SEMPRE MÚSICA . . .

sábado, 6 de setembro de 2008

[] Gal "For Export"

Este disco ao vivo, do show no Blue Note de Nova York em maio de 2006, foi recebido aqui no Brasil muito discretamente. Talvez até demais. Passou quase batido, com exceção das informações básicas dadas pelos principais jornais, nas colunas de lançamentos musicais.

Só que “Gal Costa Live At The Blue Note” não é apenas mais um lançamento da cantora. É um excelente disco, que nos mostra uma Gal diferente daquela que ficou cristalizada no imaginário da maioria dos brasileiros, que ainda insistem em achar que Gal é “Balancê” e “Festa do Interior”.

Gal Costa já deu mostras de sobra, ao longo de sua carreira, que é uma excelente intérprete de bossa nova, cantando lindamente Tom Jobim e assemelhados. Além disso, uma cantora romântica da maior competência. É uma pena que muitos de nós ainda achem que Gal tem de ser gaiata a vida inteira, rodando a baiana entre acarajés e vatapá, com os longos cabelos cheirando a azeite de dendê...

“Gal Costa Live At The Blue Note” é um disco intimista e despretensioso. É um disco simples, que deixa espaço para as performances tanto dela como do seu pequeno grupo de instrumentistas. Adriano Giffoni no baixo, Jurim Moreira na percussão, Zé Canuto nas flautas e saxofones e Marcus Teixeira no violão acústico.

É uma Gal amadurecida, de voz e postura, conversando e brincando em inglês com a platéia de maneira simpática e pra lá de desenvolta, e em certo momento, diz que é como se estivesse cantando na sala da casa dela...

Se o repertório em si não apresenta muitas novidades, Gal inovou nos arranjos e na maneira de cantar as músicas escolhidas, que já ganharam o mundo e são conhecidas pelo público americano faz um tempão. Conhecidas e esperadas por ele, pois são músicas obrigatórias em recitais de qualquer proporção e em qualquer lugar do planeta.

E ela, experiente que é, com a quilometragem que tem, escolheu uma lista de canções pra ninguém botar defeito:

01= Fotografia // Tom Jobim
02= Desafinado // Tom Jobim + Newton Mendonça
03= Chega de Saudade // Tom Jobim + Vinicius de Moraes
04= Camisa Amarela // Ary Barroso
05= Pra Machucar Meu Coração // Ary Barroso
06= Ave-Maria no Morro // Herivelto Martins
07= Nada Além // Mario Lago + Custódio Mesquita
08= I Fall in Love Too Easily // Sammy Cahn + J.Styne
09= Corcovado // Tom Jobim
10= Triste // Tom Jobim
11= Wave // Tom Jobim
12= Medley: Coisa Mais Linda // Carlos Lyra, As Time Goes By // H.Hupfled
13= Samba do Avião // Tom Jobim
14= Medley: Sábado em Copacabana // Dorival Caymmi + Carlos Guinle, Copacabana // João de Barro + Alberto Ribeiro
15= Garota de Ipanema // Tom Jobim + Vinicius de Moraes
16= A Felicidade // Vinicius de Moraes + Tom Jobim
17= Aquarela do Brasil // Ary Barroso

É muito bom ouvir Gal cantando mais simplesmente, com menos instrumentos, num formato mais próximo, assim ressalta melhor sua voz que o tempo acrescentou alguns graves mais expressivos, enriquecendo ainda mais sua extensão e o brilho de seus agudos.

Quero destacar a moderna interpretação de Nada Além, em dueto com o baixo e seu estalar de dedos marcando o rítimo, como fazem os grandes cantores de jazz e que acabou virando marca registrada de Peggy Lee.

Uma quase-surpresa, ela cantar dois clássicos do repertório de Chet Baker, I Fall in Love Too Easily e As time Goes By...

Mas para mim, público e apenas mais um amante de música o mais importante deste disco, é sentir a reação de agrado e contentamento do público assim que descobrem aos primeiros acordes o que Gal vai cantar; é conseguir sentir através da excelente qualidade técnica do disco, a atmosfera de intimidade e cumplicidade proposta pelo artista, e compartilhada por todos.

Somente os verdadeiros artistas conseguem esta proeza...

[Dá orgulho sim de ser brasileiro...]


2 comentários:

Fernando Vasconcelos disse...

Eu não conhecia este disco da Gal. Mas vou já comprar. Obrigado pela dica. Sim com Gal, Caetano, Jobim, Elis, Gil, Djavan, Nara leão, Buarque, Vinicius e tantos outros têm todo o direito de sentirem orgulho em ser Brasileiros. "By the way" neste tipo de registo obviamente o concerto da Elis em Montreux no festival de Jazz é também um momento único da cultura mundial.
Muit obrigado mesmo por esta excelente sugestão.
Um abraço de Portugal,

Adriana disse...

Sempre maravilhosa,afinadissíma é uma boa opção!