SEMPRE MÚSICA . . .

sábado, 31 de maio de 2008

[] Blossom Dearie, a Cult. . . [1926]

Um fiapo de voz juvenil, crocante e mentolada, com interpretações seguras e um senso rítmico irrepreensível, fizeram desta americana com expressão de eterna adolescente com 82 anos, uma das mais respeitadas e prestigiadas artistas do cenário musical. E até hoje sempre associada à imagem de Manhattan.

Blossom Dearie é seu nome verdadeiro, e nasceu em Nova York em 28 de abril de 1926 e desde cedo estudava piano clássico, mas adolescente ainda, debandou para o jazz, fascinada pelos nomes que brilhavam na época.

Após terminar os estudos secundários, começou a se apresentar como pianista ao lado de pequenos grupos vocais e tocava também nos “happy-hours” de vários cafés, pequenos e clubes e hotéis da cidade.

Em 1952 mudou-se para Paris, onde formou seu próprio grupo, “The Blues Stars of France”, e dois anos depois era conhecida nacionalmente por conta de sua versão em francês do clássico americano “Lullaby of Birdland”, que entrou rapidamente para a lista das “tops” na França.

Norman Granz, americano e fundador da gravadora “Verve Records”
estava em Paris e após assistir a uma apresentação de Blossom, convidou-a para voltar aos Estados Unidos com um belo contrato junto a sua empresa.

A estréia americana em disco foi com uma volta ao passado, interpretando velhos standards de cabarés e eternos sucessos da Broadway. A partir disto, Blossom desenhou o formato de suas apresentações públicas e consolidou seu estilo. Pequenos grupos, clima intimista, ideal para cafés e clubes discretos, bem ao estilo de Manhattan.

Dona de um estilo muito pessoal e avessa a modismos, sempre teve este visual clean, depojado, óculos de grau e um nada de maquiagem...

Mesmo morando nos Estados Unidos, Blossom nunca abandonou a Europa,
principalmente Londres e Paris, onde sempre foi muito prestigiada e tem fã clubes até hoje e onde é considerada uma artista cult, desde o final dos anos ’50.

É curioso e natural acharmos que os artistas têm público com idades proporcionais às suas. Engano nosso, Blossom tem admiradores bastante jovens, e não só entre os apreciadores do chamado jazz.

Além disso, é respeitada não só como cantora e intérprete, mas como exímia pianista
que sempre foi. Portanto, não é de se admirar que seja freqüentemente lembrada por jovens artistas de hoje, que citam Blossom como uma de suas principais influências.

E é sempre bom ter em mente que muitas estrelas do jazz vocal iniciaram suas carreiras como pianistas, como é o caso de Diana Krall, Carmen McRae, Sarah Vaughan , Dinah Washington, Nina Simone e do grande Nat King Cole e Harry Connick,Jr.

Blossom, que está bem viva e participante com seus 82 anos, é sempre lembrada e homenageada por jovens colegas que ainda nem chegaram na casa dos 30 anos.
Por seu talento, por sua influência em suas carreiras e seus discos e pela sua maneira única de sentar ao piano, mostrar uma música, e contar uma história através dela.

Seja dividindo com o público uma alegria banal do dia a dia, um novo amor, ou compartilhar as lágrimas e dores de abandonos e despedidas; enfim, todos estes sentimentos que tanto nos interessam.
[@] Veja Blossom cantando na Casa Branca em 1994, durante o governo Bill Clinton. Clique aqui [] !!



terça-feira, 27 de maio de 2008

[] As Capas de Risko . . .

A tradicional e quase lendária revista americana “Time Magazine” fez um estudo baseado numa pesquisa junto ao público, e descobriu que uma boa caricatura, ou um bom desenho, marcam mais a memória do leitor e a longo prazo têm um maior tempo de permanência na lembrança, do que uma boa fotografia, mesmo que esta tenha a mesma qualidade gráfica, e tenha sido autoria de um bom fotógrafo...

Desde que eu conheci a série de cd’s da “Capitol”, “Capitol Sings...”, uma coisa sempre me chamou a atenção: o tipo de desenho que ilustrava os títulos da série, que é longa.

A qualidade de traço, as cores, a composição dos elementos, o tipo de letra utilizado, tudo, tudo . Aliás, primeiro eu vi o desenho e depois é que vim saber que se tratava de uma série em vários volumes.

