SEMPRE MÚSICA . . .

segunda-feira, 31 de março de 2008

[] Keely Smith / Again [1932]

Em postagem anterior, mais exatamente no dia 26/12/2007, já falei da admiração que tenho por Keely Smith.

Os motivos são vários, como a clareza de sua voz, que parece não ver o tempo passar e as músicas que ela resolver cantar vida a fora, principalmente.

Além disso, me impressiona o fato de saber que ela está hoje com 76 anos, e sua voz não está envelhecida; e Keely continua completamente ativa no “showbizz”, como demonstra este disco, o mais recente dela, e de sua equipe de músicos e produtores.

Keely foi a produtora executiva deste show gravado “live” no Teatro Feinstein’s, no Regency Hotel de Nova York. O nome do disco é apropriadamente “KEELY SMITH = VEGAS ’58-TODAY”.

Trata-se das músicas que ela cantava com o famoso e hoje lendário cantor e show-man LOUIS PRIMA, em Las Vegas, nos anos cinqüenta , quando deram início a uma muito bem sucedida parceria artística e pessoal, já que foram casados por vários anos na vida real...

Neste disco ela “capturou” a atmosfera que havia nos shows que davam e canta os sucessos que marcaram definitivamente o trabalho da dupla “Louis Prima – Kelly Smith”...

Basta ter os ouvidos um pouco mais atentos para perceber
o amor com que Keely gravou este show, o cuidado em todos os detalhes da produção do disco, incluindo até a seqüência das músicas, e a homenagem que está por trás de tudo isto a Louis, que foi um dos grandes amores de sua vida.

Como faziam na época das temporadas em Las Vegas, Kelly conversa e brinca com a platéia muito simpaticamente.

É como se fosse um grupo de velhos amigos que tocassem instrumentos e cantassem, e que houvessem se reunido para mais uma noitada.

Entre os agradecimentos de praxe no encarte do cd, tem uma bonita dedicatória de Keely , dedicando o disco a seu irmão mais velho, que morreu poucos meses antes das gravações.

Keely também agradece às suas duas filhas pelo carinho delas, pelo amor e compreensão; e agradece também a seu outro irmão, o qual considera como seu melhor amigo e diz o quanto é maravilhoso tê-lo como companhia pela vida, nestes anos todos...

Ela não canta apenas.
Tem a rara qualidade ou virtude de deixar transparecer nas gravações o quanto gosta de fazer o que está fazendo.

Sente-se claramente o amor que tem pelo seu ofício de cantora, e de “entertainer”.

Que bom que descobri entre os velhos LP’s de meu pai um antigo disco de Keely Smith dos anos 50, cantando “More Than You Know” [ que está no disco-show ] e ter me interessado por ela, desde então.

“KEELY SMITH = VEGAS ’58 –TODAY”:

@ opener / I wish you love [instrumental]
@ when you’re smiling / the sheik of Araby
@ I gotta right to sing the blues
@ talk
@ Basin Street blues / when it’s sleepy time
@ talk
@ more than you know
@ lazy river
@ talk
@ don’t take your love from me
@ jump, jive and wait!
@ sweet and lovely
@ buona sera
@ Angelina / Che la luna / zooma zooma
@ talk
@ just a gigolo / I ain’t got nobody
@ I wish you love / that old black magic
@ introductions
@ what kind a fool am I ?
@ close / I wish you love [instrumental]


[@] Keely Smith e Louis Prima , clique aqui [] !!

sexta-feira, 28 de março de 2008

[] Piaf !!! [1915=1963]

Escrever o que sobre Edith Piaf ? Que ela é a cara da França, que virou o símbolo de Paris tanto quanto a Torre Eiffel?

Mais de 50 livros já foram escritos sobre ela mundo a fora; biografias autorizadas e não autorizadas, autobiografias e inúmeros depoimentos de pessoas que conviveram com ela, tanto do chamado mundo artístico, como pessoas de atividades anônimas, amigos, conhecidos e vizinhos.

É natural que um nome como o dela seja motivo de histórias e mais histórias, que com o passar dos anos assumem um ar de lenda entremeada de verdades.

Ou verdades alinhavadas com lendas as mais diversas?



O fato é que Edith Giovanna Gassion , nasceu em dezembro de 1915, numa calçada, em frente ao número 72 da Rua Belleville, num bairro muito simples de imigrantes.

O parto teria sido realizado com o auxílio de um policial, que estava passando pelo local.

