É curioso como alguns personagens às vezes nos parecem pura invenção, pura lenda urbana, pois são envolvidos por uma capa de mistério reticente, existe uma economia de dados, fatos e fotos, que quase sempre me parece intencional, como se fosse uma manobra para a construção de um mito.
Astrud Evangelina Weinert é um bom exemplo disso. Faz um tempão que ouvimos falar nela. “Astrud isso”, “Astrud aquilo”... ou ainda, “parece muito com a Astrud, tem a voz da Astrud”...
Mas afinal, quem é essa Astrud Gilberto ? sempre tão citada como parâmetro quando se fala em voz pequena e afinada, principalmente relacionada à Bossa Nova, a ao mesmo tempo, mantida a uma distância tão inexplicavelmente fria, que as gerações mais novas chegam a achar que ela faz parte de nosso folclore musical, assim como o Saci Pererê, o Boitatá e o Jeca Tatú povoam a imaginação sertaneja.
Pois é, ela nasceu na Bahia, em 29 de março de 1940, filha de pai alemão e mãe brasileiríssima, mas foi para o Rio de Janeiro quando tinha apenas 5 anos de idade e viveu de maneira bem carioca, e já na adolescência tinha um grupinho de amigos que viria a ficar conhecido, alguns nacionalmente e outros pelo mundo a fora...
Astrud poderia ser considerada uma “garota de Ipanema” muito antes daquela loira curvilínea passear pela calçada e virar a cabeça de Tom Jobim e Vinícius de Moraes e se tornar a musa da música tão famosa...
Astrud era amiguinha de Carlos Lyra, Oscar Castro Neves, Roberto Menescal, Luis Bonfá, Benê Nunes e João Donato. Além disso, trocava confidências com sua melhor amiga, Nara Leão, que lhe apresentou o baiano João Gilberto, novato, querendo se enturmar com o grupo, que tinha como componente mais velho, o "playboy" Ronaldo Bôscoli.
Esta moçada já se reunia para cantar, tocar violão, fazer pequenas estripulias e serenatas, quando Tom Jobim e Vinícius de Moraes chegaram no pedaço.
Poucos meses após serem apresentados, e antes de completar 20 anos, Astrud se casou com João Gilberto em 1959, e logicamente participou do nascimento e crescimento do movimento musical que pouco tempo depois se espalharia pelo mundo inteiro.
Em 1963 João Gilberto viajou com Astrud para os Estados Unidos para participar como violonista do disco do saxofonista Stan Getz, e Astrud foi junto como o marido como uma mulherzinha acompanhando o marido que vai cumprir um compromisso agendado.
É claro que, sendo casada com João Gilberto, ela cantarolava pela casa em animadas reuniões de amigos e intermináveis almoços, que emendavam com o jantar e varavam noite a dentro, até já tinha cantado com ele num show na Faculdade de Arquitetura do Rio de Janeiro, mas nunca nada profissionalmente.
Pois bem, quando estavam ensaiando lá nos Estados Unidos, João Gilberto pediu para ela cantar a segunda estrofe de “Garota de Ipanema” em inglês. Stan Getz gostou do que ouviu e aceitou que ela cantasse no disco que gravariam em seguida.
Após as gravações, foram para a sala de mixagem ouvir o resultado; então, Stan Getz muito sério e compenetrado olhou para Astrud e disse que aquela gravação a tornaria famosa...
Mais algumas apresentações em clubes por lá e em 1964 o casamento termina, João Gilberto volta para o Brasil e Astrud fica por lá, já que o disco foi o campeão de vendas no gênero daquele ano, além de ter levado “The Girl form Ipanema” para o # 5 lugar nas paradas americanas.
Pronto. Astrud fica conhecida nacionalmente e a imprensa começa a prestar atenção naquela moça bem bonitinha, de cabelos pretos escorridos, cara tímida, um ar de nativa de algum local ensolarado e ainda por cima, cantava uma música gostosa, com um ritmo novo... uma mistura de “caipirinha” com “daiquiri”, uma timidez cativante misturada com uma sensualidade latina. Sal, sol , água de côco & mar...