Fiquei naturalmente curioso em saber de quem era aquele trabalho artístico, o tal “art work”, e descobri que é de um americano nascido em 1956, vindo de uma cidadezinha chamada Ellwood City, na Pennsylvania.

Robert Risko começou a desenhar desde muito cedo, e com apenas 5 anos fez uma caricatura de sua irmã, que espantada com a qualidade, foi mostrar para a mãe deles.

Não parou mais, e com o estímulo e incentivo da família, concentrou todo o seu esforço criativo no desenho. Estudou artes plásticas e pintura na “Ken State University.

Sua carreira tem início em 1974, com desenhos de políticos e gente do mundo do espetáculo, gente conhecida e famosa por algum motivo.

Trabalhos sempre elogiados pela originalidade do traço, e pela acuidade na composição expressiva, Risko publicou um livro “Fame” em 1979, o que levou ao “Fame II” de 1981, além do “The Risko Book”, uma reunião de 180 caricaturas feitas por ele.

Ele conta que desde cedo era fascinado por velhas revistas em preto e branco, especialmente a hoje extinta LIFE MAGAZINE, publicação que acompanhou várias gerações de leitores americanos.

Depois de ter concluído a universidade, passou alguns verões em Provincetown, desenhando caricaturas na rua, junto a outros artistas.

Mudou-se para Nova York [sempre Nova York!]
e rapidamente estava colaborando como ilustrador, com as mais importantes revistas e jornais da época.

Era fã ardoroso da revista “Interview”, que era uma revista bastante original, que tratava de mundanidades, artes e cultura em geral, e que tinha Andy Wahrol como principal fundador, criador, e divulgador...

Na época, a “Interview” era inovadora em muitos aspectos, a começar pelo tamanho, que era maior que todas as outras similares; era em preto e branco, tinha um foco em impressões gráficas de qualidade, moderna, e uma linguagem atual, com uma atmosfera meio Hollywood...
No início, o estilo de Risko era um “art deco” em preto e branco o que servia como uma luva como excelente auxílio para fotógrafos moderninhos.

Conheceu Andy Warhol numa tarde de autógrafos. Mostrou alguns trabalhos seus, o que deixou Andy bem entusiasmado com o que estava vendo e marcaram um encontro na “Interview” para a segunda-feira seguinte. Simples assim.

Risko foi, pegou mais trabalhos seus e logo foi apresentado por Andy ao pessoal do Departamento de Criação da “Interview”e na mesma semana, já estava colaborando com suas ilustrações e caricaturas para a revista, até porque, uma das “especialidades” de Risko, era caricaturas de cantores, gente do show biz, atrizes e o pessoal que vivia na e da mídia.... sob medida portanto, para a “Interview”.

Colaborador também da “Rolling Stone”, “Esquire”, “Playboy” e da “Vanity Fair”, Risko diz que de uma maneira geral, para uma boa caricatura ele geralmente “pede” o tempo de uma semana, pois começa com um desenho clássico, a lápis, para depois começar com suas abstrações, e deixar seu estilo para a posteridade.

Ele desenha, deixa na prancheta, sai, vai cuidar de outras coisas, olha com outros olhos, modifica e acentua os traços característicos da pessoa em foco e assim, espalha para o mundo seu talento e sua arte, que fizeram dele um dos preferidos artistas plásticos, ilustrador, um mestre na caricatura, e um dos mais disputados capistas da indústria do disco...



sábado, 24 de maio de 2008

[] Sue Raney [1940]

Ela seria muito mais conhecida nos dias de hoje, se gravasse mais discos e não dedicasse tanto tempo assim a sua conceituada e respeitada carreira de professora de voz e canto em Los Angeles, desde o início da década de ’80...

Mesmo não tendo gravado tantos discos assim, Sue é uma das grandes cantoras americanas, daquelas que nunca foram esquecidas pelo público, apesar de ter passado praticamente toda a década de ’70 sem gravar.

E sabemos que esta proeza é para poucos, isso é arriscado para um artista, principalmente num mercado tão cruel e competitivo como o da música.

E num país especializado em criar sonhos, ilusões e fabricar ídolos, qualquer cochilo pode ser fatal. Muitos ídolos foram e serão efêmeros, mas os de talento e conteúdo estão aí, até hoje, resistindo a décadas, modismos e atalhos baratos para a tal fama...