Este cenário do nascimento de Edith é um dos mais prováveis quando se trata de sua biografia. E como sua mãe era uma cantora de bar em bar, e cantava também pelas ruas do bairro, esta hipótese não é tão absurda assim.

Seu pai era um saltimbanco, trabalhava em circos e fazia um dinheiro extra sendo acrobata pelas calçadas, e teria um papel muito importante na vida de Edith, pois foi ele quem - da maneira que pôde - tomou conta dela quando sua mãe abandonou o lar e saiu em busca do sonho de ser cantora.
Mas o talento limitado e a bebida não a deixaram ir muito longe...

Quase tudo o que importa sobre o personagem Piaf já foi escrito, já foi contado, e já foi até inventado, numa exacerbada licença poética... mas isto acontece com os grandes nomes, da dor ou da alegria. Esta teia nebulosa sempre envolve os grandes mitos. That´s life...

Piaf, que virou o símbolo do amor, de todos os amores, dos fracassos e da desesperança. Da espera e do abandono.

Piaf, que cantou aqueles que vivem à margem da felicidade, à margem da vida...

Piaf, que quando pequena foi morar num bordel ao sul da França, na Normandia, onde sua avó paterna era gerente, e virou a mascote das prostitutas que ali moravam e trabalhavam. E por quem foi muito bem cuidada e alimentada, pois quando chegou, estava enfraquecida, doente, mal nutrida e com poucas noções de higiene pessoal.

A mesma Piaf que quando estava lá, perdeu a visão temporariamente por conta de uma queratite, e junto com uma das prostitutas foi até o túmulo de Santa Teresa do Menino Jesus, na cidade de Lisieux, para rezar e pedir pela sua recuperação.

O fato é que 8 dias após esta visita, Edith volta a enxergar e assim, torna-se devota fervorosa de Santa Teresa, de quem não se separava de uma medalha até o fim de seus dias.

Aos 18 anos tem uma filha de um pedreiro, Luis Dupont, a quem deu o nome de Marcelle, mas morre de meningite aos dois anos.

Edith era baixinha, magra, e estava muito longe de ser bonita; mas tinha no rosto o olhar suplicante daqueles que precisam de amparo, que precisam de uma oportunidade, pois têm algumas forças secretas para lutar contra as adversidades.

Uma tarde, quando cantava pelas calçadas do bairro, assim como sua mãe fizera alguns anos antes, Edith chamou a atenção de um homem que parou na esquina e ficou vendo sua apresentação.

Era Louis Leplée, um empresário dono um pequeno “cabaret” ali perto que convidou–a para uma audição. A figura dela era estranha, a voz era estranha e a maneira de interpretar, também, e assim, Edith estréia cantando em um local mais adequado em 1935. Sugeriu que ela se vestisse sempre de negro, pois esta cor funcionava melhor num palco, e era melhor para a iluminação.

Leplée fez uma grande divulgação de sua mais nova aquisição e convidou vários nomes do espetáculo e da boemia da época, para assistir a apresentação; e entre estas pessoas estava Maurice Chevalier.

Edith ganha um contrato com a POLYDOR, e assim, começa a escalada ao sucesso e em 1937, consegue um contrato com o Teatro ABC, local que era um verdadeiro pré-requisito para o sucesso e popularidade.

Esta Edith Piaf, que perto do fim não tinha medo da morte, mas sim um verdadeiro pavor da solidão, é a mesma que durante a segunda guerra era uma ferrenha lutadora contra a invasão alemã, e cantava nas bases militares e campos de concentração para prisioneiros.

Neste período de guerra, conhece e se apaixona pelo jovem cantor Yves Montand, e canta com ele no Moulin Rouge; mas tão logo o “chansonnier” se torna famoso, os dois se separam.

Em 1946 Edith escreve os versos daquela que talvez tenha sido sua canção mais popular e mais famosa: “LA VIE EN ROSE.
Neste mesmo ano faz uma turnê pelos Estados Unidos, volta no ano seguinte a Nova York e estão lá para aplaudi-la Marlene Dietrich, Charles Boyer e Orson Welles.

Em 1951 sofre um acidente de carro, e começa a usar morfina, que acabou virando um vício até sua morte. A morfina e o álcool, contribuíram em muito para debilita-la ao extremo e deixar com que ela parecesse sempre 20 anos mais velha.

Nesta época conhece o grande amor de sua vida. Um pugilista casado, Marcel Cerdan, e também o primeiro homem fora do meio artístico por quem ela se apaixona perdidamente.