A “Verve Records” logo tratou de produzir um disco para ela que teve o nome de “The Astrud Gilberto Álbum”, ainda em 1964. Não foi um estouro de vendas, mas serviu muito bem para marcar a presença física de Astrud, que além de Bossa Nova, cantava e gravava standards do songbook americano, o que é sempre garantido...
Em seguida foram produzidos mais dois discos com ela. A mesma “Verve” recrutou o consagrado arranjador americano Gil Evans para dirigir o disco chamado “Look to The Rainbow”, e para o outro disco, convocou o pianista, organista e também arranjador brasileiro Walter Wanderlei, que foi marido da cantora Isaurinha Garcia, e assim nascia “A Certain Smile, a Certain Sadness”.
Astrud fica conhecida razoavelmente no Brasil até final dos anos ’60 e ’70, mas depois disso, ficou totalmente absorvida pelo “american way of life”, cantando sempre, gravando sempre com nomes consagrados, instrumentistas de primeira linha, mantendo sempre um sucesso discreto até 1984, quando acontece na Europa – principalmente na Inglaterra - uma espécie de “renascimento” da Bossa Nova, e assim, seus discos são relançados enquanto ela vai se tornando uma cantora “cult”.
Seu repertório inclui clássicos americanos como “The Shadow of Your Smile”, “Love Story”, “Day by Day”, “Fly Me To The Moon”, “Here’s That Rainy Day” e “Look to The Rainbow”.
Astrud Evangelina Weinert é um bom exemplo disso. Faz um tempão que ouvimos falar nela. “Astrud isso”, “Astrud aquilo”... ou ainda, “parece muito com a Astrud, tem a voz da Astrud”...
Mas afinal, quem é essa Astrud Gilberto ? sempre tão citada como parâmetro quando se fala em voz pequena e afinada, principalmente relacionada à Bossa Nova, a ao mesmo tempo, mantida a uma distância tão inexplicavelmente fria, que as gerações mais novas chegam a achar que ela faz parte de nosso folclore musical, assim como o Saci Pererê, o Boitatá e o Jeca Tatú povoam a imaginação sertaneja.
Pois é, ela nasceu na Bahia, em 29 de março de 1940, filha de pai alemão e mãe brasileiríssima, mas foi para o Rio de Janeiro quando tinha apenas 5 anos de idade e viveu de maneira bem carioca, e já na adolescência tinha um grupinho de amigos que viria a ficar conhecido, alguns nacionalmente e outros pelo mundo a fora...
Astrud poderia ser considerada uma “garota de Ipanema” muito antes daquela loira curvilínea passear pela calçada e virar a cabeça de Tom Jobim e Vinícius de Moraes e se tornar a musa da música tão famosa...
Astrud era amiguinha de Carlos Lyra, Oscar Castro Neves, Roberto Menescal, Luis Bonfá, Benê Nunes e João Donato. Além disso, trocava confidências com sua melhor amiga, Nara Leão, que lhe apresentou o baiano João Gilberto, novato, querendo se enturmar com o grupo, que tinha como componente mais velho, o "playboy" Ronaldo Bôscoli.
Esta moçada já se reunia para cantar, tocar violão, fazer pequenas estripulias e serenatas, quando Tom Jobim e Vinícius de Moraes chegaram no pedaço.
Poucos meses após serem apresentados, e antes de completar 20 anos, Astrud se casou com João Gilberto em 1959, e logicamente participou do nascimento e crescimento do movimento musical que pouco tempo depois se espalharia pelo mundo inteiro.
Em 1963 João Gilberto viajou com Astrud para os Estados Unidos para participar como violonista do disco do saxofonista Stan Getz, e Astrud foi junto como o marido como uma mulherzinha acompanhando o marido que vai cumprir um compromisso agendado.