Seu nome de batismo é Raelene Claire Claussen, e nasceu em 18 de junho
de 1940, na cidade de McPherson, no estado de Kansas, e sua carreira começou muito cedo, aos 5 anos de idade, resultante de uma mãe cantora popular e um tio cantor de ópera na Alemanha.

Como Sue era muito pequena,
naqueles tempos sua mãe não encontrava uma professora de voz para crianças dessa idade, então ela própria matriculou-se numa escola e repassava para Sue o que aprendia, e assim, aliava as funções de “professora” de canto e voz.

Desde cedo, nos anos ’50, Sue aprendeu a cantar os “hits” de seus ídolos, como Doris Day, Rosemary Clooney, Patty Page e Kay Starr, e antes mesmo de completar 20 anos, conheceu o jazz e se apaixonou pela arte de Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan.

Sue já era uma cantora consagrada
quando muitos jovens ainda estavam fazendo a transição do período de Elvis Presley para outros gêneros musicais...

É necessário um certo tempo para polir e lapidar o talento vocal de um artista.

Sua carreira teve altos e baixos, por bons e maus motivos, incluindo um grave acidente de carro, que deixou Sue imóvel na cama por longos e infindáveis meses. Mesmo assim, o público não a esqueceu, e quando já conseguia se locomover, apareceu de muletas na TV, no programa de Johnny Carson, e causou uma grande sensação.

Como resultado de sua atividade de professora de voz, Sue aprimorou e solidificou o que já sabia, e mais, conseguiu explorar novas áreas no campo vocal.

Certamente, por estas razões, Sue admite estar hoje em dia em sua melhor forma como cantora e intérprete.

Seu mais recente disco é de 2006 e tem o nome de “Heart’s Desire” e é uma homenagem a Doris Day, gravado em Hollywood, na lendária “Capitol”, com a mesma qualidade técnica e sonora que fizeram célebre esta gravadora entre os selos de jazz.

Neste disco as interpretações são vibrantes e apaixonadas, como se o tempo tivesse voltado até 1957, quando a “Capitol” transformou a “teen age” Sue Raney numa Cinderela, e seu grande ídolo Doris Day era a queridinha da América e cantava nos musicais de Hollywood.

É uma bonita homenagem de uma fã apaixonada, e mais, uma demonstração de humildade e gratidão. “Heart’s Desire” contém:

01= Que será, será...
02= Sentimental journey
03= I may be wrong
04= Secret love
05= Everybody loves a lover
06= It’s magic
07= Put’em on a box
08= My dream is yours
09= Lullaby of Broadway
10= I’ll never stop loving you
11= Shangai
12= With a song in my heart
13= Love me or leave me
14= Heart’s desire

O que torna este disco único, é a habilidade e o talento de Sue em transformar cada faixa dele em uma música totalmente nova.

A voz aveludada encontra novas cores, novas inflexões, novos ritmos e novas emoções... enfim, o que se espera de um artista.



quinta-feira, 22 de maio de 2008

[] Gilberto Gil [1942]

Este baiano de Salvador, filho de uma professora e de um médico, hoje já é um cidadão de domínio público. Aquele mesmo menino, que pequeno ainda se interessava pela música de Luiz Gonzaga e Orlando Silva, ocupa atualmente a pasta do Ministério da Cultura do Brasil.

Com apenas nove anos, começa a aprender acordeão, mas no final dos anos ’50, como tantos jovens artistas e não artistas, é influenciado por João Gilberto, começa a aprender violão. E deu no que deu...

Formado em Administração de Empresas
, inicia uma promissora carreira de executivo da Gessy-Lever em São Paulo, mas pede demissão em 1967 tão logo grava seu primeiro LP, “Louvação”.

Já andava envolvido com música, e neste mesmo ano de ’67 apresenta “Domingo no Parque”, no Festival da Record, ao lado de Rita Lee e dos Mutantes, o mesmo festival que Caetano Veloso canta “Alegria, Alegria”.

Gilberto Passos Gil Moreira
, é uma das principais figuras do Tropicalismo, movimento modernista brasileiro surgido no final dos anos ’60, predominantemente na música, poesia e teatro. Movimento influenciado pelo concretismo de Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari.

Em 1969 Gil foi considerado subversivo pela ditadura militar e juntamente com Caetano Veloso vai para Londres, de onde voltam ao Brasil somente em 1972.

