Faz um tempão que a imagem deste cachorrinho ouvindo gramofone é conhecida no mundo inteiro e tem uma história bastante curiosa. Quem não lembra dela nos selos dos discos, nas capas e embalagens?
Na Inglaterra havia um pintor chamado Francis Barraud, razoavelmente conhecido devido às suas exposições na Real Academia de Londres e por ser um pintor diferente da maioria dos pintores de sua época.
Em 1899 seu irmão morre deixando para ele um velho fonógrafo com vários cilindros gravados com sua voz. Além disso, deixou a tarefa de cuidar de seu cachorrinho de estimação, um fox-terrier, chamado Nipper.
Francis notou que toda vez que ele ligava o fonógrafo e colocava os cilindros para funcionar, Nipper se aproximava do aparelho e ficava escutando atentamente a voz de seu irmão.
Procurou Thomas Edison, inventor do fonógrafo para tentar vender a idéia e usar a cena do cachorrinho ouvindo música como símbolo de sua invenção.
Edison não gostou da idéia, mas um gerente de uma loja de eletrodomésticos que revendia gramofones, sugeriu que Francis trocasse de aparelho, substituindo o fonógrafo por um gramofone, e até lhe emprestou um que estava em demonstração, para que servisse de modelo para a pintura que Francis tinha em mente...
Um belo dia o americano Berliner estava em Londres e viu uma pintura de Francis Barraud que tinha o curioso título de “A Voz do Dono” [His Master’s Voice], que mostrava um fox-terrier ouvindo atentamente um gramofone.
Berliner achou a pintura muito interessante, procurou pelo seu autor, Francis Barraud, e comprou-a por 100 libras juntamente com a licença para usá-la como logomarca de sua empresa nos Estados Unidos.
E assim, pouco antes da empresa americana ser fundada, a imagem de Nipper, [ que viveu 11 anos, morrendo em 1895 ] junto ao gramofone já seria a cara da RCA Victor em julho de 1900.
Fundada em 1901 em Camden, Nova Jersey, nasceu com o nome de “Victor Talking Machine Company” graças à sociedade que fizeram o descobridor do gramofone Emile Berliner e um desenvolvedor da invenção, Eldridge Johnson.
Em 1904, já contabilizava 1 milhão de discos vendidos da ária “Vesti la Giubba”, da ópera “I Pagliacci”, gravada pelo tenor italiano Enrico Caruso em 1924.
Caruso tinha apenas 29 anos na época e tinha assinado um contrato milionário de 100 libras para gravar 10 discos. Estas negociações tornaram Caruso o primeiro astro milionário da indústria musical do século 20...
Eldridge Johnson vende a Companhia para um banco um 1926, e três anos mais tarde o banco revendeu a “Victor” para a Radio Corporation of América, surgindo assim, a sigla RCA, a mais conhecida da indústria musical.
A Depressão trouxe a crise financeira, e a empresa passou então a fabricar rádios para sobreviver...
Naquela época o catálogo da RCA tinha artistas como Benny Goodman, Glenn Miller e Tomy Dorsey.
Mais recentemente, em 1986, a RCA, que pertencia à General Eletric, foi comprada pelo potente grupo alemão “Bertelsmann Music Group”, a conhecida BMG, que engloba ainda os selos “Ariola” e “Arista”.
Assim, com esta transação, boa parte da história da música americana desloca-se para Berlim... Mas aí, já são várias outras histórias paralelas, mas que não entram no foco de hoje.
segunda-feira, 16 de junho de 2008
[] A Voz do Dono
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9 comentários:
Gostei da narrativa.é história afinal!
Excelente história.
Olá passei para te visitar e adorei voltarei.
bjs naty
Me lembro dele (do cachorinho) nos rotulos dos bolachões 78 rpm do meu pai.
Bela história. Parabéns!
Eu de novo!
Obrigado por ter imortalizado meu antúrio no seu blog.
Já falei e repito - as laterais do blog estão tão interessantes quanto os textos. E com as imortalizações e tudo mais. Existem simbolos que permanecem por décadas, este é um deles.
Maravilhas de pesquisa
Homem ! só tem coisa boa por aqui !!
como adoro música, sempre tô dando uma olhada aqui
Abçs
Se compararmos o feito de Caruso vender mais de 1 milhão de cópias em 1902 com Michel Jackson em 1984 vendendo muitos milhões de cópias. Enrico Caruso proporcionalmente vendeu mais...muito mais. Um recorde absoluto.
Gostei da história, também me lembro desse cachorriho nos LP da minha época, é bom saber da origem.
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