É claro que, sendo casada com João Gilberto, ela cantarolava pela casa em animadas reuniões de amigos e intermináveis almoços, que emendavam com o jantar e varavam noite a dentro, até já tinha cantado com ele num show na Faculdade de Arquitetura do Rio de Janeiro, mas nunca nada profissionalmente.
Pois bem, quando estavam ensaiando lá nos Estados Unidos, João Gilberto pediu para ela cantar a segunda estrofe de “Garota de Ipanema” em inglês. Stan Getz gostou do que ouviu e aceitou que ela cantasse no disco que gravariam em seguida.
Após as gravações, foram para a sala de mixagem ouvir o resultado; então, Stan Getz muito sério e compenetrado olhou para Astrud e disse que aquela gravação a tornaria famosa...
Mais algumas apresentações em clubes por lá e em 1964 o casamento termina, João Gilberto volta para o Brasil e Astrud fica por lá, já que o disco foi o campeão de vendas no gênero daquele ano, além de ter levado “The Girl form Ipanema” para o # 5 lugar nas paradas americanas.
Pronto. Astrud fica conhecida nacionalmente e a imprensa começa a prestar atenção naquela moça bem bonitinha, de cabelos pretos escorridos, cara tímida, um ar de nativa de algum local ensolarado e ainda por cima, cantava uma música gostosa, com um ritmo novo... uma mistura de “caipirinha” com “daiquiri”, uma timidez cativante misturada com uma sensualidade latina. Sal, sol , água de côco & mar...
A “Verve Records” logo tratou de produzir um disco para ela que teve o nome de “The Astrud Gilberto Álbum”, ainda em 1964. Não foi um estouro de vendas, mas serviu muito bem para marcar a presença física de Astrud, que além de Bossa Nova, cantava e gravava standards do songbook americano, o que é sempre garantido...
Em seguida foram produzidos mais dois discos com ela. A mesma “Verve” recrutou o consagrado arranjador americano Gil Evans para dirigir o disco chamado “Look to The Rainbow”, e para o outro disco, convocou o pianista, organista e também arranjador brasileiro Walter Wanderlei, que foi marido da cantora Isaurinha Garcia, e assim nascia “A Certain Smile, a Certain Sadness”.
Astrud fica conhecida razoavelmente no Brasil até final dos anos ’60 e ’70, mas depois disso, ficou totalmente absorvida pelo “american way of life”, cantando sempre, gravando sempre com nomes consagrados, instrumentistas de primeira linha, mantendo sempre um sucesso discreto até 1984, quando acontece na Europa – principalmente na Inglaterra - uma espécie de “renascimento” da Bossa Nova, e assim, seus discos são relançados enquanto ela vai se tornando uma cantora “cult”.
Seu repertório inclui clássicos americanos como “The Shadow of Your Smile”, “Love Story”, “Day by Day”, “Fly Me To The Moon”, “Here’s That Rainy Day” e “Look to The Rainbow”.
As músicas brasileiras são aquelas certeiras, que cairam no agrado do mundo, principalmente do público americano e japonês, como "So Nice", [que é nada mais nada menos que Samba de Verão], Berimbau, Água de Beber, Dindi, Corcovado, Desafinado, Samba de Uma Nota Só, e claro, Garota de Ipanema, com os mais variados arranjos, até uma versão meio "dance". E mais, uma versão deliciosa da velha marchinha "Mamãe Eu Quero", que faz um "medley" com "Chica-Chica-Boom", essa mesma, que foi consagrada por Carmem Miranda.
Além disso, Astrud gravou em português, inglês, espanhol, francês, italiano, alemão e japonês... e sabemos que no mundo do disco, quando o artista tem um talento genuíno, isso funciona que é uma maravilha.
No final dos anos ’60, ela gravou uma série de anúncios de TV para a “Eastern Airlines”, e por conta disso, tornou-se a “voz” oficial da companhia aérea.
Durante um tempão Astrud não conseguia se apresentar em “nightclubs” ou boates pois a proximidade com a platéia a deixava aterrorizada, e para superar esta fobia, matriculou-se no conceituado curso “Stella Addler Studio of Acting”, para aprender representação, postura, e domínio de palco.