Ministro desde 2003, quando perguntado sobre sua vontade de deixar o ministério no ano de 2008, em entrevista dada a Lúcia Sola, da “Swissinfo”, sobre seu show em Lucerna no mês de abril, Gil disse que tem uma família grande, com netos novos e novos netos chegando, e que tem outros prazeres de comunhão humana, e é mais para isto que ele precisa de folga...

Tem um novo disco prometido para mês que vem, junho. Enquanto isto, temos seu lançamento mais recente, de 2006 “Luminoso”, somente voz e violão.

Certamente já escrevi aqui que gosto muito deste formato de disco e show: voz e violão, mais intimista, mais despojado, mais próximo e mais entregue, mais desarmado...

Gosto muitíssimo deste Gil “Luminoso”. São novas interpretações de alguns de seus sucessos das décadas de ’70 e ’80.

O disco tem:

01= Preciso aprender a só ser
02= Aqui e agora
03= Copo vazio
04= Retiros espirituais
05= O seu amor
06= Tempo rei
07= O som da pessoa
08= Cérebro eletrônico
09= A raça humana
10= Você e você
11= Super-Homem – a canção
12= Rebento
13= Metáfora
14= Meditação
15= O compositor me disse

O disco é mais um lançamento classudo da “Biscoito Fino”, com a qualidade que já é uma marca registrada deste selo musical.

Dentro, um excelente encarte com todas as letras, belas fotografias e mais um prefácio de Caetano Veloso. Excelente papel, qualidade gráfica de primeira e mais aquele cuidado na apresentação típico dos discos da “Biscoito Fino”.

Partidos políticos e ministérios à parte, Gilberto Gil já tem seu nome marcado na história da música popular brasileira, afinal são quase cinqüenta anos de atividade artística, e de uma produção da maior qualidade. Reconhecida aqui no Brasil e consagrada mundo a fora...

[caricatura de gil / lucas lima ]



domingo, 18 de maio de 2008

[] Remembering Julie... [1926=2000]

É sempre um prazer ouvir as músicas cantadas por esta linda mulher. Em qualquer época e em qualquer situação; e é também um desses nomes que viraram um clássico “as time goes by”... Julie London já diz tudo. É quase uma grife...

Alguns artistas têm este carisma inexplicável. O de entrarem para a história do seu campo de atuação sem uma explicação muito concreta...

Talento? Muita gente tem e é completamente esquecida no verão seguinte ou assim que surje uma “nova sensação”. Algumas personagens da tela e do disco são mestras neste fenômeno, senão, vejamos uma Marilyn Monroe, um Elvis Presley, Brigitte Bardot, James Dean, ou uma Maysa, uma Dolores Duran...

O que faz com que nomes como estes permaneçam na memória do público ou sejam referência quando se quer lembrar de alguém que marcou época e continua no imaginário popular?

Na minha opinião, as justificativas são todas abstratas, o que não tem a menor importância, pois relevante mesmo é o fato destes artistas estarem aí, passando de geração em geração . Mito ou não, permanecem contando a história.

Com uma voz provocante, sensual e ligeiramente abafada
somada a uma dicção muito clara, Julie London desfrutou de uma considerável popularidade durante a “cool era” dos anos ’50, época de ouro também de colegas ilustres como Chet Baker, Blosson Dearie, Jo Stafford e Dolores Gray.

Julie nunca teve um alcance vocal como uma Ella Fitzgerald ou Sarah Vaughan, mas sempre soube usar seu timbre vocal da melhor maneira possível, salientando as características marcantes.

Atriz além de cantora, atuou ao lado de James Mason, Gregory Peck e Rock Hudson em diversos filmes
. Casada durante sete anos com Jack Webb, conhecido ator do seriado “Dragonet”, antes de casar com Bobby Troup, autor da clássica “Route 66”, gravada por Nat King Cole, Rosemary Clooney e tantos outros; apenas para citar dois dos meus cantores preferidos.

Julie cantou seu maior sucesso, “Cry me a river” num filme estrelado por Jayne Mansfield e Tom Ewell “The girl can’t help it”. Após as gravações de “Yummy,Yummy Yummy” seu último disco em 1969, Julie deixou de lado sua carreira de cantora, dedicando-se mais à de atriz.

Foi Dixie McCall, famosa enfermeira do seriado da NBC “Emergency !”, levado ao ar de 1972 a 1979, exibido também aqui no Brasil.

Apesar de sua imagem de sexy symbol – ela também era conhecida pelas capas provocantes e bem produzidas de seus LP’s, em fotografias de atmosferas intimistas e sensuais – Julie era surpreendentemente tímida e recatada. Abandonou definitivamente o show biz do final da década de ’70.

