiam ser considerados verdadeiramente patriotas...

Foi entrevistado para a “Fox News”, onde expressou sua total desaprovação a todos aqueles que fossem contra George W.Bush.

Atualmente Pat continua com suas atividades de dirigente de clubes de basquete, outra grande paixão sua, dá palestras de caráter motivacional pelo país e é comentarista político na televisão.


E como se não bastasse, em 2007 escreve um artigo dizendo que achava a teoria da Evolução da Espécie um verdadeiro absurdo, completamente sem sentido e responsável por uma falsa religião...

Não satisfeito, continuou delirando e escreveu um artigo no formato de conto de fadas onde conta que um Príncipe Encantado foi seduzido por um anão, contrai AIDS e morre de overdose.

Que tal ?


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2 comentários:

Odilon disse...

Realmente, nada mais padrão do que Pat, sucrilhos,carros grandes e comédias românticas. O retrato de décadas, lá para eles.

Adriana disse...

Aprendi mais uma!Boa semana!