[] Rosemary Clooney [ 1928=2002 ] O Último Show

Seis meses antes de morrer, Rosemary fez aquele que seria seu último show, e por isso, o cd não poderia ter outro nome que “The Last Concert”. Foi no Havaí, lugar que Rosemary sempre adorou, e onde ela costumava passar férias com seus filhos ainda pequenos. E continuava indo, agora levando os netos...

Ela costumava dizer que o Havaí era a sua segunda casa; era onde ela podia ficar à vontade, caminhar pelas praias, sentar na areia e ficar olhando o mar despreocupadamente. Lá, ela não era uma celebridade, mas sim, uma mãe de 5 filhos em férias...

Aliás, esta “ausência” de estrelismo sempre foi uma coisa que fascinava as pessoas que assistiam seus shows e concertos. Como uma pessoa bem humorada que era, Rosie sempre criava uma atmosfera familiar a estes encontros.

Quem assistia suas apresentações, tinha a sensação de que era uma grande festa em família e cheia de amigos convidados. Sempre gostou de conversar com a platéia, e entre uma música e outra, contar histórias engraçadas de sua carreira, relacionando com as músicas ou com seus autores. Era sempre um ambiente descontraído, de grande alegria e de uma energia positiva que contagiava a todos que estivessem no local.

O show foi gravado em novembro de 2001 e ela faz um apanhado de sua carreira, cantando algumas das músicas que foram marcantes por este ou aquele motivo.

Encerra a noite cantando uma música que ela nunca havia gravado antes, o clássico americano GOD BLESS AMERICA, de Irving Berlin, e antes de deixar o palco diz sorridente e feliz para a platéia: “Thank you for one of the best nights of my life”...


Rosemary era a mais velha dos três filhos de Andrew Joseph e Frances Marie. Nasceu em 1928 no Kentucky, antes de Betty e Nick.

A infância dos irmãos não foi muito fácil, pois seu pai tinha graves problemas com o álcool, e sua mãe trabalhava como vendedora viajante para uma cadeia de lojas de confecção, portanto ficava muito pouco tempo em casa.
O dinheiro era curto, bastante curto, e seu pai não tinha um trabalho certo, por causa da bebida.

Rosemary ficava sempre preocupada em saber de onde viria a próxima refeição, na casa de qual parente iriam comer, e se teria dinheiro para comprar outros sapatos para ir ao colégio. E não raro, recolhia garrafas vazias de soda para vender, e assim, ter alguns trocados para comprar lanche na cantina da escola.

Quando Rosemary tinha 15 anos, sua mãe Frances pegou Nick e foi com ele para a Califórnia, pois tinha resolvido se casar com um marinheiro...
Rosemary e Betty ficaram vivendo com o pai Andrew e com o avô paterno, que por forças das circunstâncias, acabou virando a única referência masculina estável para elas.

Desta época Rosemary lembra de tardes inteiras sentados à margem do rio, com o pai tocando banjo e ensinando para elas velhas canções country...

Logo descobriram que as irmãs tinham talento para o canto e viraram rapidinho “The Clooney Sisters” e em 1946 ganharam um concurso numa emissora de rádio em Cicinnati, a WLW., e neste mesmo ano gravam seu primeiro disco, pela COLUMBIA.

No ano seguinte começaram a viajar como vocalistas da orquestra de Tony Pastor, fazendo turnês pelas cidades e estados americanos, mas Betty logo se cansa destas viagens e prefere voltar e ter uma vida mais estável e cantar somente na rádio. Alguns anos depois abandonaria a carreira para se casar e ser uma simples dona de casa. Morreu de um aneurisma cerebral em 1976.

Rosemary, então, continua sozinha como “crooner” de orquestra, e com 21 estava em Nova York, gravando para a COLUMBIA em carreira solo...

Em 1954, ela mais Bing Crosby e Vera-Ellen estrelaram um filme que até hoje é um clássico nos lares americanos: WHITE CHRISTMAS, e em 1956, tem seu programa de música e variedades em horário nobre na tv, THE ROSEMARY CLOONEY SHOW.

Era grande amiga de Bing Crosby, Frank Sinatra, Tony Bennett e Bob Hope, além da família Kennedy, especialmente de Bob Kennedy, seu amigo do peito, e estava presente quando do assassinato dele em 1968, o que lhe deixou traumas para o resto da vida, fazendo até com que tivesse um colapso nervoso, em pleno palco, quando cantava num cassino em Reno, estado de Nevada.

Em 1953, casou-se com o “galã” porto-riquenho Jose Ferrer com quem teve 5 filhos, todos nascidos entre 1955 e 1960. O divórcio viria em 1967.

Antes de seu casamento com Jose Ferrer, Rosie foi namorada do coreógrafo ítalo-americano Dante DiPaolo, e o curioso é que depois de tantas voltas na vida dos dois, eles se reencontram, e retomam aquele romance interrompido pelo casamento dela e começam a viver uma nova história de amor.

Depois de vários anos de vida em comum, casam-se em 1997, e vivem uma vida cheira de carinho, compreensão e companheirismo, até a morte de Rosemary.

Ela também participou de alguns episódios de “Plantão Médico” [E.R.] na televisão, seriado estrelado por seu sobrinho George Clooney [filho de seu irmão Nick].

O seu personagem era a de uma paciente da ala psiquiátrica, que perdia a memória, e só sabia se comunicar com as pessoas através da música, e era o que fazia, cantando para seus colegas de enfermaria.

Sua atuação foi muito elogiada pela crítica especializada e até recebeu indicação para o EMMY AWARD. George Clooney já usou uma gravação de sua tia famosa num filme dirigido por ele, “Confissões de Uma Mente Perigosa”, e o tema escolhido foi Rosemary cantando “There’s No Business Like Show Business”.

Rosie era uma fumante inveterada e até seus amigos mais chegados, como Bing Crosby, viviam aconselhando para que ela não fumasse tanto assim.

No final de 2001, recebeu um diagnóstico de câncer de pulmão, mas apesar de ter feito uma cirurgia, morreu seis meses depois, em junho de 2002.

Estava em casa, em Beverly Hills cercada pela família, seu sobrinho George, os filhos e netos, e seu fiel companheiro Dante. Um número grande de amigos inconsoláveis, como Al Pacino, fizeram questão de dar um último adeus à eterna “Girl Singer”.

E na opinião de vários colegas, Rosemary Clooney era a melhor amiga que uma canção podia ter...


THE LAST CONCERT c/ THE HONOLULU SYMPHONY POPS:

@ Overture medley = tenderly / white christmas / half as much / sisters / this ole house.
@ Sentimental Journey
@ I’m confessin’ that I love you
@ Just in time
@ Hapiness is a thing called Joe
@ You go to my head
@ Rockin’ chair
@ Ol’ man river
@ The singer
@ They can’t take that away from me
@ God bless America


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@ ilustração "Rosemary Clooney" / Allan Davidson