Mas um desastre aéreo põe um ponto final nesta história de amor e deixa Edith completamente destruída, e sem vontade de viver. Período negro para ela, que se atira de cabeça em todas as bebidas e em todas as drogas disponíveis. Conhecidas ou não.

Mas, no meio desta imensa dor e depressão, ela tem a inspiração de compor juntamente com sua amiga e pianista Marguerite Monnot o clássico HYMNE A L’AMOUR, homenagem explícita a seu amor que acabara de morrer e que torna Edith Piaf conhecida mundialmente.

Ninguém sabe com certeza o quanto de dinheiro ela ganhou com sua voz e sua arte, mas nunca foi vista esbanjando riqueza ou ostentando bens materiais.

Continuava sempre uma mulher simples, pequena, frágil, sempre vestida de negro, sem jóias, a não ser sua medalha de estimação de Santa Teresa do Menino Jesus.

Era a Edith diminuta, que cantava o amor, e que tinha necessidade deste amor, assim como do ar que se respira...

Era a Edith que no palco ficava enorme, dramática, expressiva e trágica, com seu olhar suplicante, sua boca crispada e vez ou outra um lampejo de auto-piedade.

Sua casa e sua intimidade foram freqüentadas por homens a quem ela ajudou a lançar e/ou impulsionar suas carreiras, como Gilbert Bécaud, Charles Aznavour, Leo Ferré e Eddie Constantine.

Na época, todos eles jovens, bonitões e sedutores. Na maioria das vezes eram relações produtivas, pois seus amores e amigos sempre escreveram canções para ela, que na sua voz viravam sucesso garantido.

Em 1956 e 1957 volta aos Estados Unidos, para se apresentar no CARNEGIE HALL, onde o público lhe agradece, encantado com sua performance, com um aplauso de 7 minutos de “standing ovation.

De volta a Paris, faz uma temporada de 4 meses no OLYMPIA, superlotado, com público e crítica delirando com o fenômeno Piaf.

Após uma broncopneumonia, Edith foi com seu marido da época, Theo Sarapo, seu cabeleireiro, que ela estava transformando em cantor, para o sul da França, para convalescer; mas lá teve uma recaída e volta a Paris quase um fiapo, numa cadeira de rodas.

Era 1963, e ela aparentava muitíssimos anos mais que seus 48 anos, corpo menor ainda, curvado pela idade e pelos maus tratos físicos e emocionais, mãos crispadas e já com algumas deformações devido a artrite.

Assim morreu Edit Piaf. Era outubro de 1963.

As despedidas fúnebres foram escritas por seu amigo de quase toda a vida, o poeta, escritor, e dramaturgo Jean Cocteau, que morreu de infarto poucas horas após saber da morte dela e de escrever a homenagem...

Em 2007 chegou até nossos cinemas EDITH PIAF – UM HINO AO AMOR, belo e emocionante filme que deu o OSCAR, na minha modesta opinião, merecido, a MARION COTILLARD, que nos presenteia com uma Piaf estupendamente patética. Se você ainda não assistiu, assista. Já está disponível em dvd.

Em Paris já existia uma praça com seu nome e agora, mais recentemente uma estátua de Edith Piaf foi colocada no “20’ arrondissement”, distrito onde nesceu. Foi sepultada no " Père-Lachaise", cemitério célebre de Paris, no mesmo "arrondissement" e onde estão enterrados Oscar Wilde, Marcel Proust, Amedeo Modigliani, Gilbert Bécaud, Maria Callas e Fréderic Chopin...

Edith Giovanna Gassion, Edith Piaf.

A que viveu, cantou e morreu por amor.

[@] “LA VIE EN ROSE”, clique aqui [] !!

[@] “NON, JE NE REGRETTE RIEN”, clique aqui [] !!


[] Quem foi "Sylvia" ?

Respondendo à pergunta que me foi feita por "Belezinha":

A música “Sylvia” foi composta por G.Stephens e L.Reed e gravada por Elvis Presley no disco “Elvis Now”, lançado em 1971. Agora, quem é ou quem foi Sylvia, infelizmente não sei responder. Pode até nem ser real, e sim uma personagem imaginada pelos compositores...
Obrigado pela visita ao blog.


quarta-feira, 26 de março de 2008

[] Salena Jones [1944]

Joan Elizabeth Shaw, nasceu em Newport, na Virginia, mesma cidade de outra ilustre figura da música americana e mundial, Ella Fitzgerald.

