
A fita K-7 é uma delas... ou melhor, o que a gente fazia com elas era uma coisa muito prazerosa. Para mim, que desde cedo gostei do exercício de fazer seleção ou compilação, era muito gostoso preparar uma fita. Para os amigos ou para meu uso; em casa, no carro ou no trabalho.
Achava legal escolher um clima ou uma atmosfera para a fita e a seguir, selecionar as músicas uma

Então, ficava uma coisa assim “fita para dirigir na estrada”, “fita para dirigir no trânsito da cidade”, “fita para isto” e “fita para aquilo”... vários climas e várias atmosferas.
Lógico, uma música de verão não é a mesma coisa no inverno, e muito menos uma música para a noite não cai tão bem pela manhã durante o café... Ninguém me convence do contrário.
Muitas vezes, a que

E depois, se ficasse do gosto, passava a etapa seguinte, que era escrever cuidadosamente e no maior capricho os nomes das músicas, naquele espaço tão reduzido...

Claro que a fita K-7 tinha lá seus problemas, é lógico. Se não fosse de uma qualidade estupenda, sujava o cabeçote do equipamento, nos obrigando a limpá-lo com freqüência; por isso, era comum vermos ali, num cantinho da estante ou prateleira, alguns cotonetes e um vidrinho com álcool; de preferência isopropílico.
Quantas alegrias cabiam naquela caixinha mágica, quantos momentos, quantas emoções

Aí, era aquela irritação, seguida de um desapontamento e de uma verdadeira intervenção cirúrgica, para desenroscar a fita, que claro, estava torcida, amassada em metros e metros de irritação.
Claro também que ela ia parar na lata do lixo, mas as alegrias e o prazer que eu sentia em gravá-las, compensavam em quantidade e qualidade.
Quando saia em férias, após decidido o destino, a preocupação era sempre que músicas levar, quantas fitas preparar... então, ver se ainda tinha fita virgem em casa ou se era preciso comprar, e quantas. De ferro? De cromo? “Basf”, "Sony",“Mallory”,”Phillips” ou “TDK” ? ou quem sabe a “VAT” ? Dúvida cruel quase sempre.

Claro, eu sei, continuo fazendo quase tudo igual hoje em dia usando o CD no lugar da fita. Também sei que a qualidade sonora melhorou enormemente, é mais rápido e tal, continuo tendo o mesmo prazer de gravar para mim e para os amigos, mas no fundinho, no fundinho, sinto um pouco de nostalgia da ingenuidade da fita, e de poder decidir que o “lado b” seja mais alegrinho do que o “lado a”.

4 comentários:
Como um dos grandes beneficiados pelo processo de gravação e presenteamento de fitas K-7 vou concordar em gênero, número, grau e qualquer outra coisa que faça parte do ditado (que acabo de esquecer...). O fato de existirem dois lados podia até criar um contraponto favorável. A música para manhã de um lado e para tarde no outro.
Ainda tenho muitas fitas K-7,um estoque delas.Não consigo me desfazer,é algo preso na alma!
que saudade....tenho todas.. com as capas produzidas, acho que personalizadas... gracias hombre...
Tenho muitas de vários artistas gravadas por mim, tenho 1 gravada para mim pelo maestro Jorge Resende de músicas que eu cantei; Em Roma comprei de Andrea Bocelli Sõnho em que tinha uma dupla com a cantora portuguesa Dulce Pontes; Tenho de festas e passagens de ano gravadas por mim, é o Nosso Mundo!
Xi-coração,
Ana
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