Superados os problemas voltou com tudo, e superlotou casas noturnas como “Fat Tuesday” e “SOB’S” de Nova York, e o “The Jazz Café” de Londres.
Em 1982, seu filho Marcelo Gilberto, passou a fazer parte do grupo que a acompanha, tocando baixo, e excursionou com ela por mais de 10 anos.
Além de músico de mamãe-Astrud, Marcelo foi o co-produtor dos álbuns “Live in New York” de 1996, e “Temperance”, de 1997. O outro filho de Astrud, Gregory Lasorsa, também músico, participou das gravações de “Temperance” tocando guitarras.
Apesar de não estar afastada oficialmente da vida de cantora, Astrud anunciou em 2002 que “ia dar um tempo”, sem previsão de retorno.
E nesta fase, ela está com mais tempo para se dedicar a outras duas paixões, que é seu lado de artista plástica, de pintora figurativa de óleo sobre tela, e cuidar de campanhas em defesa dos animais, atividades que já vinha desenvolvento há muito tempo.
Teve o prazerzão de ser acompanhada pelo trompete e voz de Chet Baker na música “Far Away”, pouco antes da morte dele e dividiu “Desafinado” com George Michael.
Astrud Gilberto existe sim, não é lenda não.
E ao que tudo indica, vive americanissimamente muito bem. Thank you !
Além disso, Astrud gravou em português, inglês, espanhol, francês, italiano, alemão e japonês... e sabemos que no mundo do disco, quando o artista tem um talento genuíno, isso funciona que é uma maravilha.
No final dos anos ’60, ela gravou uma série de anúncios de TV para a “Eastern Airlines”, e por conta disso, tornou-se a “voz” oficial da companhia aérea.
Durante um tempão Astrud não conseguia se apresentar em “nightclubs” ou boates pois a proximidade com a platéia a deixava aterrorizada, e para superar esta fobia, matriculou-se no conceituado curso “Stella Addler Studio of Acting”, para aprender representação, postura, e domínio de palco.
Superados os problemas voltou com tudo, e superlotou casas noturnas como “Fat Tuesday” e “SOB’S” de Nova York, e o “The Jazz Café” de Londres.
Em 1982, seu filho Marcelo Gilberto, passou a fazer parte do grupo que a acompanha, tocando baixo, e excursionou com ela por mais de 10 anos.
Além de músico de mamãe-Astrud, Marcelo foi o co-produtor dos álbuns “Live in New York” de 1996, e “Temperance”, de 1997. O outro filho de Astrud, Gregory Lasorsa, também músico, participou das gravações de “Temperance” tocando guitarras.
Apesar de não estar afastada oficialmente da vida de cantora, Astrud anunciou em 2002 que “ia dar um tempo”, sem previsão de retorno.
E nesta fase, ela está com mais tempo para se dedicar a outras duas paixões, que é seu lado de artista plástica, de pintora figurativa de óleo sobre tela, e cuidar de campanhas em defesa dos animais, atividades que já vinha desenvolvento há muito tempo.
Teve o prazerzão de ser acompanhada pelo trompete e voz de Chet Baker na música “Far Away”, pouco antes da morte dele e dividiu “Desafinado” com George Michael.
Astrud Gilberto existe sim, não é lenda não.
E ao que tudo indica, vive americanissimamente muito bem. Thank you !
[@] veja e ouça Astrud em 1964, clicando aqui [] !
[@] veja e ouça Astrud em 1988, clicando aqui [] !
2 comentários:
Veja...Eu já tinha ouvido falar dela, mas, pouquíssimo sabia... Obrigada, por trazer tantas informações!
Adoro bossa nova!
Beijos de luz e um domingo feliz!!!
Além do homem da música ,vou chamá-lo de homem camaleão.Toda vez que passo por aqui seu blog esta com new look!Adorei esta postagem,e parece que ela mais velha,esta melhor que quando jovem!
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