Admiradora incondicional de Sarah Vaughan e fascinada pela elegância de Lena Horne. Daí, o “SA” de Sarah e “LENA” de Lena Horne, o que resultou em SALENA...

Nos anos 60 já rodava o mundo cantado pela Europa, América do Sul, África e Ásia.

Em 1964 o respeitado e temido Leonard Feather, crítico musical da revista DOWN BEAT elegeu Salena Jones como uma das cantoras do ano, ao lado de Peggy Lee, Ella Fitzgerald e Nancy Wilson.

O circuito de Salena pela Europa abrange países como Inglaterra, França, Alemanha, Suíça, Bélgica, Turquia, Áustria, Itália, Suécia, Espanha e Holanda.

Com vários shows também na TV e emissoras de rádio, quando ela está na Europa, é geralmente acompanhada pelo seu Trio e pela Big Band da BBC de Londres.

Salena já fez diversas apresentações pela Austrália, África, América do Sul, China, Canadá e Hong Kong. Sem falar na Indonésia, Tailândia e Japão, lugar onde desde que foi a primeira vez em 1978, volta todos os anos para uma série de apresentações em teatros, emissoras de rádio, TV e no BLUE NOTE JAZZ CLUB de Tóquio, Osaka, e Fukuoka.

Com mais de 40 discos gravados, aproximadamente 500 músicas e uma vendagem superior a 500 mil discos.

O cd “MY LOVE”, gravado em Tóquio lhe deu um prêmio no Japão por ter sido o campeão de vendas na categoria.

A biografia musical de Salena, inclui os maiores músicos, maestros e cantores com quem ela já gravou e/ou se apresentou em shows pelo mundo, como a Orquestra de Count Basie, Art Farmer, Barney Kessel, a grande Sarah Vaughan, o pianista Hank Jones, e muitos outros.


Em 1994 Salena gravou no Rio de Janeiro “SALENA SINGS JOBIM with THE JOBIM'S”.

As músicas de Tom, cantadas por ela em inglês, com o filho Paulo Jobim ao violão, na flauta e participação em alguns vocais.

Daniel Jobim, filho de Paulo, ao piano, e o próprio Tom, ao piano e cantando com Salena em duas faixas. O disco tem ainda como convidado o músico Danilo Caymmi.

É um disco excelente, sem aquele “ranço” de homenagem póstuma, que – com raras exceções – sempre tem um ar de oportunismo comercial... Até porque, Tom estava vivíssimo, alegre, feliz e participante.

Os arranjos e a atmosfera têm a cara de Tom, o que já virou uma marca registrada; e tudo isto na belíssima voz grave de Salena.

Um encontro memorável, que felizmente ficou registrado, com enorme qualidade artística e técnica de gravação impecável.

SALENA SINGS JOBIM with THE JOBIM'S:

@ I was just one more for you
@ Água de beber
@ Useless landscape
@ Quiet nights of quiet stars
@ Somewhere in the hills
@ Dindi
@ Off key
@ How insensitive
@ Girl from Ipanema
@ Once I loved
@ Meditation
@ One note samba
@ Bonita
@ Samba of the jet


[@] Ver e ouvir Salena ? Clique aqui [] !!


domingo, 23 de março de 2008

[] Elizeth Cardoso [1920=1990]

Balconista, funcionária de uma fábrica de saponáceo e cabeleireira.

Estas foram algumas das atividades exercidas por Elizeth Maria Moreira Cardoso antes mesmo de completar 16 anos e descoberta pelo músico Jacob do Bandolim, que a convida para um teste na Rádio Guanabara.

E assim, em 1936, Elizeth está cantando no programa “Suburbano”, ao lado de Vicente Celestino, Noel Rosa, Marília Batista e Araci de Almeida.

Filha de um seresteiro, que no início foi contra a “opção” artística da filha, Elizeth foi criada numa família bastante boêmia e musical, cheia de tias e tios que cantavam e tocavam algum instrumento.

Nasceu na Rua Ceará, número 5, no subúrbio de São Francisco Xavier, no estado do Rio de Janeiro, bem pertinho do Morro da Mangueira, em 1920.

Já desde pequena, fazia pequenos shows para a garotada da vizinhança ao preço de 10 tostões, e cantava os sucessos de Vicente Celestino, e agora na Rádio Guanabara, apresentava-se ao lado de seu ídolo...

Casou-se muito cedo, aos 19 anos com Ari Valdez, mas o casamento durou muito pouco e ela se separa grávida ainda do seu único filho, Paulo César Valdez, hoje exímio violonista.