Na metade dos anos ’90, sofreu um AVC, o que levou-a a quase uma década de saúde cada vez mais debilitada, até culminar com sua morte em 16 de outubro de 2000.

O estilo de Julie London fez escola, deixando seguidoras como Norah Jones, Sophie Milmann, Thierney Sutton, Mary Wilson e Diana Krall.

Excelente mestra, e ótimas alunas !

[@] Veja e ouça Julie London clicando aqui [] !!

quinta-feira, 15 de maio de 2008

[] Jo Stafford // Vintage

Apesar dos seus 91 anos, esta bela senhora ainda está viva, lúcida e bem antenada com o mundo, na sua bela casa, cercada de amigos queridos, novos e velhos amigos, muitas lembranças das décadas de ouro de sua carreira e um sem-número de troféus, prêmios e condecorações.

Já escrevi – e com muito prazer – um post sobre Jo Stafford; sou fã das artes [principalmente música & cinema] das décadas de ’40 e ’50. Para mim o tipo de estética e glamour destes anos continuam imbatíveis.

Entre as centenas de discos e compilações até hoje lançados de Jo Stafford, uma sempre me chamou muito a atenção desde seu lançamento em 1997 pela Capitol inglesa.

É um cd que traz dois discos gravados em 1955 [!] e ambos com a orquestra regida pelo seu marido na época, Paul Weston.

Os discos são “AUTUMN IN NEW YORK” e “STARRING JO STAFFORD”. Além da orquestra de Paul Weston, os discos contam com acompanhamentos vocais de The Starlighters e The Pied Pipers, este último, grupo vocal onde Jo era vocalista.

O conteúdo não poderia ser melhor, pois são composições de Jerome Kern, Rodgers & Hammerstein II, Johnny Mercer, Cole Porter, Irving Berlin....mais “top” americano anos ’50, impossível ! [ e sempre muito bom ].

“AUTUMN IN NEW YORK”

01= Autumn in New York
02= Smoke gets in your eyes
03= Haunted Heart
04= If I loved you
05= In the still of the night
06= Some enchanted evening
07= Just one of those things
08= Almost like beeing in love
09= Make believe
10= Through the years
11= The best thing in in life are free
12= Sometimes I’m happy

“STARRING JO STAFFORD”

01= Serenade of the bells
02= On the Alamo
03= No other love
04= Red River Valley
05= Ivy
06= Fools rush in
07= A sunday kind of love
08= The gentleman is a dope
09= Symphony
10= Tumbling Tumbleweeds
11= You keep coming back like a song
12= Day by day

E como já escrevi aqui várias vezes, é sempre uma satisfação manusear um disco da Capitol, pela qualidade de gravação, pelo cuidado com os dados técnicos, pela pureza de som e pela apresentação do produto em si, mantendo a atmosfera original da época em termos de impressão, tipos de letras e cores, num formato digital.

É indispensável para quem gosta deste tipo de música. E para quem saudosismo significa muito mais do que tão somente um monte de músicas velhas, chiadas, simplesmente copiadas de discos de vinil arranhados. Sem critério, sem cuidado e sem respeito.



sábado, 10 de maio de 2008

[] Maysa // Pra lá de merecido...

Em 2007 chegou às lojas um belíssimo trabalho produzido por Thiago Marques Luiz. Sim, o mesmo que produziu a homenagem que foi feita a Dolores Duran.

Este trabalho leva o interessante título de “MAYSA – ESTA CHAMA QUE NÃO VAI PASSAR”. Foi lançado pela “Biscoito Fino”, que como sempre, prima pelas suas produções, nos dando trabalhos bem cuidados, onde transparece o carinho e a competência de todas as pessoas envolvidas no projeto.

Eu sou fã das produções da “Biscoito Fino”. A gente tem um prazer maior em desfrutar do disco, a começar pela embalagem, pelo tipo de libreto, a qualidade de impressão, de fotos, tudo...

Neste disco, um grupo de artistas convidados escolheu dentro do repertório de Maysa, o que gostaria de cantar, o que nos dá um resultado interessante e pouco comum .