Com a separação, Elizeth fica com o orçamento doméstico apertado, pois naquela época os salários das emissoras de rádio ainda não eram lá essas coisas, e por conta disto, ela trabalhou com Grande Otelo em circos e cinemas, apresentando por mais de 10 anos um número que ficou famoso, “Boneca de Piche”.

Trabalhou também como “táxi-girl”, que são parceiras de dança, que cobram por música dançada. Foi “crooner” de orquestra e chegou a ser grande atração do “Dancing Avenida”, um dos mais famosos da época, no Rio de Janeiro, de 1941 até 1945, quando se muda para São Paulo, onde passa uma boa temporada.

Elizeth foi uma consagrada intérprete do samba-canção, gênero musical que surgiu ainda nos anos 30, que teve em Nora Ney e Dolores Duran suas intérpretes mais representativas.

Inevitavelmente, o samba-canção é sempre comparado ao bolero, pois também exalta o amor romântico, e chora as dores e o sofrimento das paixões acontecidas e não realizadas. Este movimento antecede imediatamente a Bossa Nova, surgida no final dos anos 50.

Em 1958, Elizeth grava um disco que entraria para a
história da nossa MPB, “Canção do Amor Demais”, considerado por muitos críticos musicais como o marco inicial da Bossa Nova, pois além de ser um disco com composições de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, traz um músico que toca um violão com “uma batida diferente” e original: João Gilberto.

No ano seguinte, 1959, Elizeth grava especialmente para o filme [Orfeu do Carnaval] o “Samba de Orfeu” e a mundialmente conhecida e gravada até hoje “Manhã de Carnaval”.

Nos anos 60, comanda alguns programas na televisão, como o famoso “Bossaudade”, que era apresentado em São Paulo pela TV Record.

Em 1965 é a segunda classificada no “I Festival da Música Popular Brasileira”, da TV Record ficando atrás de uma novata Elis Regina, vencedora com “Arrastão”.

Recebe de amigos jornalistas e críticos
musicais, vários apelidos como “A Magnífica”, “A Enluarada” e “Mulata Maior”, mas o que mais ficou associado à sua figura e sua voz, foi “A Divina”, que acompanhou Elizeth por toda a vida.

Somente no Brasil, gravou mais de 40 LP’s e muitos outros mais na Argentina, México, Venezuela, Uruguai e Portugal.

Entre seus grandes amores estão o maestro Dedé, Paulo Rosa e o compositor Evaldo Rui, que em 1954 suicidou-se inexplicavelmente.

A família dele sempre afirmou e insistiu que o romance de Elizeth com ele em nada tinha a ver com o gesto deseperado do compositor.

Quando estava fazendo uma turnê pelo Japão em 1987, os médicos japoneses diagnosticaram um câncer de estômago.
Faz uma cirurgia, mas a doença progrediu e acabou por levar Elizeth três anos depois, em 1990, na clínica “Bambina” no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro.

Milhares de fãs
compareceram ao seu velório, no Teatro João Caetano. Foi sepultada ao som de um surdo de sua Escola de Samba do coração, a Portela, no Cemitério da Ordem do Carmo, no bairro carioca do Caju.

Foi para Elizeth Cardoso que Ari Barroso compôs especialmente “É Luxo Só”:

“Olha, esta mulata quando dança,
É luxo só...
Quando todo seu corpo se balança,
É luxo só...”


[@] Veja Elizeth cantando “Ingratidão” , em 1952.

[no filme "É Fogo na Roupa" de Watson Macedo = 1952]

quarta-feira, 19 de março de 2008

[] Nana Caymmi [1941]

A não ser pelo sobrenome famoso, ninguém desconfiaria que Dinair Tostes Caymmi é o verdadeiro nome de Nana Caymmi, nascida no Rio de Janeiro em 29 de abril de 1941, e que viria a ser conhecida como uma das maiores cantoras e intérpretes deste país, não só pela voz única e privilegiada, mas pelo bom gosto na escolha das músicas de cada disco que grava.

Nunca abriu mão de seus princípios musicais e artísticos e nunca caiu na tentação de modismos meramente comerciais. Sempre gravou o que quis, o que acreditava, Imaginem Nana cantando Dolores Duran, ou cantando boleros, ou um samba-canção clássico...

Seu primeiro disco, um 78 rpm, ela gravou antes dos 20 anos, em 1960, mas no ano seguinte ela casa-se com um médico, José Gilberto Aponte Paoli e vai morar na Venezuela, lugar onde nasceram suas duas filhas Stella Teresa, em 1962 e Denise Maria, em 1963.

Neste ano, grava seu primeiro LP, “Nana”, com arranjos musicais de Oscar Castro Neves, mas em 1965 o casamento acaba e Nana volta para o Brasil com suas filhas pequenas, e grávida. Aqui nasce seu filho João Gilberto, em 1966, ano em que vence o “I Festival Internacional da Canção”, cantando “Saveiros”, música composta por seu irmão Dori, e por Nelson Motta.

Apresenta-se no programa “Ensaio Geral”, na TV Excelsior, ao lado de artistas como Caetano Veloso, Maria Bethânia, Toquinho e Gilberto Gil, com quem se casa neste mesmo ano e junto com ele compõe a música “Bom Dia”, que ambos defendem no “III Festival da Música Brasileira” da TV Record, em 1967; mas no ano seguinte, separa-se de Gilberto Gil.

Em 1970 tem início sua carreira internacional, apresentando-se com seu irmão Dori em Punta Del Este, no Uruguai, E nos próximos dois anos, volta para nova temporada, sempre com belas críticas e divulgando o melhor da nossa música.

Três anos depois, faz uma série de apresentações em Buenos Aires, e a aceitação é tanta, que uma gravadora local, resolve gravar e lançar no mercado de lá um disco chamado “Nana Caymmi”, disco que foi divulgado por aqui através da Rádio Jornal do Brasil, o que fez com que os executivos das gravadoras brasileiras prestassem mais atenção em Nana...

Volta a Argentina para sua temporada anual e é recebida pelo público portenho e pela crítica de lá com grande carinho e grande entusiasmo. Aqui no Brasil fica um tempão sem gravar, mas em 1975, lança um disco muito elogiado, e é chamada por Tárik de Souza, do “Jornal do Brasil”, de “A Nina Simone Brasileira”.

Recebe o Troféu Villa-Lobos como a “melhor cantora do ano”, prêmio conferido pela Associação Brasileira de Produtores de Discos.

Nana Caymmi e Ivan Lins, em 1977 inauguram o famoso “Projeto Pixinguinha”, por iniciativa da Funarte e em 1979 faz uma série longa de apresentações no Teatro do Hotel Nacional e no Canecão do Rio de Janeiro; ano também de seu casamento com o cantor e compositor Cláudio Nucci.

Continuando com sua carreira internacional, vai para o Algarve, em Portugal em 1982, fazendo uma muitíssimo bem sucedida temporada.

Depois, na França, participa do Festival de Nice, ao lado de Dorival Caymmi e de Gilberto Gil. Em 1987 é a vez de Madri, na Espanha. Neste ano nasce sua primeira neta, Marina, filha de Denise.

No dia 16 de dezembro de 1989, seu filho João Gilberto sofre um gravíssimo acidente de motocicleta, no Rio de Janeiro, que teve como conseqüência graves seqüelas no cérebro até hoje...

Mas em 1991, Nana se enche de forças e vai para a Suíça com seu pai e seu irmão Danilo participar do “XXV Festival de Jazz” na cidade de Montreux. Ano seguinte, viaja para Portugal para uma temporada de shows em Lisboa e na cidade do Porto.

Depois vai para Nova York
e canta no respeitado e endeusado “Blue Note”. Ano seguinte volta aos Estados Unidos para se apresentar em Los Angeles e Nova York.

Ganha o Disco de Ouro em 1999 e em 2000, para comemorar 40 anos de vida artística, lança o cd “Sangre de Mi Alma”, cantando boleros eternos. Nana é realmente uma grande cantora de boleros...

Seu mais recente trabalho, de 2007, é “Quem Inventou o Amor”, onde ela regravou músicas de seu pai, com uma excelente produção de José Milton, e direção artística de André Werneck.

Este disco nos mostra uma Nana cantando como nunca, 14 clássicos do “velho Dorival”:

# Nem eu # Nesta rua tão deserta # Sábado em Copacabana # Você não sabe amar # Nunca Mais # Só Louco # Não tem solução # Horas # Tão Só # Desde ontem # Valerá a pena # Adeus # Saudade # Eu sem Maria. [Som Livre=2007].

[@] Veja Nana cantando com Erasmo Carlos músicas
de Tom Jobim, no programa “Casa da Bossa”.
Basta clicar aqui [] !