Várias gerações estão presentes nesta homenagem, e representantes de gêneros musicais diferentes também, pois temos uma Bibi Ferreira cantando emocionada “Suas Mãos”, temos Arnaldo Antunes interpretando “Até Quem Sabe”, Beth Carvalho na clássica parceria de Tom Jobim + Adoniran Barbosa “Bom Dia, Tristeza” e o eterno Cauby Peixoto arrasando em “Ne Me Quitte Pas”.

Sem falar é claro, em Maria Bethânia, Edson Cordeiro, Zélia Duncan...

Particularmente gostei muito de ver este lançamento, e mais ainda, de ouvi-lo, pois como já escrevi no post dedicado a Maysa, ela faz parte da trilha sonora da minha infância e foi via Maysa, que tomei contato com tantos compositores nossos, brasileiros, que ficariam conhecidos e respeitados no mundo inteiro, como é o caso de Tom Jobim, Vinicius de Moraes, João Donato, Antônio Maria, além de suas próprias composições, o que tornava a carreira de Maysa mais característica ainda, com mais personalidade.

Ela não era apenas uma excelente intérprete de obras alheias não... tá certo, ela cantava Jacques Brel, cantava Cole Porter, Consuelo Velásquez, mas cantava – e muito -
Maysa Monjardin Matarazzo, ou simplesmente Maysa...

É um disco para quem gosta de música brasileira. Não importa se tem 20, 30, 40 ou 60 anos e a gente querendo ou não, Maysa faz parte da história da música do Brasil.

Marcou época, chocou, escandalizou, fez escola, mostrou competência e deixou um sem número de seguidores até hoje. Pelo estilo, pela maneira de interpretar ou compor. Pela maneira de se colocar nos palcos da vida e nos palcos privados, levando sempre o que o Brasil teve e tem de melhor na sua música, ou seja, a sua harmonia, as nuances, uma alquimia toda especial e esta magia em misturar os ingredientes, que dominamos tão bem.

“MAYSA ESTA CHAMA QUE NÃO VAI PASSAR”:

01= Ouça // Alcione
02= Meu mundo caiu // Ney Matogrosso
03= Nós // Célia + Dominguinhos
04= Demais // Alaíde Costa
05= Quando chegares // Maria Bethânia
06= Bom dia tristeza // Beth Carvalho
07= Ne me quitte pas // Cauby Peixoto
08= Quando a saudade vem // Olívia Hime
09= Franqueza // Zélia Duncan
10= I love Paris // Edson Cordeiro
11= Nego malandro de morro // Fernanda Porto
12= Resposta // Carlos Nava
13= Adeus // Cida Moreira
14= Até quem sabe // Arnaldo Antunes
15= Suas mãos // Bibi Ferreira
16= Raízes // Leila Pinheiro
17= Tema de Simone // Claudette Soares
18= Por causa de você // Zeca Baleiro
19= Pra não mais voltar // Leny Andrade
20= Morrer de Amor // Cláudya

No encarte do disco, o produtor Thiago Marques Luiz escreve o seguinte:

“Gravamos este disco-homenagem na primavera de 2006, contando com a sensibilidade e admiração que todos os artistas têm pela obra autêntica e atemporal de uma das mais geniais figuras que a música popular brasileira já teve. Viva Maysa !!!”


Procure ouvir, e você verá que eu não estou exagerando...


quinta-feira, 8 de maio de 2008

[] Garfunkel. Sempre Clássico [1941]

Musicalmente, sempre preferi Art Garfunkel a seu parceiro Paul Simon.
Gosto mais da sua voz, da maneira de cantar, do jeito que modifica clássicos “standards”, deixando sua marca pessoal, sem descaracterizar nem desrespeitar a obra do compositor

Arthur Ira Garfunkel nasceu em Forest Hills, Nova York em 1941, numa família de judeus romenos; e ainda no colégio primário conheceu Paul Simon, que seria seu parceiro musical e com ele formaria uma das mais bem sucedidas duplas de “pop-folk-rock”.

Entre 1956 e 1962 eles se apresentavam com o nome de “Tom & Jerry” e nesta época Garfunkel ingressa na Universidade de Columbia onde é graduado em artes, com especialização em História da Arte. Logo depois faz um mestrado em Matemática.

Em 1963 a dupla é rebatizada definitivamente de “Simon & Garfunkel” e no ano seguinte, 196
4, lança seu primeiro disco “Wednsday Morning”, pela Columbia Records.

As críticas a esta estréia não foram muito elogiosas, a dupla desanima e se separa. No ano seguinte seu produtor Tom Wilson tem uma idéia que deu muito certo; extraiu do disco a música “The Sounds of Silence”, deu uma limpada nela, colocou uma base musical com instrumentos eletrônicos e
lançou-a como “single”.

Nem é preciso dizer que o sucesso foi imediato
e absoluto, fazendo a música chegar ao primeiro lugar na “Bilboard”. Como esta colocação sempre foi uma consagração, principalmente pelo que ela agrega, de repente a dupla se viu cercada de sucesso, convites de outras gravadoras, entrevistas, e começaram a aproveitar a celebridade imediata e merecida,
como uma das duplas mais bem sucedidas, populares e imitadas dos anos ’60...

Nos 5 anos
seguintes gravaram 5 LP’s. Mas com o temperamento forte e difícil de ambos, a dupla se separa ainda em 1970, no auge do sucesso, logo após o clássico álbum – e talvez o mais famoso – “Bridge Over Troubled Water”.

Aquela química que se via nos shows
e aquele entrosamento vocal que conquistou a América e o mundo, só aconteciam nos palcos e nos estúdios. Fora, a realidade era bem outra. Atritos, desentendimentos entre duas pessoas muito sensíveis e ciosas de seu ofício.

Ou seja, criatividade X criatividade...

Nos anos ’70 Garfunkel lança alguns trabalhos solo, e mesmo não tendo a popularidade e o sucesso de Paul Simon, que era a metade mais “pop” da dupla, Garfunkel consegue construir uma carreira musical discreta e respeitada, juntamente a carreira de ator.

Acabou indo pelo caminho do “prestígio”, compondo, escrevendo poemas, desenhando, fazendo anotações de mil projetos futuros.

Em 1981 Simon & Garfunkel se reúnem novamente para o clássico e hoje “cult” concerto do Central Park. Em seguida ao concerto uma turnê do show onde tudo correu bem, mas depois de novas divergências, a coisa fica bastante séria, que Paul Simon exclui do disco a voz de Art Garfunkel, e assim, o disco que já havia sido anteriormente anunciado como “a volta da dupla”, é lançado só com a voz de Paul Simon e rebatizado de “Hearts & Bones”.

Maravilhas da tecnologia, facilitando até brigas de egos. Grandes e pequenos...

Depois deste episódio, Art Garfunkel abandona a cena artística e passa a levar uma vida bem mais reclusa, compondo quieto, escrevendo poemas, dedic
ando-se mais às suas aquarelas e passando mais tempo com a mulher e o filho.

Recolhimento criativo este, pois em 2003 lança um disco que foi muito bem recebido por todos, “Everything Waits To Be Noticed” e também aclamado como a melhor produção de Garfunkel sem Simon.

O disco contém diversas músicas que originalmente eram poemas, inéditos, que Garfunkel escrevia e deixava maturando, tomando vida, corpo e alma.

Neste mesmo ano, Garfunkel e Simon ainda fazem uma tentativa, e deixando todos os problemas e divergências de lado, organizam uma turnê mundial, onde tudo corre certo, sem derramamento de sangue, e após esta constatação, cada um volta a sua vida e atividades como solistas.

Em 2007, Garfunkel lança “Some Enchanted Evening”, um disco simples, aparentemente despretensioso, mas de uma grande elegância ...

[ por que será que a verdadeira elegância está sempre associada à simplicidade ? ]

É um disco de clássicos imortais, músicas que já entraram no nosso arquivo “sentimental forever”. São músicas das décadas de 30, 40, 50... tem até o nosso “Corcovado” que na vida americana que esta música tem, leva o nome de “Quiet Nights Of Quiet Stars”.

Os arranjos são tão gostosos, tão melódicos, que não soam como simples oportunismos. Além disso, Garfunkel gosta de nossa música e já em décadas passadas, gravou “Waters of March” [Águas de Março].

Gostoso de ouvir, do início ao fim e bonitamente melancólico...

“SOME ENCHAN
TED EVENING”

01= I remember you
02= Someone to watch over me
03= Let’s fall in love
04= I’m glad there’s you
05= Corcovado
06= Easy living
07= I’ve grown accustomed to her face
08= You stepped out of a dream
09= Some enchanted evening
10= It could happen to you
11= Life is but a dream
12= What’ll I do
13= If I loved you

[@] Lançamento nacional “Atco/Rhino”


[@] Veja Simon & Garfunkel cantando o clássico “Bridge Over Troubled Water” clique aqui [] !!!